
Da antiga rua de terra, cercada de casas que abrigavam muitas crian�as brincando de bola, bicicleta, roda e queimada, entre ramalhetes, restou a saudade gravada nas letras da m�sica de autoria de Tavito e Azambuja e imortalizada pelo Clube da Esquina. Sobraram tr�s ou quatro resid�ncias com moradores de gera��es mais recentes. Os pr�dios tomaram conta de todos os espa�os e substitu�ram os velhos casar�es. Em um deles, na esquina da Ramalhete com Caracol, uma placa fixada em 2005 reproduz os versos carinhosos dedicados aos compositores, um presente de antigos companheiros.

Em tempos de festas, como Natal e ano-novo, a rua era uma s� fam�lia se revezando nos diversos im�veis, conta Edelweiss, que faz quest�o de frisar a origem de seu nome, flor dos alpes, “que combina com a rua Ramalhete, somos todos flores”, brinca.
Bem no in�cio da rua est� a Casa Ramalhete, uma iniciativa do arquiteto Carlos Noronha, que manteve as caracter�sticas arquitet�nicas da d�cada de 1950, quando foi constru�da, e abriga hoje espa�o de arte compartilhada. A design Suka Braga, que ocupa espa�os da casa, disse que n�o conheceu Tavito, mas sabe de sua hist�ria e gosta muito da m�sica que tornou a rua t�o conhecida. O im�vel abriga ateli� de design, est�dio de beleza feminina e cole��es de obras de arte e antiguidades. Suka conta que soube que a rua j� abrigou gente com “certa influ�ncia nas artes e na pol�tica”, como o ex-prefeito de Belo Horizonte Rui Lage."Sem querer fui me lembrar De uma rua e seus ramalhetes, O amor anotado em bilhetes, Daquelas tardes"
Trecho da m�sica 'Rua Ramalhete', de Tavito
MUITAS HIST�RIAS A professora aposentada Cristiane Penna conta que se mudou para a rua h� 37 anos, quando se casou com Marcus Penna, j� falecido. Seu marido participava da turma que se reunia todo fim de tarde para as brincadeiras da �poca. “Sou dos tempos do Clube da Esquina, mas n�o conheci o Tavito, que era amigo de meu marido. Ele contava muitas hist�rias, inclusive de uma garota que tinha como apelido “Musa”. N�o sei se foi quem inspirou a m�sica”, revela.

Como Cristiane, o porteiro do Edif�cio Ramalhente, Raul Calixto, se lembra de “umas filmagens que fizeram aqui com o Tavito h� mais de 10 anos. Acho que foi na vota��o do s�mbolo de Belo Horizonte. Ele foi trazido com v�rios colegas de sua �poca e filmaram em v�rios pontos da rua”, conta Calixto. Porteiro h� 21 anos, ele diz que o pr�dio abriga alguns dos antigos moradores dos casar�es.
Enquanto o fot�grafo Gladyston Rodrigues procurava o melhor �ngulo para o registro fotogr�fico na Rua Ramalhete com Caracol, uma senhora passou de carro e gritou: “O Tavito est� eternizado em nossos cora��es!”.
