
A maior festa de carnaval j� vista em Belo Horizonte recebeu 4,3 milh�es de foli�es, um crescimento de 13% em rela��o ao ano passado. Mesmo abaixo dos 20% de expans�o projetados pela Belotur, autoridades comemoraram os resultados, embalados por 410 blocos em 23 dias do per�odo oficial da festa momesca. O n�mero de turistas na cidade chegou a 204 mil – aumento de 18% em rela��o ao ano passado. Mas, na contram�o da divers�o e da alegria, o grande n�mero de furtos de telefone, o tr�fego travado e os crimes violentos desafiam os organizadores, ainda que a Pol�cia Militar aponte queda na compara��o com 2018, e a Empresa de Transportes e Tr�nsito de Belo Horizonte (BHTrans) avalie como positivas as solu��es vi�rias deste ano.
Mas a sensa��o de seguran�a ainda pode melhorar. Em eventos diretamente relacionados � festa houve pelo menos tr�s mortes, tr�s baleados e quatro esfaqueados. No ano passado, nenhum caso grave de agress�o ou homic�dio foi divulgado pela imprensa. Por�m, n�meros da Pol�cia Militar mostram o contr�rio: redu��o dos crimes registrados durante o per�odo de folia. A PM informou que houve queda de 40,8% dos crimes violentos em compara��o com o mesmo per�odo de 2018, passando de 1.087 para 644. “A redu��o dos crimes violentos foi muito significativa, considerando a magnitude do evento. Ocorreram fatos pontuais e isolados que merecem aten��o, tais ocorr�ncias s�o avaliadas em todas as suas especificidades pontualmente, para futuros planejamentos”, informou a corpora��o. Respons�vel pelo Comando de Policiamento da Capital, o coronel Anderson de Oliveira pontuou que, com o grande volume de pessoas, o n�mero de infratores aumenta, mas que a corpora��o conseguiu coibir crimes. Segundo ele, os n�meros devem ser “comemorados”. Homic�dios ca�ram de 20 para 17.
VIOL�NCIA Era f�cil encontrar um foli�o que tivesse perdido o celular em meio � festa. Mesmo assim, de acordo com a PM, houve queda de 41% nos roubos (de 688 para 405) e 2,5% nos furtos, de 2.662 para 2.596. No caso espec�fico dos aparelhos celulares, houve diminui��o de 41,1% (de 688 em 2018 para 405 em 2019). Foram registradas 326 ocorr�ncias com apreens�o de drogas, 117 de armas de fogo, 76 de armas brancas e 29 de simulacro de arma.
Outros epis�dios que chamaram a aten��o foram os de estupro. Na Pra�a da Esta��o, onde a prefeitura montou um palco, ocorreram pelo menos tr�s casos. Por�m, os n�meros oficiais mostram redu��o: seis ocorr�ncias, contra oito de 2018. N�o foi informado quantas pessoas foram presas por crimes deste tipo. A Pol�cia Civil n�o detalhou a procura da Delegacia Especializada de Mulheres para denunciar agress�es, estupros e importuna��es sexuais.
Melhorar tr�nsito � uma das miss�es
Um dos principais desafios para o pr�ximo ano ser� dar conta do fluxo de ve�culos durante a folia. E a comunica��o sobre fechamento de vias e a cria��o de bols�es de interdi��o durante o Carnaval dever� ser revista para o pr�ximo ano. Segundo o presidente da BHTrans, C�lio Bouzada, este ano “foi insuficiente”. De acordo com ele, os agentes deviam informar aos moradores que o acesso poderia ser feito nos momentos em que desfiles n�o estavam ocorrendo e reconheceu problemas. Inclusive, os crit�rios e procedimentos para fechamento de vias ser�o discutidos em audi�ncia p�blica, em 28 de mar�o. De acordo com o vereador Jair Di Greg�rio (PP), requerente da audi�ncia, moradores ficaram impedidos de sair de suas casas e de tirar carros das garagens. A avalia��o da autarquia, no geral, foi positiva em rela��o aos bols�es. “N�o h� outra forma de trabalhar para evitar que pessoas fiquem presas no meio do tumulto”, afirma Deusuite Matos, diretora regional de opera��o do �rg�o. A estrat�gia deve permanecer no Hipercentro, na Pra�a 7, e na Savassi.
J� na opini�o do presidente da Belotur Gilberto Castro, muito precisa ainda ser avaliado quanto a novas estrat�gias para o carnaval de 2020. Ele j� antecipa que a demanda de banheiros qu�micos (que passaram de 14 mil para 15 mil) n�o foi suprida. “Melhorou muito, mas ainda recebemos cr�ticas. Continuamos focados a esse quesito e todos os outros para que a gente entenda o que foi bom e o que foi ruim”, declarou. “Acreditamos no crescimento org�nico para manter bom servi�o. N�o queremos que a festa tenha um �pice e depois des�a ladeira abaixo. Queremos manter no topo o maior tempo poss�vel”, acrescentou.
“Muito planejamento e constru��o precisa ser feito”
Ouvido pela reportagem do EM, o idealizador, cantor e coordenador do bloco Baianas Ozadas, Geo Cardoso, tamb�m fez um balan�o do carnaval 2019 na capital. Para ele, ainda h� v�rios aspectos que precisam ser melhorados na folia de Belo Horizonte.
“De p�blico tem sido sucesso nos �ltimos anos, pois cresce. Mas ser� que s� o crescimento de p�blico � o que desejamos a cada folia?”, questionou. “Pela propor��o que tomou, sendo hoje o maior evento da cidade, muito de planejamento e constru��o precisa ser feito. Se neste 2019 a seguran�a p�blica foi uma das principais quest�es, n�o podemos esquecer que hoje Belo Horizonte � o maior carnaval do estado e o poder p�blico estadual ainda n�o participa do carnaval nem com representatividade do turismo e nem da cultura”, comentou.
Na segunda-feira de carnaval, o cortejo do Baianas Ozadas quase n�o chegou � Pra�a da Esta��o, ponto de encerramento do desfile do bloco desde 2013. Ainda na Avenida Afonso Pena, eles foram surpreendidos por uma ordem que, segundo ele, partiu do Centro de Integrado de Opera��es de Belo Horizonte (COP-BH) por parte dos produtores culturais da Belotur, para que os foli�es n�o fossem at� o ponto tur�stico. “At� o dia do desfile o trajeto que o bloco j� realiza h� tr�s anos havia sido aprovado, utilizando desde 2017 tamb�m o mesm�ssimo trio el�trico. Por que mudar? Em parte do trajeto fomos atestar que nada do que apontamos um m�s atr�s por um 'Relat�rio de Visita T�cnica'solicitado pela Belotur n�o tinha sido feito. N�o foram feitas podas de �rvores nas vias, n�o foram reposicionadas placas e sem�foros como em anos anteriores e algumas novas fia��es em posi��o baixa n�o foram suspendidas ou reposicionadas. Ficou claro que houve um aumento de exig�ncias e burocracias, mas na pr�tica pouca coisa evoluiu”, detalhou Geo.
“Se a administra��o municipal aposta no crescimento do carnaval, deve ter uma postura diferente da atual, deve pensar o carnaval de forma legal, com uma legisla��o constru�da a partir de um di�logo franco e aberto com a sociedade civil, organizadores de blocos, artistas da m�sica e produtores culturais. Para assim pensar a sustentabilidade da festa e da cidade com um fomento respons�vel do mercado e toda cadeia produtiva que o carnaval envolve”, pontuou.
o em.com.br entrou em contato com a Belotur e aguarda resposta
Arrast�o da folia
4,3 milh�es de foli�es foram �s ruas
410 blocos
447 cortejos em dias de festa
80,1% moradores de Belo Horizonte
19,9% visitantes
204 mil turistas, aumento de 18% em rela��o a 2018
Ocorr�ncias mais graves
Noite de s�bado
» Estupro de uma mulher de 19 anos na Pra�a da Esta��o
Noite de Domingo
» Morte de um homem de 18 anos numa briga generalizada no Bairro Castelo
» Tr�s pessoas baleadas na Savassi em ocorr�ncias distintas. Na esquina das ruas Professor Moraes e Santa Rita Dur�o, ap�s briga de dois grupos de jovens, um deles levou um tiro no abd�men. Na esquina das avenidas Crist�v�o Colombo e Get�lio Vargas, uma mulher e um homem ficaram feridos, mas com menos gravidade.
» Duas mulheres, de 19 e 21 anos, foram v�timas de abusos sexuais na Pra�a da Esta��o
Madrugada e noite de segunda
» Uma mulher de 32 anos foi esfaqueada no abd�men nas proximidades da Pra�a da Esta��o
» Dois franceses foram esfaqueados ap�s tentativa de assalto, na Avenida dos Andradas, no Santa Efig�nia.
Noite de ter�a-feira
» Uma mulher de aproximadamente 30 anos foi encontrada morta durante a festa na Pra�a da Esta��o, com sinais de estrangulamento
Noite de quarta-feira
» Adolescente de 16 anos encontrado morto na Avenida Afonso Pena, pr�ximo � Pra�a Sete
» Homem foi ferido com canivete no pesco�o ap�s briga na Rua Esp�rito Santo, no Centro
» Adolescente de 14 anos foi v�tima de abuso sexual na Pra�a da Esta��o