
O cen�rio de risco no entorno das barragens de minera��o em Minas Gerais aumenta na medida em que cresce tamb�m a popula��o amea�ada por novas enxurradas de lama. A Vale, investigada pela trag�dia em Brumadinho, responde pela maioria dos barramentos sem garantia de estabilidade (18 no total). A incerteza quanto � seguran�a se deve ao fato de declara��es de estabilidade terem sido negadas por auditores ou simplesmente n�o terem sido entregues � Ag�ncia Nacional de Minera��o. Com mais de 30 empreendimentos no estado na corda bamba e pouca ou nenhuma informa��o fornecida pelas mineradoras respons�veis, o real perigo das estruturas se torna um mist�rio.
Na segunda-feira, a Vale informou que 17 represas da companhia ficaram sem a Declara��o de Controle de Estabilidade (DCE), das quais sete que j� haviam tido fatores de seguran�a agravado e exigiram evacua��es das chamadas zonas de autossalvamento, as mais amea�adas. Esse n�mero ganhou o acr�scimo de outra barragem de rejeitos e chegou a 18, de acordo com levantamento da ANM e informa��es da pr�pria mineradora. O �rg�o federal que regula o setor informou que a Barragem Sul Inferior, no munic�pio de Bar�o de Cocais, na Regi�o Central do estado, tamb�m est� sem laudo atestando estabilidade, por n�o ter sido encaminhado o documento.
A lista da ANM, na verdade, inclui outras duas barragens da mineradora como pendentes de documenta��o: Tr�s Fontes, em Itabira, na Regi�o Central, e B1, que se rompeu em Brumadinho em 25 de janeiro. A Vale, no entanto, informa que j� solicitou ao �rg�o federal a remo��o das duas estruturas do cadastro, uma vez que a B1 entrou em colapso e a Tr�s Fontes, segundo a companhia, foi descaracterizada e n�o figura mais como represa de rejeitos.
Tamb�m por falta de esclarecimentos da mineradora ou discrep�ncias com o cadastro da ANM, ontem o Estado de Minas informou, com base em cruzamento de dados anteriores das duas fontes, que o total de barragens da Vale sem estabilidade garantida, por ter atestado negado ou por falta da documenta��o, era de 25. Esse n�mero considerava as estruturas sem garantia de seguran�a informada pela ag�ncia federal, somadas �s sete represas da companhia que j� haviam sido paralisadas. Por�m, essas �ltimas j� faziam parte da listagem da ANM – algumas com nomes alterados –, portanto n�o deveriam ser somadas a ela.
Ontem a Vale admitiu n�o ter considerado em sua primeira rela��o de represas sem estabilidade atestada a Barragem Sul Inferior. A estrutura est� atualmente desativada, acumula 510 mil metros c�bicos de rejeitos e foi constru�da pelo m�todo conhecido na engenharia como etapa �nica. Com ela, o total de barragens da Vale que est�o sem declara��o de estabilidade em Minas Gerais shegou a 18. “No primeiro momento, a Vale informou uma rela��o de 17 estruturas, incluindo, posteriormente, a Barragem Sul Inferior, da Mina de Gongo Soco, em Bar�o de Cocais, que recebeu n�vel de alerta 1 por estar a jusante (abaixo) da estrutura Sul Superior (que apresenta n�vel de alerta 3)”, informou a companhia, acrescentando por�m que o reservat�rio inclu�da na rela��o n�o tem anomalias.

INTERDI��O
Segundo informa��es da ANM, das 36 barragens mineiras sem DCE (13 que tiveram o laudo negado e 23 que n�o enviaram – inclu�das a� as duas cujo descadastramento foi pedido pela Vale), 11 est�o em opera��o e 25 desativadas. A data-limite para protocolar informa��es referentes ao primeiro semestre sobre as represas de rejeitos foi 31 de mar�o. Essas barragens que agora est�o sem seguran�a garantida foram constru�das em diferentes m�todos. A maioria surgiu no m�todo chamado etapa �nica, seguido de perto pelo alteamento a montante, considerado o mais perigoso.
A consequ�ncia imediata da aus�ncia dos laudos, segundo a ag�ncia que regula o setor, � a interdi��o das estruturas que ainda estiverem recebendo rejeitos. Essa � a realidade em 11 barragens, que est�o nas cidades de Rio Acima (Regi�o Metropolitana), Itabira, Ouro Preto, Itabirito, Belo Vale (Regi�o Central) Arcos (Centro-Oeste), Tapira e Arax� (Alto Parana�ba). Al�m da Vale, que opera cinco reservat�rios em funcionamento, CSN, Minera��es Gerais LTDA., Mosaic Fertilizantes e Nacional Min�rios (do grupo CSN) est�o operando as demais seis estruturas ativas.
Algumas barragens que tiveram a declara��o de seguran�a negada ou n�o tiveram o documento entregue j� t�m medidas em curso. Caso da Barragem de Serra Azul, em Itatiaiu�u, na Grande BH, que n�o teve o laudo de estabilidade concedido. Por causa do risco, a ArcelorMittal, respons�vel pelo empreendimento, evacuou a comunidade do entorno. Pessoas que moram perto de sete barragens interditadas da Vale que integram a lista daquelas de Minas cujas DCEs n�o foram enviadas tamb�m tiveram de deixar suas casas.
Preocupa a situa��o daquelas cujas medidas n�o est�o sendo tomadas ou s�o desconhecidas. A CSN informou que, ao contr�rio do que consta na lista da AMN, suas duas barragens em Arcos, no Centro-Oeste de Minas, tiveram declara��es de estabilidade entregues dentro do prazo. Acrescentou que n�o comentaria a situa��o das estruturas, nem da B2 Auxiliar, da Nacional Min�rios, em Rio Acima.
J� a Bauminas informou que a Barragem de Merc�s, tamb�m indicada no relat�rio da ag�ncia, n�o tem pend�ncias administrativas e teve sua DCE entregue no prazo. O consultor de minera��o da empresa, Alfredo Mucci Daniel, disse que o barramento � classe E, com risco e potencial baixo e, por causa dessa classifica��o, a entrega do documento deve ser feita apenas uma vez por ano.
A Mosaic Fertilizantes informou, por meio de nota, que requereu previamente � expira��o do prazo de entrega da DCE que a ANM estendesse o prazo o dia 30 deste m�s. "Tal requerimento se deu em raz�o do estudo t�cnico emitido por empresa especializada, que recomendou estudos complementares para suportar uma conclus�o a respeito da estabilidade das barragens. A empresa reafirma que as barragens n�o apresentam riscos de rompimento e reitera seu compromisso com as comunidades e regi�es onde atua", disse no texto.
A Cia Mineradora Catite Duo, a Emicon Minera��o e Terraplenagem e a Topazio Imperial Minera��o Com�rcio e Ind�stria foram procuradas pela reportagem, mas nenhum representante dessas empresas foi encontrado.