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Estado de Minas ECONOMIA

Vale perde R$ 71 bilh�es em valor de mercado ap�s rompimento de barragem

As a��es ordin�rias da Vale terminaram o dia em baixa de 24,52%, a R$ 42,38, enquanto as preferenciais da Bradespar ca�ram 24,49%, a R$ 26,43


postado em 28/01/2019 19:50 / atualizado em 28/01/2019 20:03

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A press)
A Bolsa de S�o Paulo chegou a perder quase 3 mil pontos nesta segunda-feira, 28, e bateu no n�vel dos 94 mil pontos com a forte queda nas a��es da Vale e da Bradespar, empresa do Bradesco que tem como maior participa��o pap�is da mineradora. As a��es ordin�rias das duas companhias perdiam mais de 20% logo no in�cio de preg�o, repercutindo a trag�dia em Brumadinho (MG), no primeiro dia de sess�o ap�s o ocorrido. Ao fim dos neg�cios, a Vale perdeu R$ 71 bilh�es em valor de mercado. Na quinta-feira, 24, a companhia valia R$ 289,767 bilh�es na Bolsa. Nesta segunda, acabou o preg�o valendo R$ 218,706 bilh�es.

As a��es ordin�rias da Vale terminaram o dia em baixa de 24,52%, a R$ 42,38, enquanto as preferenciais da Bradespar ca�ram 24,49%, a R$ 26,43. O Ibovespa encerrou em queda de 2,29%, aos 95.443,88 pontos.

A Vale ON - que responde por 10,9% da carteira do Ibovespa - � de longe a mais negociada entre as a��es do �ndice. A segunda a��o mais negociada � a ON da Bradespar, empresa do Bradesco que tem como maior participa��o a Vale.

O rompimento da barragem eleva a percep��o de risco em torno da mineradora e deve continuar pressionando as a��es da companhia por um tempo, ainda que do ponto de vista econ�mico o impacto das opera��es locais seja de menos de 2% da produ��o total da Vale. Segundo os analistas dos bancos Bradesco BBI e BTG Pactual, a crise criada pode trazer restri��es mais severas �s opera��es de outras minas, elevando os custos do setor e comprometendo potencialmente a produ��o de min�rio.

Os dois bancos destacaram que o impacto ambiental do rompimento da barragem parece menor do que o caso da Samarco, o que poderia se converter em menores multas. Entretanto, o aspecto humano tem pesado nas proje��es, uma vez que o n�mero de mortos at� agora j� superou em muito o caso de 2015, sem contar as centenas de pessoas ainda desaparecidas.

Segundo os analistas Leonardo Correa e Gerard Roure, do BTG, o segundo rompimento de barragens ligado � empresa em poucos anos coloca press�o adicional por parte da sociedade sobre a Vale. "A quest�o agora parece ser: podemos utilizar as barragens de rejeito com seguran�a, especialmente as pr�ximas das comunidades?", escreveram. Diante do cen�rio, a regulamenta��o tende a ser muito severa no Pa�s, potencialmente tendo efeito sobre projetos e opera��es j� existentes.

O banco ainda colocou em xeque a pr�pria retomada das opera��es da Samarco depois deste rompimento. "Essa trag�dia vai claramente elevar o escrut�nio regulat�rio no Pa�s, o que pode ter implica��es futuras na retomada das opera��es da Samarco". A estimativa era de que as opera��es da empresa pudessem ser retomadas em meados de 2020.

Na mesma dire��o, o Bradesco BBI ponderou as dificuldades de se calcular o impacto. "Embora n�o acreditemos que o impacto final do acidente v� superar o caso da Samarco (US$ 10 bilh�es, ou US$ 0,50 por a��o), n�s achamos que o desempenho das a��es podem ser prejudicados no curto prazo, � medida que o fluxo de not�cias sobre poss�veis multas e custos se intensificam", escreveram os analistas Thiago Lofiego, Arthur Suelotto e Isabella Vasconcelos. Eles salientaram a s�lida posi��o de alavancagem da empresa, o que implicaria pouco dano do ponto de vista do balan�o patrimonial.

Segundo o Bradesco, os impactos sobre o mercado de min�rio ainda v�o depender de outras minas do Sul e do sistema do Sudoeste serem parados para inspe��es. "Se o impacto da produ��o for limitado apenas � mina de Feij�o, o acidente representaria apenas 0,6% do mercado transoce�nico", destacaram.

O impacto sobre o valor de mercado da mineradora divide analistas. H� quem entenda que o efeito no neg�cio da Vale ser� limitado. Os profissionais destacam que a produ��o local corresponde a menos de 2% da produ��o total da Vale, portanto, do ponto de vista estritamente operacional, o impacto do rompimento seria pequeno. "A capacidade ociosa em outras minas permite o remanejamento da opera��o", comentaram os analistas da Coinvalores, em relat�rio assinado por Sandra Peres, Felipe Martins Silveira e Sabrina Cassiano.

Eles salientam, por�m, que "al�m de novos impactos financeiros potenciais, mudan�as regulat�rias tamb�m ficam no radar, com a possibilidade de exig�ncias mais r�gidas quanto � licen�a para novas barragens e minas". Eles sugerem que as a��es da Vale devem ficar pressionadas at� que todos os potenciais impactos possam ser mensurados de forma mais clara.

"No curto prazo, os pap�is da mineradora dever�o continuar pressionados, reflexo dos danos de imagem � companhia e provis�es para pagamento de multas e indeniza��es", disseram os profissionais da Guide, que tamb�m sugerem que o rompimento da barragem poder� atrasar as concess�es e licen�as ambientais nas opera��es Brasil. "H� tamb�m o risco de novos processos de investidores nos EUA e rebaixamento de ag�ncias de risco", acrescentaram. A casa lembra que, apesar de decis�es judiciais que levaram ao bloqueio de R$ 11 bilh�es, a Vale possui f�lego financeiro, j� que contava com um caixa pr�ximo de cerca de R$ 23 bilh�es ao fim do terceiro trimestre.

Paci�ncia

Para a gestora Alaska, se os pre�os continuarem despencando e nenhuma maior surpresa negativa surgir, a estrat�gia � comprar mais e aumentar a exposi��o aos pap�is da mineradora, segundo Henrique Bredda, gestor da Alaska, que tem entre 7% e 8% de exposi��o � mineradora.

"Acreditamos que o mercado vai continuar nervoso por mais algum tempo. No momento, n�o vamos fazer nada. Vamos manter nossa posi��o e avaliar. Queremos entender o impacto do rompimento", afirmou Bredda. "Se o papel continuar nesse n�vel de pre�o ou cair mais e se n�o surgir nenhuma informa��o adicional, uma megamulta, novo bloqueio, poderemos aumentar a posi��o para algo entre 10% e 11% do fundo Black", disse o gestor.

O analista-chefe da Necton, Glauco Legat, disse que n�o recomendaria a venda das a��es da companhia tendo em vista o baixo impacto do rompimento na produ��o de min�rio de ferro da companhia, e o fato de que h� capacidade ociosa. Al�m disso, aponta que o sistema log�stico, que interliga a Ferrovia Esp�rito Santo - Minas Gerais, aparentemente n�o foi interrompido e o escoamento da produ��o segue intacto.

Adicionalmente, Legat citou que a Samarco levou a Vale a provisionar US$ 2,7 bilh�es de potenciais ressarcimentos, pagamento que se dar� no prazo de 12 anos (at� 2028), e que o min�rio de ferro futuro subiu hoje 2,77%.

Mercado externo

As ADRs (American Depositary Receipt) - recibos de a��es atrav�s dos quais empresas n�o sediadas nos Estados Unidos podem negociar seus pap�is no mercado norte americano - abriram em forte queda em Nova York, depois de ter recuo expressivo tamb�m durante os neg�cios do pr�-mercado. Ap�s cair 8% na sexta, elas recuaram mais 17% nesta segunda-feira.

Renda fixa

Os b�nus dos t�tulos de renda fixa da Vale operam em forte queda nesta segunda-feira no mercado secund�rio. O b�nus com vencimento em 2026 recuava 6,4% e era negociado a 102% do valor de face, ante 109,8% do encerramento da sexta-feira. O b�nus para 2042 tinha queda ainda maior, de 7,2%, e operava em 95% do valor de face. Na sexta, dia do acidente, o t�tulo encerrou o dia em 102,5% do valor de face.

Ainda entre os t�tulos de renda fixa da Vale, o eurobond para 2023 era negociado a 107,8% do valor de face, ante 109,6% da sexta-feira, uma queda recorde para o papel, segundo um gestor. (COLABORARAM MONIQUE HEEMANN, RENATO CARVALHO E ALTAMIRO SILVA JUNIOR)


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