Barragem de rejeitos de min�rio da Vale se rompe em Brumadinho
Helic�ptero e viaturas do Corpo de Bombeiros est�o no local para resgatar v�timas. Centro de Brumadinho � esvaziado e cidades vizinhas entram em alerta
postado em 25/01/2019 13:08 / atualizado em 25/01/2019 20:21
A barragem do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana, rompeu-se no fim da manh� desta sexta-feira (25). A barragem pertence � Vale. Prefeituras de cidades pr�ximas ao Rio Paraopeba alertam os moradores que se mantenham longe do curso d'�gua.
O n�mero de v�timas ainda n�o foi informado. O Corpo de Bombeiros e o governo de Minas Gerais enviaram viaturas e helic�pteros para o socorro no munic�pio. Em v�deos feitos no local, funcion�rios da mineradora falam at� em um restaurante atingido pela lama.
Em nota, a Vale confirmou o rompimento da barragem. Acrescentou que havia empregados na �rea administrativa, que foi atingida pelos rejeitos, indicando a possibilidade, ainda n�o confirmada, de v�timas. Parte da comunidade da Vila Ferteco tamb�m foi atingida. A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emerg�ncias para Barragens. “A prioridade total da Vale, neste momento, � preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade”, acrescentam. O resgate e os atendimentos aos feridos est�o sendo feitos no local pelos Bombeiros e Defesa Civil. Ainda n�o h� confirma��o sobre a causa do acidente.
Ver galeria . 34 FotosRompimento de rejeitos da Barragem 1 da Mina Feij�o, da Mineiradora Vale, em Brumadinho, Grande BH
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A press )
Uma jovem moradora de Nova Lima, e 17 anos, informou que o pai dela "escapou de morrer" no rompimento da barragem em Brumadinho. "Agora estamos tranquilos porque meu pai entrou em contato com a minha m�e e disse que est� tudo bem", informou a adolescente. "Ela informou que o pai trabalha h� muitos anos na mina como t�cnico, mas ela n�o soube dar mais detalhes sobre v�timas.
Tenho dois primos que moram em Brumadinho, falaram que foi pior que em Mariana e que muita gente morreu
Moradora do Bairro Araguaia, na Regi�o do Barreiro, Marta Amorim tem familiares na regi�o atingida e est� a caminho para ajud�-los. " Minhas irm�s j� sa�ram de casa, pegaram as roupas e os documentos s� e sa�ram. Agora que eu estou indo pra l�,mas dizem que n�o est�o deixando ningu�m entrar na cidade n�o. Mas agora que eu estou indo, vou passar por uma outra estrada de terra, a� que vou chegar l�, mas minhas irm�s j� est�o na ro�a, gra�as a Deus”, disse.
A manicure Carla Silva moradora no Bairro Pomp�u, pr�ximo ao rio, em S�o Joaquim de Bicas, disse que foi avisada e que h� grande movimenta��o nas ruas dos bairros pr�ximos. A popula��o est� saindo �s pressas temendo que a trag�dia atinja suas comunidades.
Prefeituras da Grande BH alertam moradores
Por volta de 13h30, a Prefeitura de Brumadinho alertou em redes sociais para a popula��o da cidade manter dist�ncia do lei do Rio Paraopeba.
Correria no centro de Brumadinho, se est� vindo para o Inhotim agora pode dar meia volta. pic.twitter.com/IkZRcdDI87
%u2014 %uD83C%uDF4ACientista de Gente e Documentos%uD83C%uDF4A (@CientistaDGente) 25 de janeiro de 2019
A Prefeitura de Juatuba, cidade vizinha de Brumadinho, tamb�m emitiu um alerta na tarde desta sexta-feira. A administra��o direcionou o aviso aos moradores do Bairro Francelinos, que beira o Rio Paraopeba. A Defesa Civil de Juatuba e o Conselho Municipal De Desenvolvimento Ambiental (Codema) est�o no local solicitando a retirada e m�xima aten��o da popula��o, pois ainda n�o se sabe a gravidade do desastre.
Estava em Inhotim e recebi a not�cia. O parque foi evacuado. Um dos acessos a Brumadinho foi atingido. A �rea urbana (centro) � distante do local da barragem.
O prefeito de Betim, Vittorio Medioli, divulgou um v�deo em sua p�gina no Facebook pedindo que moradores dos bairros Citrol�ndia e Col�nia Santa Isabel fiquem atentos diante do risco de inunda��o. “A Defesa Civil, Bombeiro, tudo, est�o de alerta e chegar�o �s regi�es da Col�nia e Citrol�ndia. Mas prestem aten��o para poder evacuar as casas caso a coisa fique muito s�ria”, disse o prefeito.
A Defesa Civil de Betim est� monitorando as consequ�ncias do desastre e retirando as pessoas que moram �s margens do Rio Paraopeba, na Col�nia Santa Isabel. Um evento que ocorria durante esta semana na Col�nia foi cancelado nesta sexta-feira ap�s conhecimento da trag�dia da barragem de Brumadinho.
Em S�o Joaquim de Bicas, a popula��o ribeirinha ao Rio Paraopeba foi orientada para sair a �rea. Segundo a assessoria de comunica��o da prefeitura, a cidade ainda n�o foi atingida, mas a medida foi tomada por medida de seguran�a. A Defesa Civil e a Pol�cia Rodovi�ria Federal foram avisadas (o Rio Paraopeba atravessa a BR-381 na altura do munic�pio) e o secretariado encontra-se em reuni�o permanente para “medidas que forem necess�rias”.
A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) enviou na tarde desta sexta-feira a Brumadinho uma equipe com quatro pessoas, que v�o fazer levantamento sobre o licenciamento ambiental e tomar outras provid�ncias ap�s o rompimento da Barragem C�rrego dos Feij�es, da mineradora Vale. A equipe inclui dos t�cnicos do N�cleo de Emerg�ncias Ambientais e mais duas da Funda��o Esta��o do Meio Ambiente.
DEFESA CIVIL H� informa��es de que o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS) colocou a Defesa Civil da capital � total disposi��o do posto de comando que deve ser montado na regi�o de Brumadinho. O �rg�o informou que pode colocar at� 70 agentes dispon�veis no local. O secret�rio Nacional de Prote��o e Defesa Civil, o coronel Alexandre Lucas, que j� coordenou o �rg�o em BH, tamb�m est� se deslocando de Macei� (AL) para Brumadinho.
Por meio de nota, a Defesa Civil Nacional confirmou a vinda do coronel Alexandre Lucas e tamb�m do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto. Eles devem chegar hoje � noite a Belo Horizonte para acompanhar e apoiar o trabalho das defesas civis locais.
“A mobiliza��o e o apoio do Governo Federal iniciaram logo ap�s o rompimento da estrutura. O ministro conversou por telefone com o presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro, que refor�ou a import�ncia de disponibilizar todo o apoio necess�rio ao estado e munic�pio”, informou o �rg�o. “Equipes do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) est�o em frequente contato com representantes da prefeitura e governo do estado para orientar nas primeiras a��es de resgate �s poss�veis v�timas e demais necessidades emergenciais”, pontuou.
A Defensoria P�blica do Estado de Minas Gerais informou que j� est� atuando em Brumadinho para assist�ncia jur�dica aos moradores, e “funcionar� em regime de plant�o durante o final de semana, por meio do telefone (31) 99619-9756”.
A ponte de Brumadinho esta bloqueada,falaram q n�o houve MUITAS v�timas,to chegando em Brumadinho so agr. N achei q isso um dia aconteceria com Brumadinho
Acabamos de receber um �udio terr�vel do meu tio contando que ouve rompimento de uma barragem em Brumadinho agora a pouco. Varios amigos dele est�o mortos. Era pra ele estar entre eles, mas no come�o do ano ele ficou arrasado com a not�cia de que seria transferido de novo pra...
A secret�ria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) informa que a Vale pretendia ampliar a mina do C�rrego do Feij�o por meio do licenciamento de unidade de tratamento de min�rio a seco. Esta mina e a de Jangada s�o cont�guas e est�o localizadas a cerca de 7 quil�metros do Parque Estadual da Serra do Rola Mo�a. Ambas pertencem � mineradora.
Veja mais detalhes sobre o licenciamento e as interven��es que estavam previstas para os locais:
"A respeito dos processos de licenciamento das minas de Jangada e C�rrego do Feij�o, a Semad informa que o Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam) aprovou, em 11 de dezembro, as licen�as de opera��o dos dois empreendimentos, com oito votos favor�veis; um voto contr�rio (F�rum Nacional da Sociedade Civil nos Comit�s de Bacias Hidrogr�ficas - Fonasc); duas absten��es (Ibama e Cefet) e uma aus�ncia (DNPM).
Os dois processos, pautados na ocasi�o na reuni�o da C�mara de Atividades Miner�rias (CMI) do Copam, n�o tratam de licenciamento de barragens, mas sim de uma mudan�a no sistema de disposi��o de rejeitos, alterando de um modo considerado como de maior risco (barragem) para um modo de maior controle operacional, por meio de empilhamento e disposi��o em cava de minera��o confinada (sem barragem). O empreendedor pretende, nesta licen�a, reaproveitar o rejeito disposto em barragem, reduzindo este volume e, paulatinamente, reduzindo tamb�m a altura da barragem.
No caso da Mina da Jangada trata-se de amplia��o de cava; pilhas de rejeito/est�ril e estradas para transporte de min�rio/est�ril, externa ao limite do empreendimento. Sobre a mina do C�rrego do Feij�o, trata-se de expans�o das atividades, por meio do licenciamento de unidade de tratamento de min�rio a seco; pilhas de rejeito/est�ril; disposi��o de rejeito em cava, sem necessidade de constru��o de barramento; reaproveitamento de bens minerais dispostos em barragem; e instala��o de mineroduto/rejeitoduto." Trag�dia como essas n�o s�o novidade em Minas Gerais, infelizmente. H� tr�s anos, o rompimento da Barragem de Fund�o, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na Regi�o Central, deixou 19 mortos.
HIST�RICO
A maior trag�dia socioambiental da hist�ria do Brasil tem 22 pessoas e mais quatro empresas – Samarco Minera��o S.A, BHP Billinton Brasil, a Vale e a VOGBR Recursos H�dricos e Geotecnia – denunciadas pelo Minist�rio P�blico Federal (MPF). Ningu�m foi punido at� hoje. Dos acusados, 21 foram enquadrados no crime de homic�dio qualificado doloso, ou seja, quando se assume o risco de matar, pela perda de 19 vidas.
Os riscos n�o controlados provocaram grandes trag�dias no estado: em S�o Sebasti�o das �guas Claras (Macacos), em Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, em 2001; em Cataguases, em 2003 e Mira�, em 2007, ambas na Zona da Mata; e Itabirito, na Regi�o Central, em 2014. Os acidentes causaram n�o s� a degrada��o ambiental nas �reas, como deixaram mortos, feridos, centenas de fam�lias desabrigadas e muita dor e sofrimento nas comunidades.
