
Vandalismos e furtos ocorreram com frequ�ncia tamb�m com as bicicletas do Banco Ita�, a Bike BH, que atua na cidade h� quatro anos e meio, e os ve�culos da pr�pria Yellow j� foram alvo tamb�m em S�o Paulo, S�o Jos� dos Campos, Rio de Janeiro e Florian�polis, segundo a empresa. Para cicloativistas, apesar do crescimento da ades�o aos deslocamentos sobre duas rodas, falta conscientiza��o sobre esses novos modelos de transporte. E ainda h� muito a fazer no que se refere aos ve�culos compartilhados. “Infelizmente, o vandalismo � algo comum em v�rias partes do mundo. Se n�o me engano, em algumas cidades, o �ndice de bikes dispon�veis depredadas chega a 30%. J� vi dessas bicicletas vandalizadas em Paris”, comenta o cicloativista Gil Sotero.
Gerente operacional da Serttel, respons�vel pelo sistema Bike BH – as bicicletas do Ita� –, Eduardo Ferraz diz que vandalismos e furtos ocorrem em �ndices “dentro da normalidade” na capital mineira, mas recorda que em outubro houve um movimento at�pico: 50 bicicletas foram vandalizadas em apenas tr�s dias na Regi�o da Pampulha. “Os itens mais vandalizados das bikes s�o espelhos retrovisores e selim”, informou. As bicicletas laranjas j� s�o veteranas nas ruas da capital mineira. O servi�o foi inaugurado em 2014 e tem 40 esta��es e 400 bicicletas dispon�veis. Segundo a empresa, at� dezembro de 2018 foram contabilizadas 420.498 viagens.

PARTICIPA��O T�MIDA Embora haja uma ades�o crescente do belo-horizontino ao pedal – aumento de 16% no n�mero de pessoas que utilizam esse meio de locomo��o em apenas um ano, de acordo com a Associa��o dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo) –, o uso das bicicletas compartilhadas continua t�mido. “O servi�o de compartilhamento de bicicletas tem potencial gigantesco para aumentar o n�mero de pessoas pedalando pela cidade. Outros pa�ses provam isso”, disse Mariana Oliveira, de 27 anos, arquiteta e urbanista, cicloativista e associada � BH em Ciclo. “Coloca as pessoas na rua e mostra que n�o � imposs�vel andar de bicicleta na cidade. Quanto mais bicicletas na rua, mais os motoristas v�o ser obrigados a respeitar o espa�o que estamos ocupando. Afinal de contas, a cidade deve ser compartilhada”, acrescentou a cicloativista.
Dados da BH em Ciclo, em parceria com o Instituto de Pol�ticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), relativos � Bike BH, entretanto, apontam que em 2017 os ciclistas nas compartilhadas eram 1,7% do total e em 2018, 1,5%. “O sistema de bicicleta compartilhada de Belo Horizonte tem um hist�rico de problemas de opera��o como esta��o off-line e ve�culos com defeito, o que afasta os potenciais usu�rios. Al�m disso, faltam a��o de comunica��o para incentivar o uso e investimento do poder p�blico em infraestrutura”, avaliou Mariana. Levando-se em considera��o os dados da Pesquisa Origem/Destino de 2012, que contabilizou aproximadamente 26 mil viagens di�rias de bicicleta na cidade, as bicicletas compartilhadas t�m potencial de aumentar em cerca de 5% o total de ciclistas em BH, calcula Mariana.
A falta de estrutura � um dos pontos criticados pelo ciclista Gustavo Rodrigues, de 25, m�dico residente. “� complicado andar de bicicleta em BH porque tem muito morro, a cidade � muito quente e n�o tem ciclovia suficiente. Isso torna o deslocamento bem perigoso. Os carros n�o respeitam.” Para ele, a depreda��o de bicicletas � consequ�ncia da falta de educa��o. “Quando cheguei em casa e deixei a bicicleta no passeio, o porteiro perguntou: ‘Vai deixar a�? V�o roubar’. Isso j� fica na nossa cabe�a, mas a inseguran�a � mais relacionada ao tr�nsito do que ao roubo”, acredita.
A pequena Mariana Castro Vallaci, de 10, mostra o potencial dos meios alternativos de transporte. Ao ler sobre as patinetes trazidas pela Yellow em Belo Horizonte, logo quis experimentar. Segundo a m�e dela, Ana Cristina Sena de Castro Vallaci, de 35, administradora, a filha agora quer usar a patinete sempre. “Temos que ir ao Centro e ela pediu para ir de patinete. Vamos ver como vai ser. Acho que essa gera��o se preocupa muito mais com esses assuntos. Ela fala muito sobre como evitar polui��o, como ser consciente” contou. Sobre as depreda��es, ela � esperan�osa. “Acredito que depois as pessoas v�o se conscientizar e dar valor. Isso n�o me deixa insegura, s� n�o deixo minha filha andar sozinha porque ela � muito nova ainda”.

USO DE BIKES CRESCE 16% Pelo terceiro ano consecutivo, a BH em Ciclo, em parceria com o Instituto de Pol�ticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP-Brasil) realizou a contagem de ciclistas. A pesquisa aponta o crescimento de mais de 16% no n�mero de ciclistas nos nove pontos da cidade usados como refer�ncia, onde foram contabilizados 3.838 ciclistas. Em 2017, eles eram 3.270. “Achamos que o aumento do combust�vel favoreceu o crescimento. � dif�cil cravar uma resposta sobre este assunto, mas a BH em Ciclo constatou um aumento de 77% no n�mero de ciclistas na greve dos caminhoneiros, com base nos dados do contador de ciclistas na Avenida Bernardo Monteiro. Brincamos sempre que a maior pol�tica p�blica realizada nos �ltimos tempos a favor da bicicleta foi a greve dos caminhoneiros”, comentou.
� preciso abrir caminho para um contingente que n�o para de crescer, nem de pedalar. Belo Horizonte conta hoje com 89,93 quil�metros de ciclovias, com tend�ncia de amplia��o. A l�gica adotada pelo munic�pio foi criar pistas nas regionais e, gradativamente, ir unindo a rede ciclovi�ria, com a meta de chegar a 2020 com 411 quil�metros. Com isso, a expectativa � de que 6% de todos os deslocamentos da capital ocorram por bicicleta.
Segundo a BHTRans, no momento est� sendo feita a revis�o de projeto para 54 quil�metros de infraestrutura ciclovi�ria integrada � Rede de Transporte P�blico de Belo Horizonte. “Estamos trabalhando tamb�m nos projetos de Zona 30 da Regi�o Hospitalar e no bairro Cachoeirinha”, informa.