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Estado de Minas

Bloqueio da BR-356 amea�a movimento do carnaval em cidades hist�ricas

Sem data para terminar, bloqueio da BR-356 imposto por risco em barragem afeta 25 mil motoristas por dia e amea�a at� mesmo o turismo na regi�o


postado em 22/02/2019 06:00 / atualizado em 22/02/2019 07:53

Barreiras ao tráfego na rodovia, em vigor desde a quarta-feira, exigem que motoristas utilizem desvios: saídas para minimizar o problema ainda estão em discussão(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )
Barreiras ao tr�fego na rodovia, em vigor desde a quarta-feira, exigem que motoristas utilizem desvios: sa�das para minimizar o problema ainda est�o em discuss�o (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )


Bloqueio sem data para terminar na rota do carnaval das cidades hist�ricas e 25 mil motoristas prejudicados todos os dias pela interdi��o da BR-356. Esse � o saldo preliminar do avan�o do risco no entorno das barragens de minera��o em Minas Gerais, depois que mais represas de rejeitos da mineradora Vale tiveram elevado seu n�vel de alerta, com um deles projetando sua mancha de inunda��o sobre a rodovia federal, em caso de rompimento. O tom usado ontem pelas autoridades demonstra que a situa��o pode se estender at� o carnaval, impondo dificuldades � vida de quem pretende passar a folia de Momo em cidades tradicionais para a festa, como Ouro Preto e Mariana. Defesa Civil, Pol�cia Militar e o secret�rio de Estado de Turismo e Cultura falaram em estudos para apontar solu��es paliativas para mitigar o problema, mas n�o adiantaram nenhuma defini��o para as barreiras ao tr�fego na BR-356.


O problema que afetou a BR-356 foi imposto pela barragem da Mina de Vargem Grande, em Nova Lima, segundo a Defesa Civil. Al�m de obrigar a restri��o de tr�fego na rodovia, o reservat�rio tamb�m exigiu a sa�da de 100 pessoas de suas casas, na �rea chamada zona de autossalvamento em caso de rompimento. Essa necessidade de evacua��o foi motivada pela mudan�a no fator de seguran�a de 1 para 2 do barramento, situa��o que se repete em outras seis barragens da Vale nos munic�pios de Nova Lima, Ouro Preto e Bar�o de Cocais, al�m de uma represa da Arcelor Mittal em Itatiaiu�u.

Quase 1,2 mil pessoas j� tiveram que sair de suas casas pela mudan�a do n�vel de seguran�a desses reservat�rios. Sobre a BR-356, o secret�rio de Estado de Turismo e Cultura, Marcelo Matte, reconheceu que o impacto para as cidades ligadas pela rodovia ser� grande. “Sabemos que Mariana j� investiu R$ 300 mil na decora��o da cidade e que existem 120 bonecos sendo confeccionados para o carnaval de Ouro Preto, que tem o maior baile de m�scaras do Brasil. Sabemos que essas cidades dependem visceralmente de suas atividades culturais e de turismo e que v�o sofrer um dano enorme com essa interdi��o. Estamos muito preocupados com esse impacto econ�mico. Est�o se construindo, com avalia��o t�cnica, uma s�rie de alternativas para essa interdi��o”, diz o secret�rio.

O caminhoneiro Eder de Castro não sabia como voltaria para casa, já que seu carro estava em um estacionamento depois do bloqueio e ele precisava guardar o caminhão(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )
O caminhoneiro Eder de Castro n�o sabia como voltaria para casa, j� que seu carro estava em um estacionamento depois do bloqueio e ele precisava guardar o caminh�o (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )


O impacto gerado pelo fechamento da BR-356 se estende a cerca de 25 mil motoristas por dia, de acordo com a Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRV). A estimativa foi repassada � corpora��o pela Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), segundo o tenente-coronel Paulo Ant�nio de Moraes, que � comandante do Batalh�o de Pol�cia Militar Rodovi�ria (BPMRv). De acordo com o oficial, n�o h� um prazo para que a rodovia seja reaberta e a prioridade � preservar vidas.  Entre as 17h e as 24h de ontem, o Comando de Policiamento Rodovi�rio (CPRv) fez um teste na rodovia e liberou o tr�fego nos dois sentidos da BR-356, que voltaria a se interditada depois desse per�odo. Uma reuni�o entre as autoridades e a Vale, marcada para a manh� de hoje, deve definir a situa��o para os pr�ximos dias.

Por ora, motoristas que tenham como destinos localidades �s margens da BR-356 ter�o que usar os seguintes desvios: ou pela MG-030, passando por Nova Lima, Rio Acima e Itabirito (esta �ltima liga��o por estrada de terra) ou dando uma volta maior de 80 quil�metros, pela BR-040 em Congonhas, depois Ouro Branco e por fim Ouro Preto, voltando � 356. “A gente solicita aos usu�rios que tenham um pouco mais de paci�ncia, que tenham cautela ao trafegar nas vias secund�rias para que preservemos a vida das pessoas envolvidas”, diz o militar.

SEM SA�DA Ainda na tarde de quarta-feira, a Defesa Civil de Minas Gerais anunciou o fechamento da BR-356 nos limites de Nova Lima (Grande BH) e Itabirito (Regi�o Central) pela mancha de inunda��o da Barragem de Vargem Grande apontar a possibilidade de invas�o de uma onda de lama na rodovia em caso de rompimento do reservat�rio. Inicialmente, o bloqueio tinha 15 quil�metros de extens�o e imp�s p� no freio a motoristas na noite de quarta, entre o Km 35 (Lagoa das Codornas) e 50 (perto do portal de acesso a Itabirito).

Essa interdi��o afetou at� a pr�pria Vale, j� que o caminhoneiro Heleno Marcelo Soares Magalh�es, de 44 anos, n�o foi autorizado pela Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRv) a passar por volta de meia-noite, j� no in�cio da madrugada de ontem, quando alcan�ou a rodovia com uma estrutura de campo para i�amento de correias que era destinada � �rea da mina de Vargem Grande. “Ficamos sem caf�, sem comida e sem nenhum apoio. Falaram que algu�m da Vale viria para liberar a passagem da carga, mas isso n�o aconteceu”, disse ele, que conversou com a reportagem quando j� estava parado na beira da estrada havia mais de 10 horas.Enquanto isso, as autoridades anunciaram que o bloqueio, antes de 15 quil�metros, tinha passado para seis, do Km 35 ao Km 41, para aliviar a vida de quem mora �s margens da rodovia ou trabalha em minas pr�ximas e poderia ficar preso, sem op��o de sa�da.

'Ficamos sem café, sem comida e sem nenhum apoio. Falaram que alguém da Vale viria para liberar a passagem da carga, mas isso não aconteceu
'Ficamos sem caf�, sem comida e sem nenhum apoio. Falaram que algu�m da Vale viria para liberar a passagem da carga, mas isso n�o aconteceu", contou Heleno Guimar�es (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press )


O caminhoneiro Eder de Castro, de 37, n�o sabia como voltaria para casa, j� que seu carro estava em um estacionamento perto da entrada de Vargem Grande e ele precisava guardar o caminh�o usado para trabalhar na madrugada de ontem. “Peguei servi�o �s 17h de quarta. Carreguei � Vargem Grande e fui at� Congonhas, entregar material na CSN. Quando voltei, por volta das 3h de hoje (ontem), encontrei o bloqueio. Moro em Itabirito e n�o consigo ir para casa”, disse ele. A PMRv imp�s, al�m dos dois bloqueios entre os Kms 35 e 41, uma terceira interdi��o no Km 29, liberando apenas a passagem do tr�nsito local. Dessa forma, quem seguia para trajetos mais longos fazia o retorno em frente ao Condom�nio Alphaville e seguia por algum dos desvios apontados.

TRANSPORTE P�BLICO
O impacto se estendeu n�o s� a motoristas, mas tamb�m a passageiros do transporte p�blico. Morador do Bairro Estoril I, em Nova Lima, �s margens da 356, o t�cnico em log�stica Rodrigo Nascimento Silva, de 29 anos, ficou sem �nibus para ir a Belo Horizonte. Ele contou que os coletivos que iam de Itabirito � capital mineira pararam de rodar. “Dependo do transporte p�blico, pois n�o tenho carro. Como eles fecharam a rodovia, os �nibus de Itabirito a BH pararam e nos deixaram sem transporte. Ficamos por conta de amigos e de quem tem autom�vel e pode auxiliar”, diz ele. Tamb�m moradora do mesmo bairro, a empregada dom�stica Marilene de Lourdes Paiva, de 35, disse que a restri��o imp�s uma barreira aos coletivos que levam trabalhadores da regi�o ao Condom�nio Alphaville.

Uma situa��o que deixou Marilene e outros moradores preocupados foi a montagem de uma estrutura de apoio no pr�prio Estoril I, com tendas e banheiros qu�micos, al�m de um espa�o alugado pela mineradora para concentrar reuni�es e presen�a de autoridades municipais, como a Defesa Civil de Itabirito e Ouro Preto. “Queremos saber o que vai acontecer com essas barragens. Estamos muito preocupados com essa situa��o e precisamos de informa��es”, afirma a dom�stica.

Cidades temem perda no turismo


A comunica��o da mineradora Vale de interdi��o de trechos da BR-356, que d� acesso �s cidades de Itabirito, Ouro Preto e Mariana, na noite de quarta-feira , causou surpresa � popula��o e deixou em alerta comerciantes e autoridades municipais. A apreens�o � principalmente no que diz respeito ao movimento de turistas, justo nas proximidades do carnaval. Os munic�pios se mobilizam para amenizar os impactos dessa medida e na tentativa de tranquilizar os que programam passar os dias de folia nessas cidades.

Uma reuni�o de associa��es comunit�rias e empresariais, �rg�os municipais e municipais est� programada para esta manh�, �s 9h, na Associa��o Comercial e Empresarial de Ouro Preto (Aceop). “Vamos tratar do assunto de forma coletiva, tomar um posicionamento e decidir sobre medidas efetivas”, disse a gerente da Aceop, Erc�lia Lima.

O secret�rio de Turismo de Ouro Preto e presidente da Associa��o das Cidades do Circuito do Ouro, Felipe Guerra, informou que come�ou a contatar os munic�pios afetados (Congonhas, Ouro Preto, Mariana, Ouro Branco e Itabirito) logo que soube da interdi��o. “Precisamos ainda saber se de fato ficar� fechada ou n�o at� o carnaval, informa��o essencial para um plano B. Ainda n�o nos passaram dados oficiais consolidados e aguardamos posicionamento das for�as de seguran�a para que possamos fazer um trabalho de marketing explicando como chegar �s cidades e quais as rotas dispon�veis, com as devidas sinaliza��es. � preciso tamb�m tranquilizar as pessoas que programam vir para a regi�o e explicar que n�o h� barragem se rompendo em Ouro Preto”.

O carnaval, segundo o secret�rio, � o maior evento tur�stico da cidade e a taxa de ocupa��o de hot�is e rep�blicas j� est� quase completa com as reservas. “� preciso explicar que n�o h� riscos para o Centro Hist�rico da cidade. A localidade que foi evacuada tem quatro moradias e est� a 70 quil�metros do Centro de Ouro Preto”.

De acordo com Felipe, o munic�pio recebeu 40 mil pessoas em 2018 e neste ano espera um crescimento de 25% no n�mero de turistas. A cidade viu injetados em sua economia em torno de R$ 15 milh�es no ano passado e espera que essa movimenta��o chegue a R$ 20 milh�es na folia que se aproxima.

O prefeito de Mariana, Duarte J�nior (PPS), disse que a not�cia foi muito negativa para a cidade, no momento em que se espera aquecer a economia. Ele defendeu que a Vale disponha de t�cnicos para monitorar as barragens, mantendo a estrada desobstru�da com a opera��o do sistema de “Pare e Siga”, com funcion�rios sendo informados 24 horas para fechar a estrada em caso de alguma movimenta��o dos rejeitos. “Acho que n�o precisava de todo esse alarde, que acaba criando p�nico. O carnaval de Mariana � um dos mais seguros e familiares do Brasil e nossa expectativa � de que 50 mil pessoas passem pela cidade nos quatro dias”.

A assessoria de comunica��o da Prefeitura de Itabirito informou que as autoridades municipais se reuniram na tarde de ontem com a Defesa Civil para maiores esclarecimentos sobre o fechamento da via. (Elian Guimar�es)

 

 

Arcelor faz acordo parcial

 

Ap�s 14 dias da retirada dos moradores do distrito de Pinheiros, em Itatiaiu�u, na Regi�o Metropolitana de BH, a ArcelorMittal, empresa respons�vel pela barragem de rejeitos da Mina Serra Azul, sem estabilidade garantida, concluiu negocia��es com atingidos e Minist�rio P�blico para atendimento emergencial �s fam�lias. O acordo preliminar foi assinado ontem, em um hotel de Ita�na, cidade vizinha, onde est�o os atingidos. O documento abrange aspectos humanit�rios, econ�micos, ambientais e t�cnicos, enquanto uma solu��o definitiva � estudada. Foram afetadas diretamente 187 pessoas de 59 fam�lias. Desse total, 142 de 42 n�cleos est�o no hotel e outros 45 integrantes da comunidade preferiram ficar em casa de parentes na regi�o. Cada n�cleo familiar ter� direito a um �nico abono no valor de R$ 5 mil para gastos emergenciais, que ser� pago em at� 15 dias �teis a contar da data de assinatura do acordo, al�m de pagamentos mensais tempor�rios.


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