Milhares de moradores de Itabira poder�o ser obrigados a deixar suas casas se a Vale n�o conseguir assegurar, at� ter�a-feira, a solidez de suas barragens nos complexos miner�rios da cidade da Regi�o Central do estado, a 100 quil�metros de Belo Horizonte. Essa seria a oitava evacua��o em munic�pios mineiros que abrigam represas, e � considerada a mais delicada. Isso porque a medida, se concretizada, atingiria entre 4 mil e 5 mil moradores de pelo menos 10 bairros. A quantidade de habitantes que correm o risco de evacua��o � quatro vezes e meia superior ao total de pessoas que j� tiveram de abandonar seus im�veis em outros sete munic�pios somados, desde o rompimento da Barragem 1 da Mina do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho.
Uma eventual evacua��o poderia atingir bairros populosos do munic�pio, como Bela Vista e Jardim das Oliveiras. O n�mero de pessoas que podem ser afetadas representa 4,2% do total de habitantes de Itabira – cerca de 119 mil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A comprova��o de estabilidade das barragens de rejeitos da Vale foi determinada pela 1ª Vara C�vel da Comarca de Itabira a partir de tr�s a��es civis p�blicas propostas pelo Minist�rio P�blico do Estado de Minas Gerais (MPMG). As decis�es se referem a estruturas dos complexos miner�rios Pontal e Barragem de Santana. Pontal e Itabiru�u s�o as duas maiores barragens da Vale na cidade. Uma quarta a��o civil p�blica tamb�m foi deferida pela Justi�a e determinou que a mineradora interrompesse o descarte de rejeitos de min�rio de ferro nos diques de Minervino e Cord�o Nova Vista, do Complexo da Mina de Cau�.
Ontem, a mineradora apresentou � Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) e ao Corpo de Bombeiros, em reuni�o em Itabira, o Plano de A��o de Emerg�ncia para Barragens de Minera��o (PAEBM) das estruturas existentes na cidade. O PAEBM � uma das respostas � determina��o judicial que cobrou, al�m de elabora��o e submiss�o aos �rg�os de fiscaliza��o e ambientais de um plano de a��o que garanta a total estabilidade e seguran�a das barragens desses complexos, um Plano de Seguran�a de Barragens com as exig�ncias previstas na legisla��o. De acordo com o processo, falhas nessas estruturas teriam capacidade de “afetar a seguran�a de comunidades e de patrim�nios” dos munic�pios de Itabira e de Santa Maria de Itabira.
A Secretaria de Meio Ambiente de Itabira informou que o documento est� sendo elaborado h� cerca de um m�s. A prefeitura local mant�m equipes indo de casa em casa, h� 20 dias, para explicar o plano de emerg�ncia e orientar sobre quest�es como rotas de fuga e pontos de encontro em caso de acidente com as barragens. De acordo com a pasta, foram quase 4 mil visitas no per�odo. Ainda segundo a secretaria, mais de 70% do cadastro de todos os im�veis foi conclu�do. Deficientes, crian�as e idosos tamb�m est�o sendo registrados.
A Vale foi procurada para se posicionar sobre a situa��o das comunidades e sobre provid�ncias adotadas para evitar a necessidade de remo��o dos moradores, mas n�o se pronunciou at� o fechamento desta edi��o.
HIST�RICO DE REMO��ES Em Brumadinho, 138 pessoas foram retiradas de suas casas ap�s o desastre da Vale. Depois da trag�dia, a retirada de moradores de outras cidades em sequ�ncia teve in�cio em 8 de fevereiro, na comunidade de Pinheiros, em Itatiaiu�u, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e em Bar�o de Cocais, na Regi�o Central. A evacua��o ocorreu em virtude da mudan�a do fator de seguran�a da barragem da Mina Serra Azul, da empresa ArcelorMittal, e da Barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, da Vale, respectivamente. Em Itatiaiu�u, 166 pessoas foram atingidas e, em Cocais, 492.
Em 16 de fevereiro, a sirene de alerta tocou para moradores de S�o Sebasti�o das �guas Claras, distrito conhecido como Macacos, em Nova Lima, tamb�m na Grande BH. L�, o perigo foi detectado na Barragem B3/B4 da Mina Mar Azul, da Vale. Ao todo, 215 pessoas tiveram que sair dos im�veis e o turismo no povoado foi arrasado. Em 20 de fevereiro, as remo��es afetaram outra comunidade de Nova Lima e tamb�m habitantes de Ouro Preto (na Regi�o Central), devido aos riscos da Barragem de Vargem Grande. Foram retiradas de casa 125 pessoas, sendo 100 moradores de Nova Lima e outros 25 de Ouro Preto.
No �ltimo dia 16, 29 moradores da zona rural de Rio Preto, a 385 quil�metros de BH, na Zona da Mata, na divisa com o Rio de Janeiro, tamb�m tiveram de abandonar suas moradias. A medida foi tomada depois de o n�vel de seguran�a da Pequena Central Hidrel�trica (PCH) Mello, da Vale, ter sido elevado ao patamar 2.
Comiss�o come�a a ouvir depoimentos
Representantes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e das pol�cias Federal, Militar e Civil ser�o ouvidos na segunda-feira pela Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) criada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para apurar o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Grande BH. Durante os trabalhos, tamb�m dever�o dar declara��es integrantes do Minist�rio P�blico do Trabalho, auditores do Trabalho, testemunhas e representantes sindicais, em data ainda a ser marcada.
O objetivo das oitivas, segundo o deputado Gustavo Valadares (PSDB), presidente da comiss�o, � mostrar como est�o as investiga��es policiais, a coleta de informa��es e de documentos e os trabalhos feitos pelo Minist�rio P�blico e Defensoria P�blica. De acordo com o parlamentar, a CPI tem o compromisso de definir as causas do rompimento da barragem, reunir provas e cobrar puni��es de poss�veis respons�veis, al�m de acompanhar a repara��o de danos e assist�ncia aos atingidos pela trag�dia. (Com Jo�o Henrique do Vale)
Expulsos de casa
Evacua��es desde a trag�dia
Comunidades Moradores
Brumadinho (25/1/19) 138
Itatiaiu�u (11/2/19) 166
Bar�o de Cocais (11/2/19) 492
Macacos (18/2/19) 215
Nova Lima (20/2/19) 100
Ouro Preto (20/2/19) 25
Rio Preto (16/3/19) 29
Total 1.165
Fonte: Defesa Civil MG