Resist�ncia � o nome do primeiro boi resgatado na lama de rejeitos da barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho na �ltima sexta-feira. Batizado com esse apelido pelos bombeiros que o salvaram, o animal � um dos mais de 60 resgatados at� esta quinta-feira (31). Eles foram encaminhados para uma fazenda na zona rural da cidade. Na v�spera de completar uma semana da trag�dia, o Estado de Minas visitou um dos locais que abrigam os bichos recolhidos.
Os bovinos presos na lama da Vale geraram como��o por causa das primeiras imagens do desastre. Mas tamb�m foram encontrados ilhados, por causa do desalojamento das pessoas, c�es, gatos, patos, porcos e at� um c�gado. Diferente das imagens em que aparecia atolado, Resist�ncia estava tranquilo e descansando em um curral, junto a algumas galinhas da fazenda. N�o se importou muito com a imprensa que n�o parou de fotograf�-lo depois que se tornou personagem da trag�dia.
A fazenda fica entre C�rrego do Feij�o e a UPA da cidade e tem grupos especialistas em todas as esp�cies. H� espa�os separados para os cachorros e as aves. Tamb�m est� sendo constru�do um viveiro para os p�ssaros. Estagi�rias da UFMG faziam a avalia��o de uma gatinha com filhotes que estava ilhada. Tamb�m h� um caminh�o frigor�fico para receber e transportar os animais mortos.
A m�dica Mirella Lauria D’Elia, contratada pela Vale para atuar na fazenda, que funciona como Hospital de Campanha, informou que h� m�dicos veterin�rios de plant�o realizando os atendimentos. “Os animais resgatados por civis ou pelas nossas equipes s�o triados e medicados, se houver algum quadro cr�tico temos �nibus m�vel que pode fazer cirurgias emergenciais”, disse.
Segundo a veterin�ria, uma cadela que chegou em estado mais cr�tico precisou passar por uma transfus�o � noite mas j� est� estabilizada. Ela estava com um processo infeccioso. “Existem animais que perderam propriet�rios e alguns que est�o em estado geral bom mas atordoados. Eles tomam banho, antiparasit�rios e passam por atendimentos”, disse.
Todos que chegam s�o fotografados e a Vale vai fazer um mural e disponibilizar as imagens para que os tutores possam identificar seus bichos. Aqueles que n�o forem “encontrados” ser�o encaminhados para a ado��o.
A coordenadora de resgate de fauna do Conselho Regional de Medicina Veterin�ria Laiza Bonela Gomes, da brigada veterin�ria, explicou o motivo da demora do in�cio dos resgates dos animais. Segundo ela, isso ocorreu porque os veterin�rios tiveram de obedecer �s restri��es impostas pelos bombeiros e pela defesa civil.
Ativistas em defesa da causa animal criticaram a dificuldade de acesso aos bichos, com restri��es e barreiras impostas nos locais. De acordo com Laiza, a justificativa das autoridades foi por tr�s motivos: a prioridade para o resgate de vidas humanas, o grande n�mero de corpos a serem buscados e o risco de um novo rompimento de barragem.
A veterin�ria explicou que o resgate dos animais de grande porte, como os bovinos e equinos, � o mais complicado e pode durar de seis a sete horas. � necess�rio o uso de helic�ptero, redes especiais e suporte anest�sico. “Esses s�o os resgates mais complexos em virtude do peso, da condi��o cl�nica do animal e da quantidade de profissionais envolvidos. � dif�cil i�ar mais de um animal por dia”, disse.