
Alerta em Minas. Emerg�ncia em munic�pios. O hist�rico da dengue em Minas Gerais, com epidemias a cada tr�s anos, j� d� sinais de que vai se confirmar em 2019 e exige aten��o redobrada com o mosquito Aedes aegypti. Em 14 dias, milhares de casos prov�veis e tr�s mortes suspeitas em decorr�ncia da doen�a foram registrados. E os n�meros continuam a subir. Em Arcos, no Centro-Oeste, a prefeitura decretou situa��o de emerg�ncia depois de contabilizar mais de mil casos suspeitos. O fumac� est� sendo usado, na tentativa de eliminar o inseto causador, e mutir�es de combate foram intensificados. Em Una�, no Noroeste do estado, a situa��o � parecida. Um posto de hidrata��o foi montado para receber os pacientes com sintomas da dengue e est�o sendo contratados servidores para fazer vistorias em casas e lotes vagos atr�s de criadouros do mosquito.
O �ltimo Levantamento de �ndice R�pido para Aedes aegypti (Liraa), feito em outubro de 2018, j� dava ind�cios de que Minas, mais uma vez, sofreria com a dengue. Ao menos 40,7% dos munic�pios que informaram ao estado o resultado do Liraa est�o em situa��o de risco ou em alerta para a possibilidade de surto da doen�a. O primeiro boletim epidemiol�gico, divulgado em 14 de janeiro, mostrou que j� h� alta incid�ncia da doen�a em algumas cidades mineiras. Cinco munic�pios apresentaram �ndices preocupantes de contamina��o.

Desde 31 de dezembro, est� sendo feita a aplica��o de Ultra Baixo Volume (UBV) nas resid�ncias. A equipe m�dica na cidade foi refor�ada para atender � demanda. “Estamos com uma epidemia de dengue muito forte. At� mesmo n�s, servidores, estamos indo para as ruas ajudar”, afirmou Jo�o J�lio Cardoso, secret�rio de Sa�de do munic�pio.
Moradores de Una� vivem situa��o semelhante. As notifica��es da doen�a est�o maiores em janeiro com rela��o ao mesmo per�odo de 2018. Por isso, algumas medidas emergenciais est�o sendo tomadas pela prefeitura. “Estamos com bastantes casos notificados. S� neste janeiro j� s�o aproximadamente mil notifica��es (at� o dia 14, a SES registrava 594). A prefeitura aumentou o quadro de agente comunit�rio e de controle de endemia, o fumac� j� est� no segundo ciclo e aumentamos os mutir�es”, comentou Adriane de Souza Ara�jo e Silva, coordenadora de epidemiologia do munic�pio. Devido ao aumento de pessoas doentes, foi necess�rio criar um centro de hidrata��o. “Colocamos a unidade s� para atender a popula��o no caso de dengue”, disse. A coordenadora alerta que o ciclo de epidemia est� mais curto. “Trabalho h� 22 anos na �rea da dengue. Antigamente, as epidemias eram de quatro em quatro anos. Agora, j� s�o de tr�s em tr�s. Al�m disso, h� pesquisas que mostram que o Aedes vem sofrendo muta��o e at� criando resist�ncia a inseticidas”, alertou.
'Velho' v�rus toma f�lego
Minas Gerais vem passando por epidemias de dengue a cada tr�s anos. A �ltima delas foi em 2016, a pior j� registrada no estado, com mais de 515 mil casos prov�veis. Se o hist�rico da doen�a se mantiver (veja quadro) – e os primeiros n�meros indicam que sim –, 2019 ser� ano de alta incid�ncia da doen�a. E o risco est� por todos os lados. Como as Condi��es sanit�rias ruins e criadouros do mosquito nas resid�ncias contribuem para a prolifera��o do Aedes aegypti, num cen�rio comum em cidades mineiras, apontam especialistas.
O diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, lembra que os cuidados para evitar a doen�a devem ser constantes. “A dengue sempre vai ser uma preocupa��o para n�s. O passado recente mostra que as condi��es para desenvolvimento e ocorr�ncias de novas epidemias est�o presentes na maior parte dos munic�pios. Temos condi��es sanit�rias ruins e criadouros de mosquito ainda presentes dentro das casas da maioria da popula��o. Ent�o, temos uma endemicidade muito grande do mosquito transmissor, e isso s�o condi��es estruturais para que os quatro sorotipos (da dengue) circulem”, comentou.
Desde o ano passado, o sorotipo Denv 2 vem circulando no estado, o que n�o ocorria havia oito anos. Como muitas pessoas n�o tiveram contato com o v�rus, h� chance de ele se espalhar mais rapidamente. “Ele � mais virulento e agressivo”, alertou Starling. Segundo a Secretaria de Estado de Sa�de (SES/MG), em 2019 o sorotipo vem predominando nos casos notificados. “O estado est� em situa��o de alerta para um poss�vel aumento no n�mero de casos das doen�as transmitidas pelo Aedes (dengue, chikungunya e zika). Um registro maior de casos � esperado para este per�odo (meses quentes e chuvosos) devido � sazonalidade da doen�a”, informa a SES.

Para evitar a prolifera��o do mosquito � preciso ter uma mobiliza��o tanto da popula��o, quanto do poder p�blico. “A principal medida � eliminar os focos presentes nas casas das pessoas, com aten��o especial aos vasos de plantas. Pneus e controle do lixo urbano tamb�m s�o alvos priorit�rios. O Estado tem que fazer a coleta adequada do lixo e as campanhas educativas. Al�m de fazer com que as pessoas se sintam motivadas a combater o mosquito. O incentivo fiscal � uma possibilidade. Vem sendo estudado e discutido h� muito tempo e nunca foi implementado”, sugeriu Starling. Para o especialista, tamb�m deve haver incentivo a novas pesquisas sobre a doen�a.
A SES informou que vem realizando a��es para o combate a dengue desde o fim de 2018. Entre elas est�o reuni�o com cada regional de sa�de, monitoramento dos indicadores do Programa de Monitoramento das A��es de Vigil�ncia em Sa�de do Estado de Minas Gerais, e elabora��o de planos de conting�ncia para preven��o e controle das doen�as transmitidas pelo Aedes.
BELO HORIZONTE Na capital mineira, os cuidados com a dengue foram intensificados depois do resultado do Levantamento de �ndice R�pido para Aedes aegypti (Liraa) em outubro. Os dados apontaram que a cada mil im�veis pesquisados, em 11 foram encontradas larvas do mosquito (1,1%), acima, portanto, do �ndice de 1%, considerado aceit�vel. Desde o in�cio deste ano, a cidade registrou um caso da doen�a e outras 44 notifica��es ainda est�o sendo investigadas. No ano passado, foram 453 casos confirmados.
Ontem, agentes de sa�de percorreram o Bairro Fern�o Dias, na Regi�o Nordeste de Belo Horizonte. Uma das casas visitadas foi a de Ormezinda Corlaite, de 71 anos. O agente de combate a endemias Edmar Ara�jo n�o encontrou focos do mosquito. Conhecedora das medidas contra o mosquito Aedes aegypti, ela n�o deixa de tomar os cuidados necess�rios para n�o ter que enfrentar novamente a doen�a. “Sempre mantenho o quintal limpo e n�o deixo acumular �gua nos vasos de planta”, disse. “J� peguei dengue e quase morri. E minha filha ca�ula tamb�m. � uma doen�a terr�vel. Depois que a pessoa tem dengue, n�o descuida mais”, completou. Para evitar a entrada de mosquito dentro da casa, o filho dela providenciou a coloca��o de telas nas janelas.
