
“O presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou ao Ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, que encontrasse curr�culos t�cnicos de pessoas que entregassem o que seria necess�rio a cada fun��o. E isso veio a coroar um trabalho de 15 anos na �rea da Defesa Civil, atuando nas melhores estruturas de gest�o de crises do Brasil e enfrentando situa��es extremamente delicadas”, disse Lucas, que coordenou por 7 anos a Defesa Civil de Minas Gerais, e por 8 anos a da capital mineira.
Antes, a Secretaria Nacional de Prote��o e Defesa Civil funcionava na estrutura do Minist�rio da Integra��o Nacional, mas com a fus�o dessa pasta com a do Minist�rio das Cidades, passou a integrar o novo Minist�rio do Desenvolvimento Regional. Apesar dessa uni�o trazer mais atribui��es para uma pasta mais enxuta, o futuro secret�rio afirma que isso vai permitir um trabalho mais integrado.

Desafios - Um dos maiores desafios pela frente j� � bem conhecido do coronel: a falta ou despreparo das defesas civis municipais. “Como a elei��o � a cada 4 anos, os governos que saem apagam todos os processos e todo o passado da gest�o anterior. Quem chega, fica sem saber nada da realidade que vai enfrentar. Nem adianta ter recursos humanos e equipamentos sem esse conhecimento. Por isso, queremos armazenar esses processos nas prefeituras para que registrem e institucionalizem. Quem assumir n�o precisar� mais come�ar do zero, mas poder� avan�ar”, espera.
A realidade mineira, para o coronel Alexandre Lucas, certamente foi um laborat�rio important�ssimo para assumir o Brasil. “Minas Gerais � uma s�ntese do Brasil. No Sul, a riqueza de S�o Paulo e do sudeste, mas a necessidade de �gua seca e pobreza do sert�o. A disponibilidade de �gua muito grande, mas problemas tecnol�gicos. Temos empreendimentos que necessitam de aten��o, como as barragens que temos no estado e que j� geraram desastres, como o de Mariana.
Certamente aprendizados que nos credenciaram para a realidade brasileira”, considera. Na quest�o dos desafios mais urgentes, Minas Gerais tamb�m se assemelha ao Brasil na avalia��o de Alexandre Lucas. “Temos muitos assentamentos em �reas de risco, sem urbaniza��o. Comunidades em �reas improprias, mesmo nas zonas urbanas. S�o locais com alta propens�o a desastres e que precisam de uma aten��o maior”.
Terremoto - O Brasil tem uma grande voca��o para ajudar vizinhos e pa�ses em necessidade. Quando o Haiti foi varrido por um terremoto, em 2010, o coronel Alexandre Lucas foi enviado para Porto Pr�ncipe e esse tipo de experi�ncia � considerado por ele como fundamental para contribuir com as a��es humanit�rias nacionais. “Foi uma experi�ncia que vou levar, o Brasil tem uma responsabilidade muito grande de apoiar o continente junto ao minist�rio rela��es exteriores. No Haiti tivemos um desastre de grandes propor��es”, disse.
Mesmo com o mundo inteiro ingressando num esfor�o humanit�rio, Lucas pode sentir as dificuldades inerentes �s cat�strofes em �reas t�o remotas e miser�veis. “Tivemos muita dificuldade de log�stica, organiza��o, barreiras de l�ngua, barreiras culturais do povo. N�o adiantava termos fartura de recursos humanos e log�sticos. Lembro de uma reuni�o com o embaixador e que o Brasil se comprometeu a fornecer um milh�o de fogareiros para os afetados. Mas era preciso de etanol. O Brasil, ent�o, decidiu enviar um navio com etanol. Mas como esse l�quido seria distribu�do para os necessitados? Em que tipo de vasilhame? Qual o crit�rio? Como seria retirado do navio? A teoria, nessas horas, n�o rompe todos os desafios”, considera.
Al�m do terremoto, o coronel enfrentou diversos momentos cr�ticos, como o rompimento da Barragem de Mira�, em 2008, os deslizamentos e enchentes em Itaja� (Santa Catarina), em 2009, o rompimento da barragem de Cocal, no Piau�, a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, em BH, em plena Copa de 2014, e o rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, no ano de 2015. Dessas trag�dias, Lucas se lembra de tratar com o sofrimento dos atingidos, da necessidade de encontrar solu��es r�pidas, imediatas. Das articula��es com pessoas e institui��es. “Minha fun��o muda um pouco agora. Terei de apoiar aos estados e munic�pios, tratar de pol�ticas nacionais, pensar macro. N�o estarei mais t�o pr�ximo das v�timas”, afirma.
Or�amento - Em meio � crise financeira, h� tamb�m desafios or�ament�rios a se enfrentar. “A quest�o or�ament�ria � sempre menor que a necessidade se conseguir o que as pessoas precisam em cada situa��o. O que podemos fazer � conseguir que cada minist�rio, cada governo e �rg�o entenda sua participa��o no Sistema Nacional de Defesa Civil, para que possamos usar o or�amento de cada um e essa soma vai resultar em avan�os, com cada um fazendo a sua parte. Cada um com a sua capilaridade ajuda muito se entregar um pouco de recursos”, considera.