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Estado de Minas

Documento simulava hip�tese de liquefa��o de barragem da Vale em Brumadinho

Falha na estrutura � apontada pelos investigadores como a prov�vel causa do rompimento


postado em 19/03/2019 06:00 / atualizado em 19/03/2019 07:45

Depoimentos de funcionários da Vale e da Tüv Süd na semana passada tiveram o plano de ação de emergência para a barragem como fio condutor(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Depoimentos de funcion�rios da Vale e da T�v S�d na semana passada tiveram o plano de a��o de emerg�ncia para a barragem como fio condutor (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


Um colapso previsto em todas as suas dimens�es. O Plano de A��o de Emerg�ncia para Barragens de Minera��o (PAEBM), linha condutora das investiga��es da for�a-tarefa que apura as causas do rompimento na Mina C�rrego do Feij�o, que matou at� o momento 207 pessoas e deixou 101 desaparecidas, mostra claramente quais s�o os sinais de alerta, as medidas a serem tomadas e, a partir disso, os n�veis de emerg�ncia que v�o de 1 a 3, sendo o �ltimo situa��o de ruptura iminente ou que est� ocorrendo. A hip�tese de liquefa��o dos rejeitos, levantada nas investiga��es e por especialistas, � uma das causas apontadas no documento para a falha de estabilidade da Barragem 1, que se rompeu em 25 de janeiro.

Coincidentemente ou n�o, no cap�tulo destinado aos estudos de inunda��o e ao cen�rio vigente diante de uma ruptura, entre v�rias op��es foi selecionado justamente a hip�tese apontada como causa para um eventual rompimento. De acordo com a simula��o, o modo de falha de liquefa��o apontava a propaga��o da onda de ruptura e o mapeamento das �reas potencialmente inund�veis por aproximadamente 65 quil�metros de extens�o, a jusante da barragem, considerando os trechos do C�rrego Samambaia, Ribeir�o Ferro-Carv�o e o Rio Paraopeba, inseridos na Bacia do Rio S�o Francisco.

Mapas no documento apresentam informa��es como vias de acesso, cidades ou n�cleos populacionais, marcos de dist�ncia e de tempo de chegada da onda de ruptura e Zona de Autossalvamento. “O territ�rio para a propaga��o da onda de ruptura, a jusante da Barragem I, � composto por diversos usos e coberturas. Parte da vegeta��o existente na �rea � classificada como de grande porte, como �reas de florestas e reflorestamento, al�m de �reas de pastagens, observando-se a presen�a de �reas antropizadas nas manchas urbanas”, afirma o texto. Seriam – e foram – afetadas: �rea operacional da Mina C�rrego do Feij�o, nos primeiros dois quil�metros a jusante da barragem; v�rios pontos da linha f�rrea ramal C�rrego do Feij�o pertencente � MRS; povoado de C�rrego do Feij�o, a aproximadamente 2,04 quil�metros da barragem; Bairro Parque da Cachoeira.

As responsabilidades durante a emerg�ncia s�o bem definidas do documento de 73 p�ginas ao qual o Estado de Minas teve acesso. Internamente, os funcion�rios da Vale deveriam detectar, avaliar e classificar a emerg�ncia, tomar decis�o, executar as a��es corretivas, alertar a popula��o da zona de autossalvamento e comunicar os agentes externos. Externamente, a atua��o fica por conta de �rg�os da esfera municipal, estadual e federal. A fun��o de cada envolvido no plano est� previamente estabelecida, com direito a fluxograma mostrando a ordem das a��es e as medidas esperadas de acordo com a gravidade da situa��o. S�o 14 funcion�rios tidos como respons�veis pelo acionamento do plano em caso de emerg�ncia. Tr�s deles foram presos na primeira opera��o da for�a-tarefa: o ge�logo C�sar Grandchamp; o gerente de meio ambiente, sa�de e seguran�a do complexo miner�rio, Ricardo de Oliveira; e o gerente-executivo operacional Rodrigo Melo.

Documentos internos da Vale obtidos na investiga��o mostram que, al�m da barragem de Brumadinho, todas as estruturas operadas pela mineradora que recentemente tiveram seus planos de emerg�ncia acionados recentemente – Mina de Gongo Soco, em Bar�o de Cocais; B3/B4, na Mina de Mar Azul, em Nova Lima, Barragem Vargem Grande, no Complexo de Vargem Grande, em Nova Lima, e barragens de Forquilha I, Forquilha II, Forquilha III e Grupo, na Mina de F�brica, em Ouro Preto – tinham risco de rompimento que ensejava sua inclus�o na matriz de riscos da empresa e a submiss�o ao conhecimento da diretoria, do presidente F�bio Schvartsman e do conselho de administra��o. Para a for�a-tarefa, tudo aponta para o fato de que a c�pula da mineradora era alimentada frequentemente com informa��es relacionadas �s condi��es de seguran�a das estruturas sob responsabilidade da empresa.

SINAIS De acordo com as investiga��es, em mar�o e dezembro do ano passado e em janeiro deste ano foram detectadas v�rias anomalias nas leituras de equipamento instalado para monitorar o comportamento da estrutura do maci�o da barragem. Em janeiro, foram detectadas tamb�m leituras inconsistentes em diversos piez�metros instalados no maci�o, apontando varia��es importantes na press�o da �gua na sua estrutura. De acordo com as apura��es, n�o foram adotadas “provid�ncias capazes de afastar de forma cabal a ocorr�ncia de risco iminente de rompimento da barragem, nem adotadas as medidas de cautela previstas no PAEBM, tais como suspens�o das atividades e evacua��o das �reas potencialmente afetadas, inclusive das estruturas de uso coletivo da pr�pria Vale, at� o esclarecimento da situa��o”.

Documento da for�a-tarefa mostra que todas as ocorr�ncias foram formalmente reportadas a integrantes da equipe de geotecnia operacional da Vale, “da� n�o decorrendo qualquer provid�ncia concreta, mas, ao contr�rio, tendo sido o operador do equipamento sido advertido para ir ‘com calma que o andor � de barro’”. A frase � de C�sar Grandchamp, em e-mail encaminhado em mar�o do ano passado a um operador que, em depoimento disse ter entendido a frase como um alerta de “fica na sua, fica calado e faz o seu servi�o”.


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