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Estado de Minas

Volunt�rios correm contra o tempo para salvar animais em Brumadinho

Abandonados, atolados na lama ou perdidos, bichos dependem de volunt�rios para encontrar seus donos ou chegar a um abrigo


postado em 31/01/2019 06:00 / atualizado em 31/01/2019 09:36

O operador de máquinas Ismael Gomes reencontrou ontem 'Negão', o cachorro que ele deixou em casa e foi levado para um abrigo(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O operador de m�quinas Ismael Gomes reencontrou ontem 'Neg�o', o cachorro que ele deixou em casa e foi levado para um abrigo (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


Brumadinho - Em meio � dor que se abateu sobre Brumadinho desde a �ltima sexta-feira por causa das dezenas de vidas humanas tiradas pelo rompimento de mais uma barragem da Vale, outro drama silencioso chamou a aten��o e gerou cobran�as na cidade e nas redes sociais: a situa��o dos animais afetados. Imagens de bovinos atolados na lama, sem conseguir sair do lugar ou ficar de p�, correram o mundo e causaram como��o. Pelo menos tr�s tiveram de ser abatidos a tiro depois de avalia��o de que n�o haveria mais como salv�-los. Bichos tamb�m foram abandonados em propriedades por moradores desalojados diante do risco de serem atingidos pelo rio de rejeitos. Para cuidar desses animais e zelar pela integridade deles, v�rios protetores de animais e veterin�rios desembarcaram na cidade e muita gente se mobilizou pedindo doa��es.

Antes mesmo de chegar ajuda profissional, diversos moradores tentaram chegar aos animais para oferecer pelo menos um alento com �gua ou comida. Foram impedidos pelas equipes de resgate, que informavam que havia risco de acidentes. O comerciante Adibe Adriano Braga, 44 anos, acompanhou o sofrimento de uma vaca. “Teve um grupo que conseguiu chegar perto dela, mas foram obrigados a sair. At� domingo ela ainda estava l�, mas ouvi dizer que a sacrificaram no “berro” (a tiros) pela manh�”, conta. A execu��o foi confirmada pela Pol�cia Rodovi�ria Federal.

Essa vaca, que estava a cerca de 500 metros da base de helic�pteros, foi uma das que tiveram de ser sacrificadas por estarem em situa��o de sofrimento. Veterin�rios do Conselho Regional de Medicina Veterin�ria (CRMV) confirmaram que houve eutan�sias, mas garantiram que os bichos nesta situa��o passaram por an�lise m�dica e estavam mesmo em sofrimento. Ainda quee fossem removidos, teriam fraturas e outras sequelas que comprometeriam sua qualidade de vida e, no fim, acabariam, da mesma forma, sacrificados. “N�o era o que quer�amos, mas � o que pod�amos fazer por ela enquanto m�dicas veterin�rias. Ela descansou”, afirmou a coordenadora de campo da brigada veterin�ria Carla Sassi.

Um dos c�ezinhos que estava no local era o vira-lata da Pousada Nova Est�ncia, que foi arrastada e desapareceu na lama que desceu da barragem

Junto com Carla trabalham voluntariamente os veterin�rios Arthur, Laysa, Thauan, Dreison, Tamires, Luciana e Vania e tamb�m leigos. Todos que v�o a campo para os resgates passam por treinamento de bombeiros civis. O grupo come�ou a atuar em trag�dias em 2011, em Nova Friburgo (RJ), quando um deslizamento de terra tirou centenas de vidas. Eles tamb�m estiveram em Mariana em novembro de 2015, quando a barragem do Fund�o se rompeu e levou morte ao curso do Rio Doce.

Para chegar aos locais, os protetores usam carros 4 x 4. Em Brumadinho, as equipes contaram com o aux�lio de helic�pteros dos bombeiros, que os levaram em voos de identifica��o dos locais. Em meio a uma busca e outra, tamb�m decolaram aeronaves para levar feno para alimentar os animais ou rem�dios para o atendimento. Na segunda-feira, o grupo de ativistas tentou resgatar um boi de uma �rea pr�xima ao rompimento da barragem, mas, por falta de condi��es, foi preciso adiar o resgate, que ocorreu no dia seguinte.

A veterin�ria Laiza Bonela Gomes, co-coordenadora de resgate de fauna do CRMV, afirma que a brigada est� fazendo o m�ximo que pode no espa�o que pode adentrar, respeitando a lei. “Estamos respeitando sempre o bem-estar e avaliando as condi��es mental, f�sica e natural dos animais, al�m da qualidade de vida que ele vai ter, para tomar as decis�es”, explicou. Depois de ser cobrada na Justi�a, a Vale disponibilizou uma fazenda para abrigar os bichos resgatados at� que seja definida a destina��o deles. At� ontem eram 36 vidas abrigadas, entre bovinos, c�es, galinhas, patos e silvestres. Eles est�o sob tutela da comiss�o de desastres do conselho de veterin�ria.

Os grupos de veterin�rios em campo tamb�m contam com parcerias de cl�nicas em Belo Horizonte. Os alunos e professores do curso de veterin�ria do Uni-BH, em Belo Horizonte, tamb�m se mobilizaram para atender animais de pequeno, m�dio e grande porte atingidos pela trag�dia da Vale. Eles s�o cadastrados e passam por cuidados cir�rgicos, quando necess�rio. O coordenador do curso Bruno Antunes Soares explica que a ingest�o ou inala��o da lama pode acarretar problemas respirat�rios ou gastrointestinais nos bichos. Por isso, os c�es ou gatos resgatados no local devem ter uma aten��o maior, mesmo se estiverem saud�veis.

O vira-latas que pertencia aos donos da Pousada Nova Estância, agora órfão, foi salvo e aguarda por adoção(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O vira-latas que pertencia aos donos da Pousada Nova Est�ncia, agora �rf�o, foi salvo e aguarda por ado��o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


PEQUENO PORTE Os animais de pequeno porte Brumadinho tamb�m deram algum trabalho para ser resgatados. Foi o caso de um cachorro que se escondeu debaixo de um ve�culo, na �rea do Centro de Conviv�ncia da Vale. Tr�s pessoas precisaram se mobilizar e usar uma corda para tir�-lo do local. Em seguida, ele recebeu �gua e comida.

Para os pets encontrados vagando pelas ruas ou ilhados em resid�ncias que n�o foram atingidas pela lama, os brigadistas conseguiram uma casa que funcionou como abrigo provis�rio. Foi para l� que foram cachorros adultos e filhotes resgatados at� que seus tutores apare�am ou que sejam encaminhados para a ado��o.

Um dos c�ezinhos que estava no local era o vira-lata da Pousada Nova Est�ncia, que foi arrastada e desapareceu na lama que desceu da barragem. “Esse ficou �rf�o. Era dos donos da pousada, que morreram”, disse o operador de m�quinas Ismael Gomes, de 48 anos, que reconheceu o “vizinho” ao chegar para buscar o seu c�o, o ‘Neg�o’. Ismael conta que teve de deixar o cachorro amarrado na resid�ncia porque precisou sair do local. Ao voltar para aliment�-lo, descobriu que ele havia sido resgatado e encaminhado ao abrigo, onde foi para rever o amigo de quatro patas.

‘Neg�o’, que se apresentava agitado e agressivo, n�o conteve a alegria ao voltar para os bra�os de Ismael. O veterin�rio que cuidou dele destacou a diferen�a e orientou o dono do animal sobre o cuidado de repetir o verm�fugo que ele havia tomado por causa do poss�vel contato com a lama.

No abrigo, al�m de c�es estavam aves encontradas em Brumadinho. Esses escaparam do destino pior que tiveram peixes de v�rias esp�cies, que acabaram mortos pela avalanche de lama.


A bombeiro civil Marilyn Nascimento, que ajudou em Mariana e agora presta aux�lio em Brumadinho, se emociona ao falar do trabalho no grupo de protetores. “Vemos que h� muito mais que o amor que se tem pelo seu c�ozinho ou gato. Quando sa�mos a campo, a gente entende que temos que dar valor � vida de qualquer esp�cie”, disse.


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