(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Moradores temem trag�dias em barragens de Paracatu

O medo vai al�m de algum rompimento das duas barragens da regi�o, Santo Ant�nio e Eust�quio. As pessoas temem falar sobre a empresa


postado em 29/01/2019 11:15

(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Aurum no latim significa “brilhante” e d� nome ao metal que produziu coloniza��es e encantou imp�rios. O ouro ainda tem alto valor monet�rio, mas sua explora��o pode provocar danos f�sicos e ambientais irrepar�veis. A 234 quil�metros da capital federal, na cidade de Paracatu (MG), a Kinross Gold Corporation explora a maior mina de extra��o do metal a c�u aberto no Brasil. Depois da trag�dia de Brumadinho (MG), o medo tomou conta da cidade. H� tr�s anos, depois do desastre de Mariana (MG), o receio j� tinha aumentado. Isso porque a mineradora atua a apenas 300 metros da cidade. Autoridades procuram confortar a popula��o com audi�ncias e vistoria na empresa, mas as redes sociais est�o fervendo de coment�rios e rumores.

O medo vai al�m de algum rompimento das duas barragens da regi�o, Santo Ant�nio e Eust�quio. As pessoas temem falar sobre a empresa. Abordadas pela reportagem, cidad�os de variadas fun��es e idade, rejeitaram com receio de que algo pudesse “desagradar” � empresa, como deixaram claro. Um motoboy, 62 anos, que n�o quis se identificar, lembrou um ditado popular ao avaliar o cuidado da popula��o: “Em boca fechada, n�o entra mosquito”.

A contadora Zenite da Costa Santana, 55, nasceu em Paracatu e jamais saiu da cidade. Conta que o clima ficou mais “tenso” depois do recente desastre. Contudo, diferente de muitos, ela diz n�o acreditar em um eventual rompimento da barragem, mas lamentou que a mineradora n�o oferece uma “contrapartida” � sociedade. “Muitos s�o empregados da Kinross; ent�o, n�o falam, mas existe uma quest�o ambiental preocupante. J� temos crise h�drica, porque, para produzir esse ouro, as nascentes foram afetadas”, declarou.

Risco iminente

Mesmo com �gua dispon�vel no munic�pio, a contadora esclareceu que parte da popula��o consome �gua mineral de fora. Entre elas, a gerente de uma sorveteria no centro da cidade Maria do Socorro, 55. Questionada se tinha comprova��o de que a �gua � contaminada, disse n�o ter certeza, mas que preferia n�o arriscar. H� cinco anos em Paracatu, Maria do Socorro est� apreensiva. “Essa minera��o � perigosa, corremos risco iminente. Isso � brincar com fogo em nome do dinheiro. Ser� que o tanto que j� recolheram n�o basta?”, questionou. “Ningu�m � contra o ouro, mas vidas est�o em jogo. Os chefes da empresa n�o moram aqui, est�o longe. Nem os parentes est�o aqui. N�s � quem somos afetados”, afirmou.

O funcion�rio p�blico Urubatan dos Santos, 63, lamentou a falta de prote��o. Para ele, “nada garante” que a barragem n�o ceda e, se isso ocorrer, “n�o dar� para a popula��o fugir”. “Paracatu pede socorro. � uma mineradora praticamente no meio da cidade”, exclamou. Os rumores da sociedade chegaram � C�mara dos Vereadores de Paracatu. Ontem, 10 pessoas se reuniram no Legislativo, incluindo o presidente da Casa, vereador Wilson Martins (PSB). Ele contou que ficou decidido a fazer uma visita � empresa na pr�xima sexta-feira �s 13h30. “Estamos preocupados e decidimos solicitar um laudo t�cnico de uma empresa externa. O intuito � tranquilizar a popula��o”, afirmou.

A expectativa � de que, na visita de sexta, o engenheiro da empresa forne�a os esclarecimentos necess�rios. O objetivo � ir as duas barragens controladas pela empresa canadense. Eust�quio � a mais recente e, em 2015, tinha mais de 70 milh�es de metros c�bicos de rejeitos. No entanto, a barragem de Santo Ant�nio, que est� desativada h� tr�s anos, preocupa mais os vereadores. Possui rejeitos acumulados desde 1987, que somam mais de 420 milh�es de metros c�bicos. “Essa � o perigo. A outra � nova e tem um sistema de seguran�a atual”, enfatizou.

Al�m da visita, a comiss�o de Meio Ambiente da C�mara j� planeja convocar uma audi�ncia p�blica para que a Kinross Gold Corporation preste informa��es � popula��o. Segundo ele, a import�ncia da mineradora para Paracatu faz com que todo ano haja, ao menos, um di�logo com a comunidade. “A cidade � dividida, uns acham que � ben�fica (a empresa); outras acham que n�o, j� que pode afetar a sa�de. Por isso, promovemos esses debates”, explicou.

Outro lado

Procurada, a Kinross Gold Corporation de Paracatu informou, por meio de nota, que “trabalha com as melhores pr�ticas na constru��o de barragens e possui procedimentos rigorosos de manuten��o e monitoramento”. O documento tamb�m ressalta que a empresa “possui um plano de emerg�ncia sempre atualizado. Em novembro de 2017, a Kinross realizou, em parceria com a Defesa Civil Municipal, o Corpo de Bombeiros e a Pol�cia Militar, treinamentos com comunidades vizinhas � barragem. A a��o, que integra o plano de emerg�ncia da Kinross, visou a repassar ao p�blico informa��es sobre como proceder em situa��es de emerg�ncia”, discorre a nota.

A companhia destacou tamb�m que, para refor�ar a transpar�ncia de sua opera��o, ampliou o Programa de Visitas e incluiu a barragem dentro do roteiro para que os visitantes possam conhecer e tirar d�vidas com rela��o � opera��o. “Em 2018, mais de mil pessoas visitaram a Mina Morro do Ouro”, destacou. “Em 25 anos de hist�ria, a Kinross nunca teve qualquer evento de rompimento da barragem em suas nove opera��es ao redor do mundo. Todas as nossas instala��es s�o projetadas, constru�das e mantidas com os mais altos padr�es de engenharia. A seguran�a e integridade f�sica, incluindo a capacidade de resistir a tempestade e eventos s�smicos, s�o algumas das nossas principais considera��es”.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)