
Se o carnaval de Belo Horizonte vem disputando nota m�xima, ano ap�s ano, nos quesitos concentra��o e evolu��o, quando o assunto � dispers�o, o samba atravessa, as ocorr�ncias se multiplicam e a viol�ncia dispara. Neste ano, os epis�dios mais graves deixaram claro que � no fim da festa, entre o in�cio da noite e a madrugada, que est�o os maiores desafios � organiza��o e � seguran�a – embora durante todo o dia ocorram furtos e roubos, com destaque para os de celulares, e caos no tr�nsito. De s�bado at� a quarta-feira de cinzas, foi no per�odo noturno que ocorreram tr�s mortes, quatro estupros e os ataques a tiros contra tr�s pessoas, na Savassi, e a facadas contra outras quatro, entre elas dois turistas franceses. Uma das ocorr�ncias mais graves foi a morte do adolescente Robson Soares da Silva, de 16 anos, morador de Lagoa Santa, na Grande BH, que veio para a capital mineira para curtir a folia. Ele desapareceu ter�a-feira e seu corpo foi reconhecido por familiares ontem, no Instituto M�dico-Legal (IML).
O assassinato ainda � cercado por mist�rio. Equipes do Departamento de Investiga��o de Homic�dios e Prote��o � Pessoa iniciaram ontem levantamentos para tentar esclarecer o caso. O corpo do adolescente foi encontrado na madrugada de quarta-feira, na Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, mas permaneceu sem identifica��o at� ontem. De acordo com boletim de ocorr�ncia da Pol�cia Militar, testemunhas relataram que ele se envolveu em uma confus�o e que teve pertences pessoais roubados. A Pol�cia Civil abriu inqu�rito para investigar o caso, mas os laudos que podem identificar as causas da morte ainda s�o aguardados, assim como imagens de c�meras de seguran�a que podem ter flagrado o crime.

A testemunha acrescentou que se levantou �s 11h da quarta-feira e foi at� o quarto onde Robson havia se deitado, mas j� n�o o encontrou. Documentos do adolescente foram achados no c�modo e seu celular j� n�o atendia, segundo o relato. Os dois voltariam naquele dia para Lagoa Santa, na Grande BH, onde moram.
Segundo a PM, a morte do adolescente foi registrada por volta de 1h. Testemunhas acionaram a corpora��o dizendo que havia ocorrido uma briga generalizada na Avenida Afonso Pena, pr�ximo ao n�mero 550. A v�tima foi encontrada ca�da no ch�o. M�dicos do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) constataram que o adolescente j� estava morto. Testemunhas informaram que o estudante, durante a confus�o, bateu a cabe�a no ch�o. Outros envolvidos na briga levaram seus pertences antes de fugir.
V�rias perguntas permanecem sem respostas no epis�dio. A primeira delas � como, e por que, o adolescente saiu do Graja�, na Regi�o Oeste, depois de se recolher com o amigo, e foi parar na Pra�a Sete, no Hipercentro da capital. A segunda � em que circunst�ncias ocorreu a morte, se em fun��o da queda, de agress�es ou por algum outro motivo. E outras, relacionadas a quem s�o os envolvidos e qual a motiva��o para o crime.
DESPEDIDA O corpo do adolescente foi velado no Vel�rio Municipal de Lagoa Santa e sepultado no cemit�rio local. O Col�gio Chromos, unidade de Lagoa Santa, suspendeu as aulas no turno da manh� de hoje e as provas previstas para o turno da tarde. Em nota oficial a institui��o manifestou “profundo pesar pelo falecimento do aluno”. Muito abalada, a diretora da escola, Cristina Detomi, amiga da fam�lia, disse que Robson foi seu aluno desde o ensino infantil: “Estou sem ch�o. Assim que soube do desaparecimento, senti um calafrio. Acompanhei toda a trajet�ria escolar dele, que era um menino muito dedicado e proativo, inteligente e bastante interativo com os colegas. Estamos muito abalados”.
Robson foi a terceira v�tima de homic�dios durante o carnaval em Belo Horizonte. O primeiro epis�dio ocorreu no Bairro Castelo, na Regi�o da Pampulha, quando uma briga levou � morte de um rapaz de 18 anos no domingo. O segundo vitimou no domingo uma mulher de aparentes 30 anos, nas proximidades do palco fixo montado pela prefeitura na Pra�a da Esta��o, no Centro – espa�o que concentrou o maior n�mero de ocorr�ncias graves, com quatro den�ncias de estupro e um esfaqueamento. Todas os casos ocorreram � noite ou durante a madrugada.
Crimes recuaram, diz PM
Apesar do aparente agravamento da viol�ncia em ocorr�ncias na capital, balan�o da Pol�cia Militar sustenta ter havido redu��o no total de crimes violentos no carnaval deste ano na cidade. De acordo com o registro oficial da PM, a queda foi de 59,91% em rela��o a 2018, considerando levantamento que ainda deve ser detalhado em conjunto com a Prefeitura de BH. No estado, a diminui��o no total de registros oficiais ficou em 56,93%, de acordo com a corpora��o.
Os casos de homic�dios em Minas ca�ram de 67 para 46, redu��o de 31,34%. Segundo a PM, oito deles t�m rela��o direta com o carnaval – o que significa que a capital sozinha responde por 37,5% dos registros. A queda dos registros de roubos foi de 57,89%, de 1.572 para 662, sendo que 106 tiveram a ver com o evento, de acordo com a corpora��o. Os estupros apresentaram redu��o de 26 para 16 (recuo de 38,46%), um quarto deles na capital. E os registros oficiais indicaram ainda 41 crimes de importuna��o sexual, 25 pris�es e dois menores apreendidos.
Sobre as queixas de roubos de celulares, a PM apontou varia��o negativa de 40,89%, sendo 1.208 ocorr�ncias contra 714 em 2019, e os furtos de 1.775, para 1.184. Questionado sobre o registro de furtos de aparelhos como “extravios”, como apurou o Estado de Minas durante o carnaval, o comandante-geral da PM, coronel Geovanne Silva, disse que o termo depende do relato da v�tima. “Se a pessoa deu falta do celular muito tempo depois, n�o sabe como o aparelho desapareceu, pode ser considerado extravio”, admitiu. E o balan�o de “extravios” n�o separa especificamente os de smartphones, registrados nas ocorr�ncias como “objetos pessoais” (que incluem correntinhas, rel�gios e outros bens). N�o foram divulgados n�meros absolutos. Apenas porcentagens.
RISCO NOTURNO
Confira as mais graves ocorr�ncias durante os dias oficiais de folia
Noite de s�bado
Uma jovem de 19 anos procurou a Pol�cia Militar, na Pra�a da Esta��o, no Centro de Belo Horizonte, para denunciar ter sido estuprada enquanto curtia o carnaval. Segundo o boletim de ocorr�ncia, o crime aconteceu por volta de 20h30. A jovem teria se afastado dos colegas para ir a um banheiro qu�mico quando foi abordada.
Noite de domingo
Uma briga terminou em morte durante evento de carnaval no Bairro Castelo, Regi�o da Pampulha. Um jovem de 24 anos foi preso pela PM suspeito do crime. Ao ser abordado contou ter vomitado, atingido o p� da namorada da v�tima. Na vers�o do suspeito, o rapaz come�ou a agredi-lo, ele se defendeu e o rapaz, de 18 anos, teria ca�do e morrido. Por�m, testemunhas relataram que o suspeito bateu com a cabe�a da v�tima v�rias vezes no ch�o.
Tr�s pessoas foram baleadas, em duas ocorr�ncias com intervalo de poucos minutos na Regi�o da Savassi. Um jovem levou um tiro no abd�men na esquina das ruas Professor Moraes e Santa Rita Dur�o, ap�s um desentendimento entre dois grupos de jovens. Momentos depois, uma mulher e outro rapaz ficaram feridos, com menos gravidade, na esquina das avenidas Crist�v�o Colombo e Getulio Vargas.
Duas jovens, de 19 e 21 anos, foram v�timas de abusos sexuais na Pra�a da Esta��o, no Centro de BH. Elas esperavam a chegada de carro de transporte privado por aplicativo, quando um homem de 36 as amea�ou, segundo a PM. O homem, que portava uma arma falsa, ainda roubou celulares das mulheres.
Madrugada e noite de segunda
Uma mulher de 32 anos foi esfaqueada no abd�men, tamb�m nas proximidades da Pra�a da Esta��o, de madrugada. Inconsciente, ela foi socorrida por populares at� o Hospital Municipal Odilon Behrens, no Bairro S�o Crist�v�o, Regi�o Nordeste da capital, onde ficou internada.
Dois franceses foram esfaqueados ap�s uma tentativa de assalto na noite de segunda, na Avenida dos Andradas, no Bairro Santa Efig�nia. Segundo a Pol�cia Militar, eles participavam de eventos de carnaval na regi�o. O boletim de ocorr�ncia foi registrado �s 22h39. Os turistas estavam sem documentos, mas foram identificados como Sebastian Cayol e Lucas Dru, ambos de 38 anos.
Noite de ter�a-feira
Uma mulher de aproximadamente 30 anos foi encontrada morta durante a festa na Pra�a da Esta��o, com sinais de estrangulamento. A jovem chegou a ser levada at� o Posto M�dico Avan�ado na pra�a, mas j� chegou morta. Bombeiros e brigadistas do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) tentaram a reanima��o por cerca de 20 minutos.
Madrugada de quarta-feira
Por volta de 1h, foi encontrado na Avenida Afonso Pena, pr�ximo � Pra�a Sete, o corpo do adolescente Robson Soares da Silva, de 16 anos, morador de Lagoa Santa, que estava na capital mineira para curtir o carnaval. Ele teria sido v�tima de uma briga generalizada.
Por volta das 3h, policiais militares foram abordados por um homem ferido no pesco�o ap�s uma briga na Rua Esp�rito Santo, no Centro. De acordo com a PM, ele estava em um bar quando foi surpreendido por tr�s homens, um deles armado com um canivete, que o golpeou.
Uma adolescente de 14 anos foi v�tima de abuso na Pra�a da Esta��o, no Centro de BH. A menor comemorava os �ltimos momentos do carnaval quando um homem de 39 a amea�ou com uma faca. A menor come�ou a gritar, o que chamou a aten��o do seu namorado, que evitou que o suspeito desse sequ�ncia ao estupro.