(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Para garantir preserva��o, principal nascente do Rio Paraopeba ser� fechada

Escondido em mata a 118 quil�metros de BH est� o ber��rio que verte �gua cristalina para formar curso hoje considerado morto por ambientalistas. Mas a vida dura poucos quil�metros


postado em 12/03/2019 06:00 / atualizado em 12/03/2019 08:12

Itamar Teixeira Neves prova da água da nascente: pureza que se perde pouco depois, quando o rio cruza Cristiano Otoni, que precisa usar água de poços(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Itamar Teixeira Neves prova da �gua da nascente: pureza que se perde pouco depois, quando o rio cruza Cristiano Otoni, que precisa usar �gua de po�os (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


Cristiano Otoni –
Mata nativa densa, com �rvores, arbustos espinhentos e cip�s, protege em Cristiano Otoni, a 118 quil�metros da capital, uma parte vital do Rio Paraopeba que continua viva, a salvo das agress�es da minera��o: a nascente cristalina do afluente do S�o Francisco golpeado pela contamina��o de metais ap�s o rompimento da barragem da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho, na Grande BH. Quem v� agora as �guas escuras e espessas transportando a lama de rejeitos de min�rio desde 25 de janeiro, custa a acreditar que se trata do mesmo manancial. O pior � que, a apenas sete quil�metros de seu ber��rio, o Paraopeba j� come�a a sofrer duros revezes, com o lan�amento de esgoto in natura no leito que segue rumo ao Lago de Tr�s Marias, em Felixl�ndia, na Regi�o Central.

Hoje, a principal nascente do Paraopeba, que fica em uma fazenda, vai ganhar mais prote��o, de acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), ligado � Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad). O diretor-geral da institui��o, Ant�nio Malard, adianta que o propriet�rio concedeu autoriza��o para o fechamento da �rea na qual est� a origem do rio, devendo ser assinado, na oportunidade, um termo de compromisso. “A medida � essencial para a preserva��o, pois impede a entrada de animais e outras amea�as � nascente”, diz Malard.

Sobre a prote��o � nascente, com cerca, enquanto o rio � considerado morto a partir de Brumadinho por ambientalistas que o percorreram, o diretor-geral do IEF sustenta que o Paraopeba pode ser recuperado com uma s�rie de a��es, o que torna fundamental a conserva��o do local onde brotam suas primeiras gotas, para garantir a produ��o e a qualidade da �gua. Ele afirma que na Bacia do Paraopeba est�o em andamento 60 trabalhos semelhantes, no mesmo sistema, na regi�o de Jeceaba. “Estruturamos a atividade e entregamos ao propriet�rio os insumos (mour�es, arame farpado, pregos e grampos) e monitoramos”, contou. Em Minas, h� outros programas nesse sentido, incluindo a Bacia do Rio Doce, que foi devastada a partir do rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, em 5 de novembro de 2015.

A equipe do Estado de Minas esteve na nascente do rio que se tornou cen�rio de centenas de mortes e desaparecidos e de devasta��o ambiental desde a cat�strofe da Vale. Localizada na comunidade de Cana do Reino, a principal nascente fica numa propriedade que desenvolve a pecu�ria de leite, e tem dif�cil acesso: � preciso caminhar cerca de um quil�metro e atravessar o pasto. Mais 30 passos no mato e chega-se � �gua cristalina que corre tranquila e � “totalmente pot�vel”, conforme assegura Itamar Teixeira Neves, de 59 anos, que conhece a regi�o como a palma da m�o e se orgulha do tesouro escondido no meio do verde na propriedade.

Bem pertinho da nascente, Itamar p�e as m�os em concha e bebe do l�quido sem turbidez. “O propriet�rio da fazenda cuida muito bem. N�o h� capta��o aqui dentro, ela � bem preservada e o acesso � dif�cil. H� outra nascente, mas temos esta como principal”, afirma. Logo depois, ele guia a equipe at� a lagoa formada pelo riacho. Dali em diante, as �guas seguem o curso do Paraopeba e o homem nascido na “ro�a” de Catal�o Carana�ba, no munic�pio vizinho de Carana�ba, se lembra da situa��o em Brumadinho. ”Tudo isso que aconteceu deixa a gente muito triste. Acabaram com o rio.” 

A água é cristalina e potável, como mostra Itamar, antigo morador da região(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
A �gua � cristalina e pot�vel, como mostra Itamar, antigo morador da regi�o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
POLUI��O J� no Centro de Cristiano Otoni, munic�pio de 5,3 mil habitantes cortado pelo Paraopeba e �s margens da rodovia BR-040, � poss�vel ver que o brilho da principal nascente � apagado pela mat�ria org�nica in natura que chega das casas, com�rcio e outros estabelecimentos. “Todo o esgoto da cidade vai para dentro do rio. Olha naquele canto ali, voc� pode ver o cano despejando a sujeira”, diz o chefe de gabinete da prefeitura, G�rson Luiz de Souza Lima, ao mostrar a �gua se contaminando cada vez mais.

Olhando o rio de uma ponte perto da prefeitura, G�rson Luiz d� uma informa��o que poder� melhorar a sa�de da popula��o e mudar a qualidade da �gua do castigado rio. “Estamos em processo de dispensa de licita��o para assinatura do contrato com a Copasa para a constru��o de uma esta��o de tratamento de esgoto (ETE)”, explica. “O fornecimento de �gua j� � da Copasa, mas de po�o artesiano. E � curioso, pois temos as nascentes do Paraopeba e o abastecimento n�o vem dele.”

Mais curioso � notar que, num pared�o que margeia o rio ainda estreito, h� uma placa com o aviso: “Jogar lixo no rio � crime ambiental”. O que v�, no entanto, s�o sacos de detritos, pneus de bicicleta e objetos que deveriam estar em outro lugar. “Temos coleta seletiva quatro vezes por semana, mas nem assim deixam de lan�ar res�duos”, afirma G�rson, lembrando que at� cachorro morto pode ser encontrado no leito. Em nota, a Copasa informa que “as tratativas com o munic�pio de Cristiano Otoni para que a empresa assuma os servi�os de esgotamento sanit�rio foram finalizadas. No momento, est�o sendo providenciados os documentos necess�rios, e o contrato redigido em sua vers�o final, para assinaturas e publica��o”.

Em Cristiano Otoni, a Copasa atuar� nos servi�os de esgoto, em conformidade com o Plano Municipal de Saneamento aprovado pelo munic�pio. J� na Bacia do Paraopeba, a estatal det�m a concess�o do servi�o de esgotamento sanit�rio em 17 cidades do total de 48 munic�pios, 35 dos quais � beira do rio que tem a extens�o de 510 quil�metros Hoje, o trecho considerado impr�prio compreende desde a conflu�ncia do Paraopeba com o C�rrego Ferro-carv�o at� Par� de Minas, na Regi�o Centro-Oeste. O governo de Minas chegou a divulgar uma nota pedindo para ningu�m usar a �gua bruta em qualquer finalidade, at� que a situa��o seja normalizada.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)