“N�o mudou nada, e a barragem que rompeu em Brumadinho n�o estava entre as de risco. Ent�o a gente v� que n�o tem seguran�a. At� quando, a pergunta � essa: at� quando vamos perder vidas? At� quando?”, afirma Edil�ia M�rcia dos Santos, de 42. Ela � uma das moradoras de Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana, na Regi�o Central de Minas, arrasado pelo rompimento da Barragem de Fund�o, da mineradora Samarco.
“Estou me sentindo l� em Brumadinho. A gente, que viveu isso na pele, fica pensando o que pode fazer, em que pode ajudar”, diz. Desde que Bento Rodrigues foi destru�do, h� tr�s anos e dois meses, Edileia mora em casa alugada, com o marido e os dois filhos e ainda lutam pelos seus direitos. “Ficamos brigando para que nossas casas sejam constru�das e pra receber indeniza��o”, conta.
Tamb�m morador de Bento Rodrigues, Jos� do Nascimento de Jesus, o Zezinho do Bento, de 63 anos, n�o conteve o choro ao saber do desastre em Brumadinho. Oito sobrinhos de Zezinho moram no munic�pio atingido e prestam servi�o para a Mina do Feij�o, onde houve a ruptura da barragem.
Al�m de reviver a trag�dia a que sobreviveu, ele ficou apavorado com a possibilidade da fam�lia estar entre os desaparecidos. “Eles trabalham na �rea onde o min�rio � transportado. Consegui falar com um sobrinho e ele disse que est�o todos bem. Estavam perto e est�o assustados, porque passou no refeit�rio onde o pessoal almo�a. Chorei muito. Se o governo n�o der um jeito, estamos todos dentro d'�gua”, diz.
A Mina do Feij�o pertence � mineradora Vale, que tamb�m � uma das donas da Samarco, respons�vel pelo acidente em Bento Rodrigues. “Quem sofre os danos � que fica no preju�zo. A empresa fica a mesma coisa. Tem � que fechar as minera��es”, afirma.
Zezinho ainda espera ser indenizado e receber uma casa, j� que a sua foi destru�da pela lama. “� o mesmo drama. O que mudou � que a gente tem um tremendo medo, n�o foi indenizado, n�o est� morando nas nossas casas. As empresas s�o as mesmas, � tudo farinha do mesmo saco”, reclama.