
Bar�o de Cocais – Sirenes voltaram a soar, nesta segunda-feira, em Bar�o de Cocais, na Regi�o Central do estado. Com escolas, com�rcio e reparti��es fechadas, em uma segunda-feira na qual a rotina foi substitu�da pela prepara��o para escapar de uma cat�strofe, desta vez os moradores pelo menos sabiam o motivo. Os alertas marcavam o in�cio do simulado de emerg�ncia com pessoas que podem ser atingidas em caso de rompimento da Barragem Sul Superior, da Mina de Gongo Soco, da mineradora Vale. Na sexta-feira, quando o alarme disparou na cidade pela segunda vez em menos de dois meses, a estrutura entrou no mais alto n�vel de risco, que indica amea�a de rompimento iminente. O alerta sonoro j� havia sido acionado em 8 de fevereiro, quando o patamar de risco subiu para o n�vel 2, determinando a retirada de 452 moradores das casas localizadas na �rea mais vulner�vel.
A ades�o da popula��o, embora tenha sido grande, ficou muito abaixo da expectativa. Segundo autoridades de seguran�a, aproximadamente 3,6 mil moradores participaram da a��o. O total equivale a 60% da expectativa, que era de mobiliza��o de 6 mil pessoas. O ponto positivo foi o tempo m�ximo de chegada a um dos sete locais de apoio distribu�dos pelo munic�pio: 32 minutos, bem abaixo dos 72 minutos de intervalo estimado at� que a lama atinja a primeira casa da cidade.
Viaturas do Corpo de Bombeiros e da Pol�cia Militar come�aram a circular, pontualmente �s 16h, hor�rio marcado para in�cio do treinamento. Em seguida, um ve�culo da Defesa Civil fez um alerta simulando as sirenes. Moradores que j� tinham recebido informa��es sobre as rotas de fuga e pontos de encontro foram para um dos sete locais selecionados previamente, onde foram acolhidos.
Vinte e seis atendimentos foram feitos durante o simulado, sendo que tr�s pessoas precisaram de ser levadas para hospitais. “Tivemos um caso de mal s�bito, um caso de hipoglicemia e uma pessoa que se machucou por queda da moto”, disse o tenente-coronel Fl�vio Godinho, porta-voz da defesa Civil.
A rota 6 foi a mais usada durante o treinamento. A subida, que termina pr�ximo � rodovi�ria da cidade, durou de cinco a 10 minutos. A estimativa das autoridades de seguran�a � que 2,1 mil pessoas passaram por esse trecho. Cristiane Fel�cio, de 33, cumpriu o percurso em cinco minutos. Ela vive bem perto de onde est� o posto de apoio 6. “Ficamos tensos com a simula��o, mas deu tempo. Consegui pegar meus documentos e depois segui as placas. Est� tudo bem sinalizado”, avaliou.
Gr�vida de oito meses, Luciana Aparecida Est�v�o, de 23, mora na �rea de risco pr�xima ao rio. Ela participou do simulado e afirmou que pessoas que n�o conhecem as rotas de fuga podem ficar perdidas. “A rota foi bem tranquila, mas acho que, se um dia acontecer mesmo, n�o vai ser t�o simples assim. Acho que teve um pouco de bagun�a na rota”, ressaltou. O simulado n�o a tranquilizou: “O medo continua”.
D�VIDAS Nascida e criada em Bar�o de Cocais, Hortalina Ferreira, de 90, mora sozinha em uma casa perto do antigo pr�dio do f�rum, no Centro, que est� na rota de eventual onda de rompimento, e do Rio S�o Jo�o, por onde desceriam os rejeitos. Nesta segunda, acompanhada de duas sobrinhas, ela cumpriu o trajeto de sua moradia at� o ponto de encontro em sete minutos. “Foi tranquilo”, disse Hortalina, ao lado de Rog�ria do Carmo, de 63, e Eliane Maria do Carmo, de 62. A preocupa��o de Rog�ria, que acomodou a tia em sua casa, � quanto aos pr�ximos dias. “Ela ficou em minha casa por orienta��o da assist�ncia social, mas terei que viajar. Ningu�m falou ainda nada sobre hotel. Vamos esperar.”
MOBILIZA��O O prefeito local, D�cio Geraldo (PV), aprovou o simulado. “Gosto de falar que no Jap�o tem terremoto todos os dias, e, quando tem, um menino de 4 anos sabe o que fazer. N�s ainda n�o sab�amos o que fazer. Ent�o, este treinamento � importante. Acho que a popula��o deu a import�ncia que merece”, afirmou. Segundo o administrador, ainda h� outras provid�ncias a serem adotadas na cidade. “H� a��es necess�rias em rela��o �s escolas. Algumas delas dever�o ser tiradas de perto dos rios. N�o houve aula hoje e nem vai haver amanh�”, disse.
No domingo, foram instaladas 1 mil placas sobre os pontos de encontro. O simulado de hoje contou com 652 pessoas trabalhando, 24 viaturas da PM, oito do Corpo de Bombeiros, 10 ambul�ncias e duas aeronaves, entre outros ve�culos. A rodovia MG-129 foi fechada por 32 minutos. O monitoramento continuar� sendo feito por toda a equipe, que estar� em prontid�o 24 horas para caso a barragem se rompa. As cidades de S�o Gon�alo do Rio Abaixo e Santa B�rbara tamb�m passar�o por simulados nos pr�ximos dias.
Na quarta-feira come�a nova fase da opera��o. O intuito � entrar em contato com quem n�o participou do simulado. A equipe da Defesa Civil vai propor que sejam oferecidos hot�is para moradores com necessidades especiais. “S�o 46 pessoas e suas fam�lias que precisam de um tratamento diferenciado”, acrescentou o tenente-coronel Godinho.