
OURO PRETO – O Centro Hist�rico de Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas Gerais vai abrigar no ano que vem o Museu Boulieu – Caminhos da F�, e muito antes da inaugura��o j� tem gente visitando a constru��o. Interessados em conhecer o andamento do projeto e o interior do im�vel da d�cada de 1930, estudantes de arquitetura e urbanismo e equipes capacitadas em patrim�nio cultural prestam aten��o em todos os detalhes, do subsolo ao forro, sempre com capacetes e demais equipamentos de seguran�a. “Estamos acostumados a receber o p�blico quando as portas se abrem oficialmente, mas, no canteiro de obras, � a primeira vez”, afirma o secret�rio municipal de Cultura e Patrim�nio, Zaqueu Astoni Moreira, ressaltando o car�ter educativo da iniciativa.
Na quinta-feira, o pr�dio distante 100 metros da Pra�a Tiradentes recebeu pela primeira vez o casal franco-brasileiro Maria Helena e Jacques Boulieu, acompanhados do arcebispo de Mariana, dom A�rton Jos� dos Santos, e do bispo em�rito de Oliveira e residente em Ouro Preto. Maria Helena e Jacques t�m uma participa��o muito especial nessa hist�ria, j� que doaram para exposi��o permanente no museu a cole��o de 1,2 mil pe�as brasileiras e de outros pa�ses, resultado de muitas viagens. O programa de visita��o tem � frente o Instituto Pedra, proponente do projeto de restauro da constru��o, com apoio da prefeitura, via Secretaria de Cultura e Patrim�nio. A interven��o tem patroc�nio da empresa Vale, via Lei Rouanet e acompanhamento do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan).
Satisfeito com a empreitada iniciada em julho, Zaqueu cita dois grupos que estiveram no canteiro de obras da Rua Padre Rolim a partir de outubro, quando come�ou o programa de visita��o: a turma de 50 alunos do curso de arquitetura e urbanismo da Faculdade Serra da Mesa, em Goi�s, e do curso oficiais de restauro, patrocinado pela AngloGold Ashanti, via programa Parcerias Sustent�veis e parte do N�cleo de Artes e Of�cios para �reas de Minera��o da Associa��o Milan Galo Social de Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Para o m�s de f�rias, trata-se de uma boa pedida para quem gosta de hist�ria e patrim�nio, e a arquiteta respons�vel, Priscilla Fernantes, do Instituto Pedra, explica que os grupos interessados em agendamento, com no m�ximo 20 pessoas, devem mandar e-mail para [email protected].

ANTIGO ASILO A obra no Museu Boulieu – Caminhos da F�, que funcionar� no antigo Asilo S�o Vicente de Paulo componente do Pa�o da Miseric�rdia, espa�o j� restaurado e que abrigar� o Centro de Artes e Fazeres, vai requerer investimentos da ordem de R$ 6,5 milh�es. O munic�pio bancou os projetos de engenharia, arquitetura e museografia, no valor de R$ 220 mil, para possibilitar a aprova��o na Lei Rouanet. Na visita, as pessoas podem conhecer o subsolo, espa�o tamb�m apto a receber as pe�as, o p�tio interno e outros e outros. O pr�dio tem oito ambientes para mostras, incluindo o por�o. As pe�as foram doadas em 2004 � Arquidiocese de Mariana, � qual Ouro Preto est� vinculada, e ainda est�o no Rio de Janeiro (RJ), onde reside o casal. Segundo Zaqueu, todo o acervo ser� higienizado e restaurado, dependendo da necessidade, na sede da Funda��o de Arte de Ouro Preto (Faop), ligada ao Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG).
As pe�as doadas s�o fruto de 50 anos das viagens do casal Boulieu pelo mundo. Em 18 de dezembro de 2004, houve uma cerim�nia na Bas�lica de Nossa Senhora do Pilar, no Centro de Ouro Preto, para assinar protocolo de doa��o da cole��o � Arquidiocese de Mariana. Na �poca, Maria Helena de Toledo, paulista criada em Belo Horizonte, contou um pouco da hist�ria: “Somos casados h� 55 anos e, desde nossa lua de mel, em Salvador (BA), come�amos a reunir esse conjunto, que resulta das aventuras extraordin�rias que usufru�mos juntos”, revelou.
Com emo��o, Maria Helena explicou que a doa��o � arquidiocese representava uma “a��o de gra�as a Deus por uma vida plena e que deve ser compartilhada com a comunidade”. O acervo inclui imagens barrocas, pinturas e prataria do Brasil e de outras terras colonizadas pelos ib�ricos: Am�rica Central, pa�ses andinos (Peru e Bol�via) e �sia, incluindo Filipinas, �ndia e China. “Sempre gostamos da arte barroca e, assim, fomos adquirindo as pe�as que ach�vamos interessantes. Como n�o temos filhos, embora muitos sobrinhos, vimos que o melhor seria doar a cole��o para que os objetos n�o se dispersassem”, disse Maria Helena, esperan�osa de que outras pessoas sigam esse exemplo.
Em nota, o presidente do Instituto Pedra, Luiz Fernando de Almeida, afirma que a obra de restauro � um processo de recupera��o material e simb�lica do patrim�nio. “Se � viabilizada por recursos p�blicos, a gera��o de conhecimento durante o processo deve ser socialmente compartilhada. Isso s� refor�a o sentido p�blico do que � o patrim�nio.”