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Estado de Minas

Vivendo quase 100% do turismo, Macacos sente a fuga dos visitantes no carnaval

Temor pelo alerta de rompimento de barragem fez turistas desaparecerem de S�o Sebasti�o das �guas Claras, distrito de Nova Lima conhecido como Macacos


postado em 08/03/2019 06:00 / atualizado em 08/03/2019 12:46

Empresário Wellington Vaz Ferreira teve que dispensar seis funcionários e não vendeu nem 10% do que esperava durante os dias da folia (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Empres�rio Wellington Vaz Ferreira teve que dispensar seis funcion�rios e n�o vendeu nem 10% do que esperava durante os dias da folia (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Passado o per�odo considerado mais forte do ano para pousadas, restaurantes, passeios tur�sticos e demais tipos de com�rcio de S�o Sebasti�o das �guas Claras, distrito de Nova Lima conhecido como Macacos, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, empres�rios do vilarejo amargaram um preju�zo desanimador. Apesar da estimativa de que o movimento do feriado prolongado seria ruim, ainda assim as ruas completamente esvaziadas quando o normal seria as ladeiras lotadas deixou todos extremamente angustiados quanto ao futuro que vem pela frente depois que a Vale ligou o alerta de rompimento para a barragem B3/B4, da Mina Mar Azul, e gerou fuga imediata dos visitantes. Como a comunidade vive quase que 100% do turismo, a vila de Macacos foi severamente impactada.

O carnaval � o momento do ano que � mais esperado pelo empres�rio Luiz Carlos Rodrigues Filho, propriet�rio de um complexo que conta com pousada, camping, bar, casa noturna e o famoso restaurante Planeta Macacos. Depois de seis anos de obras e adapta��es, ele esperava de fato fazer a inaugura��o de todo o complexo neste carnaval, finalizadas todas as pend�ncias. “Meu projeto foi adiado n�o sei para quando. Eu n�o tive um cliente no carnaval. Meus 12 funcion�rios est�o de aviso-pr�vio e � muito prov�vel que eu feche no fim do m�s”, diz.

Ele conta que a mineradora reservou todos os 11 quartos que tiveram as reservas canceladas para o carnaval, mas nenhum h�spede ocupou as acomoda��es, mantendo o vilarejo vazio. “A Vale esvaziou completamente o turismo de Macacos”, afirma Luiz. Para o empres�rio, o turismo s� volta quando a mineradora concluir 100% do descomissionamento da barragem. “Enquanto for essa assombra��o, n�o vai ter jeito. � uma situa��o deprimente, todas as pessoas est�o sem horizonte e o carnaval que deveria ser uma �poca de alegria ficou desse jeito”, completa.

O empresário Luiz Carlos Rodrigues Filho não teve clientes no carnaval e acredita que o turismo só vai será retomado em Macacos com o descomissionamento da barragem da Vale(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
O empres�rio Luiz Carlos Rodrigues Filho n�o teve clientes no carnaval e acredita que o turismo s� vai ser� retomado em Macacos com o descomissionamento da barragem da Vale (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


Quando se fala em Macacos, uma das principais refer�ncias � o restaurante Acervo da Carne, que j� funcionava na chegada ao vilarejo h� 25 anos. Funcionava porque desde 16 de fevereiro, quando a sirene da Vale alertou a popula��o do risco com a barragem B3/B4, o estabelecimento foi fechado. “Meus funcion�rios entraram em p�nico e ningu�m quer trabalhar. Todos os 30 est�o de aviso-pr�vio para que eu possa ganhar um tempo”, diz o empres�rio Oldrich Dusanek J�nior, que comanda o Acervo junto com a irm�.

Em 2001, ele passou pela mesma situa��o quando houve o rompimento da barragem da mineradora Rio Verde e j� sabe o que fazer para tentar evitar que o Acervo da Carne seja fechado para sempre. “Naquela �poca precisei fazer a demiss�o de 28 dos meus 45 funcion�rios. Por enquanto optei por encerrar temporariamente para n�o comprometer toda a estrutura, mas como j� enfrentei esse problema acho que o retorno do turismo ser� a m�dio e longo prazo”, afirma.

ERA O MOMENTO
O preju�zo com o fechamento total no carnaval vem no momento em que Macacos certamente compartilharia o aumento do movimento com a festa em BH. “N�o tenho d�vidas que com BH bombando no carnaval, Macacos tamb�m seria um destino bastante procurado. � nossa melhor �poca do ano, a gente trabalha dia e noite praticamente 10 dias ininterruptos. O carnaval � nosso 13º, 14º sal�rio. Momento em que a gente coloca as contas em dia”, diz Oldrich.

O restaurante Acervo da Carne est� em um ponto mais baixo da vila, mas segundo o propriet�rio n�o seria impactado pela poss�vel passagem de uma onda de lama, conforme informa��es que ele recebeu da Vale. De qualquer forma, ele n�o v� nenhuma condi��o para abrir. Por�m, o vizinho de frente, Kleber Ribeiro, est� na rota de um poss�vel rompimento. Kleber � dono de uma locadora de quadriciclos para passeios, outro setor severamente impactado pela fuga dos turistas.

Ele tinha o costume de fazer 32 passeios por dia de carnaval, com base em folias passadas. “Fiz sete durante todo o carnaval de 2019. Tive que sair do lugar onde fica minha base e coloquei todos os quadriciclos na pra�a. Mesmo aumentando a exposi��o, eles ficaram vazios. Al�m disso, os trajetos dos passeios tiveram que ser modificados, porque boa parte deles inclu�a �reas consideradas de risco pela proje��o da mancha de inunda��o da barragem. “A passagem pela trilha da Matinha era a parte que as pessoas mais gostavam, mas agora n�o podemos mais fazer”, diz ele.

No restaurante Evolu��o da Gula, do empres�rio Wellington Vaz Ferreira, que fica na rua principal de Macacos, ele n�o vendeu 10% do que esperava para o carnaval. “Tive que dispensar seis funcion�rios entre freelancers e fixos e ficamos apenas eu, minha m�e e meu irm�o. Se a Vale n�o fizer nada para modificar a imagem de Macacos, n�o temos previs�o de recuperar o que foi perdido. Eu s� n�o fechei pois estou recebendo o pessoal que est� trabalhando para a empresa, mas diminu� bastante a margem de lucro para fazer esse atendimento. N�s sempre vivemos aqui do turismo, nunca da mineradora. Talvez seja a hora de a empresa fazer algo pelo vilarejo de Macacos”, afirma.

Locadora de quadriciclos foi uma das mais afetadas após o alerta de rompimento da barragem na comunidade (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Locadora de quadriciclos foi uma das mais afetadas ap�s o alerta de rompimento da barragem na comunidade (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


Justi�a d� prazo para pagamentos

A Justi�a intimou a mineradora Vale a apresentar um relat�rio parcial de pagamentos aos atingidos pelo rompimento da Barragem 1 da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho. A decis�o foi tomada em audi�ncia de concilia��o na 6ª Vara da Fazenda Estadual de Belo Horizonte, pelo juiz Elton Pupo Nogueira. O prazo estabelecido � at� 4 de abril. Tamb�m ficou acordado que cada n�cleo familiar do C�rrego do Feij�o e do Parque da Cachoeira vai receber uma cesta b�sica por m�s, durante 12 meses.

Se a Vale n�o apresentar o cronograma, o juiz vai liberar o dinheiro retido. “S� n�o d� para fazer agora porque n�o sabemos quantas pessoas v�o receber o valor. Mas, assim que soubermos, o juiz precisar� disponibilizar o dinheiro j� bloqueado pela Justi�a”, explicou Andr� Sperling, representante do Minist�rio P�blico de Minas Gerais.

A Vale concordou em receber at� hoje o cadastramento coletivo das fam�lias, e em usar os documentos juntados pelas comunidades do C�rrego do Feij�o e do Parque da Cachoeira, entregues ao Minist�rio P�blico e � Defensoria P�blica. De acordo com o Tribunal de Justi�a, o material passar� por an�lise para in�cio dos pagamentos.

Tamb�m ficou designada audi�ncia de concilia��o para o dia 21, data em que a Vale se comprometeu a apresentar a an�lise da documenta��o individual dos atingidos e a demonstrar que n�o haver� falta de �gua ou como ser� suprido seu fornecimento nas cidades que dependiam da capta��o do Rio Paraopeba.

Na mesma data, a mineradora dever� demonstrar ainda a atua��o nos acessos p�blicos atingidos pelo rompimento da barragem, incluindo a ponte da Fazenda Jos� Linhares. O Minist�rio P�blico manifestou preocupa��o com a possibilidade de haver um acidente no local.

A fim de garantir celeridade na ado��o das medidas emergenciais e evitar dificuldades na tramita��o dos autos da a��o judicial, a Vale e o estado de Minas Gerais celebraram acordo para que a contrata��o de produtos ou servi�os necess�rios seja feita extrajudicialmente, bem como as despesas emergenciais relacionadas ao rompimento. O valor de R$ 1 bilh�o continua como garantia, sendo R$ 500 milh�es depositados em ju�zo e os outros R$ 500 milh�es, que poder�o ser substitu�dos por garantias com liquidez corrente, fian�a banc�ria ou seguros.


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