A linha de investiga��o da Pol�cia Federal (PF) para descobrir as causas da trag�dia em Brumadinho, que d� �nfase ao fato de que haveria, durante muito tempo, �gua na parte de cima da barragem que se rompeu h� 14 dias, e que esta teria se infiltrado no rejeito, contribuindo para o rompimento, tem respaldo em observa��es feita por profissionais da �rea de minera��o. O engenheiro mec�nico e projetista de barragens de minera��o Evandro Pereira de Oliveira, de 54 anos, refor�a a tese da PF e acredita que essa foi a causa principal do desastre.
As observa��es feitas pelo profissional se baseiam em registros fotogr�ficos feitos desde que a barragem foi desativada, em 2015. “Fiquei impressionado com a quantidade de �gua que havia na barragem, j� que tratava-se de um per�odo em que j� estava desativada. Al�m disso, havia muita vegeta��o crescendo no plat�. N�o poderia haver tanta �gua acumulada ali”, avalia.
O engenheiro afirma ter percebido, tamb�m por imagem a�rea, um sumidouro de �gua no alto da represa. “Isso significa que o plat� estava recebendo a drenagem pluvial da mata a montante (acima do reservat�rio), ou seja, n�o havia drenagem retirando essas �guas de montante da barragem. Ou, se havia, estava com problema, como um bloqueio. A barragem estava recebendo essa carga d’�gua, e por isso ficou encharcada e fluida. Essa carga l�quida aumentou com as chuvas do fim de ano e liquefez o rejeito ali depositado”, avalia o especialista.

Se houvesse um escoamento funcionando ininterruptamente, segundo o engenheiro, a umidade natural do terreno teria se mantido e n�o haveria encharcamento. Mas nesse caso, para ele, como a �gua estava vertendo para dentro da barragem, houve infiltra��o. “O mais grave � que, quando a gente verifica as fotos de 2009, ali existiam canais de escoamento, mas depois eles somem nas imagens. A partir de 2015, quando sua opera��o parou, n�o se veem mais tais canais.”
Um outro detalhe, segundo ele, serve de sinal de que havia encharcamento na barragem: o crescimento de vegeta��o. “Houve uma recomposi��o da vegeta��o. N�o foi plantio. A gente percebe isso quando verifica as fotos a partir de 2015. Essa � a maior prova. Se n�o h� irriga��o em um terreno, se ele n�o est� encharcado, a vegeta��o n�o cresce, n�o se recupera.”

‘DENTRO DA NORMA’ Questionada sobre as observa��es a respeito da aparente infiltra��o de �gua na barragem que se rompeu, a Vale sustenta que tudo estava dentro das normas de seguran�a. Segundo a companhia, a presen�a de dutos para drenagem � medida padr�o para garantir a seguran�a de barragens, sendo “procedimento rotineiro, utilizado mundialmente”. “No caso espec�fico da Barragem 1, al�m dos j� existentes, foram instalados, em 2018, drenos adicionais, como medida complementar, antes do in�cio do processo de descomissionamento. Cabe lembrar que se tratavam de medidas preventivas, dado que os laudos t�cnicos indicavam a total estabilidade da estrutura”, informou a empresa, em nota.
Sobre o acumulo de �gua, um sumidouro l�quido no plat�, junto � mata visto em fotos a�reas de 2015, 2016, 2017, 2018, a companhia informa apenas que “isso significa que o plat� estava recebendo drenagem pluvial da mata a montante”, exatamente como observou o especialista.