
O delegado Vin�cius Dias, do Departamento Estadual de Fraudes e Crimes contra a Administra��o P�blica, deu mais detalhes das investiga��es em uma entrevista coletiva na manh� desta sexta-feira. Segundo ele, Andr�ia trabalhava como gestora financeira de uma empresa de administra��o de condom�nios. Em meados de 2018, dois s�cios da companhia desconfiaram do desconto no fluxo de caixa e de um volume exagerado de cheques e, a partir da�, as apura��es da pol�cia tiveram in�cio.
Os desvios come�aram em 2014 ou 2015. “Ela iniciou a atividade criminosa uma vez que tinha os cheques dos condom�nios, que repassavam � administradora para pagamento dos contratos. Esses cheques precisavam ser assinados pelos dois s�cios da administradora, e era ela que repassava aos s�cios. Ela passou a n�o repassar e ela mesma assinava esses cheques”, explicou o delegado Vin�cius Dias. “Ato cont�nuo, ela ia � casa lot�rica e descontava esses cheques. Um dos s�cios do estabelecimento � amigo pessoal dela h� mais de 20 anos, ent�o, tinha uma credibilidade, j� tinha uma confian�a nela de que esses cheques n�o voltariam. E ela retirava esse montante da casa lot�rica, justamente gerando a lavagem de dinheiro e distribuindo de maneira particular com ela, para alguns familiares, compras de objetos pessoais”, disse o policial. Segundo ele, a pol�cia vai verificar se o carro de Andr�ia, que foi apreendido, � oriundo das fraudes. Joias e semijoias tamb�m foram localizadas durante a a��o de busca e apreens�o contra a suspeita.
Houve ocasi�es em que funcion�rios de condom�nios ficaram sem receber o pagamento, mas a mulher contornava a situa��o. “Quando ela utilizava a casa lot�rica para descontar os cheques, o volume de dinheiro dela em m�os era muito grande, ent�o poderia compensar um condom�nio com o outro no pagamento desses prestadores de servi�o. Quando o condom�nio ia detectar a fraude, ela recompensava esses valores na conta banc�ria do condom�nio. Ela tinha uma log�stica financeira que j� determinava esse crit�rio”, informou o delegado.
Vin�cius Dias informou que a casa lot�rica tamb�m ser� investigada para saber se houve um papel efetivo nesses desvios ou se foi uma participa��o de boa-f�. “Pelo que n�s percebemos, ela n�o tinha uma vida de ostenta��o, mas sempre ajudava muito os familiares. Tanto que quando ela foi presa v�rios deles ficaram surpresos, uma vez que achavam que ela era uma pessoa muito bondosa, que fazia caridade, que tinha interesse em ajudar o pr�ximo. V�rios se assustaram com o volume de dinheiro que ela transacionou e a forma como ajudou essas pessoas. Possivelmente, v�rios parentes podem ter sido ajudados com esse dinheiro que foi subtra�do da empresa”, completou o policial.
FALSA CARIDADE O respons�vel pelas investiga��es disse que tamb�m surpreenderam as postagens nas redes sociais de Andr�ia sobre doa��es para eventos de caridade, compra de cadeiras de rodas, cestas b�sicas para creches e asilos e sop�es para os moradores de rua. “Quando verificamos aquelas notas fiscais em que eram comprovadas as compras desses produtos, n�s percebemos que tinham sido desviadas de dentro da empresa e foram fraudadas datas, valores, para justificar a compra desses produtos para as institui��es de caridade”, informou Dias.
“Isso s� mostra o intuito criminoso dela. � um outro crime que era praticado paralelamente ao desvio maior, mas que mostra a continuidade delitiva e os objetivos esp�rios dela”, enfatizou o delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divis�o de Fraudes da Pol�cia Civil, tamb�m presente na coletiva. “As doa��es eram justificadas em redes sociais atrav�s de notas fiscais que ela falsificava. Notas fiscais essas que ela obtinha junto � empresa na qual trabalhava”, pontuou.
Conforme Vin�cius Dias, ao ser ouvida Andr�ia n�o confessou todos os delitos. “Ela fez uma confiss�o espont�nea parcial, porque assume a fraude com rela��o �s empresas de caridade. Isso ela assume veementemente. Com rela��o a esse mecanismo das fraudes vinculado � casa lot�rica, ela ainda n�o assume totalmente o pagamento desses valores e a subtra��o deles do condom�nio”, afirma o delegado.
Segundo ele, durante o per�odo, a equipe estima que 800 cheques podem ter sido desviados. Alguns documentos ainda est�o sendo investigados. “Fluxo de caixa que ela movimentou com pagamentos, receitas e despesas foi mais ou menos R$ 5 milh�es. A comprova��o da subtra��o de valores � de R$ 1,48 milh�o. Estima-se, por ventura, valores superiores a isso”, contabiliza o policial.
Ainda de acordo com o delegado, se comprovado o envolvimento de outros coautores nos delitos, a mulher pode responder pelos crimes de organiza��o criminosa, lavagem de dinheiro (por ter usado a casa lot�rica como mecanismo de lavagem), al�m dos crimes de falsidade ideol�gica e estelionato qualificado.