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Estado de Minas

Falta bloco cir�rgico no Jo�o Paulo II, �nico hospital pedi�trico p�blico de Minas

Unidade para realizar procedimentos pedi�tricos no hospital poderia beneficiar 1,5 milh�o de crian�as, que hoje enfrentam filas em hospitais gerais � espera de atendimento


postado em 08/04/2019 06:00 / atualizado em 08/04/2019 08:23

O Hospital Infantil João Paulo II tem 150 leitos, sendo 20 na terapia intensiva, mas não há espaço para a realização até mesmo de cirurgias consideradas simples(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
O Hospital Infantil Jo�o Paulo II tem 150 leitos, sendo 20 na terapia intensiva, mas n�o h� espa�o para a realiza��o at� mesmo de cirurgias consideradas simples (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
A menina R., de 2 anos, espera h� 10 meses por cirurgia para retirada de bolsa de colostomia, procedimento realizado como parte do tratamento de um problema no intestino. O problema limita a vida da menina, que n�o pode desfrutar da inf�ncia plenamente. Assim como ela, outras crian�as precisam esperar – prazo que pode chegar a at� um ano – para ser operadas na rede hospitalar p�blica de Minas Gerais. Um dos motivos da espera decorre da inexist�ncia de bloco cir�rgico no Hospital Infantil Jo�o Paulo II (HIJPII), antigo Centro Geral de Pediatria (CGP), �nico hospital pedi�trico p�blico de Minas, o que dificulta o atendimento e faz com que fam�lias enfrentem fila para a realiza��o de procedimentos que exigem interven��o cir�rgica.


Essa defici�ncia do hospital da rede da Funda��o Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), especializado no atendimento infantil, foi ponto de discuss�o entre os pesquisadores do Programa de Cirurgia Global e Mudan�a Social da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, em Cambridge, estado de Massachusetts, nos Estados Unidos. A participa��o de equipe brasileira possibilitou o contato com a organiza��o n�o governamental escocesa Kids Operating Room (KidsOR), para a qual o Brasil deve solicitar recursos para a constru��o de um bloco cir�rgico no Jo�o Paulo II.

A ONG j� financiou a constru��o de seis estruturas semelhantes no mundo: uma em Serra Leoa, duas em Ruanda, duas no Malawi e uma na Tanz�nia. Um dos pesquisadores do programa chegar� a Belo Horizonte na semana que vem para auxiliar em pesquisas sobre a qualidade de atendimento a pacientes com doen�as cir�rgicas. Uma das propostas do cirurgi�o pedi�trico F�bio Mendes Botelho Filho, que colabora com o programa de Harvard, � mensurar os impactos que a inexist�ncia de um bloco cir�rgico no �nico hospital pedi�trico do estado tem para a sa�de das crian�as mineiras.

Atualmente, as crian�as que precisam ser operadas na rede, tanto em cirurgias de urg�ncia quanto eletivas, s�o levadas para hospitais gerais, que atendem pessoas de todas as idades, como o Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII e Hospital Odilon Behrens. O Hospital Infantil Jo�o Paulo II tem 150 leitos, sendo 20 na terapia intensiva, mas n�o h� espa�o para a realiza��o de cirurgias simples, embora haja cirurgi�es pedi�tricos na equipe m�dica. N�o podem ser realizados at� mesmo procedimentos menos complicados, mas que necessitam de urg�ncia para evitar a morte da crian�a, como a retirada de ap�ndice. “Estamos perdendo crian�as por falta de investimento”, afirma o cirurgi�o pedi�trico F�bio Mendes Botelho Filho.

Jussilene luta por tratamento da filha de 2 anos. O médico Fábio Mendes relatou crise em Harvard(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Jussilene luta por tratamento da filha de 2 anos. O m�dico F�bio Mendes relatou crise em Harvard (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
ANG�STIA Muitas fam�lias ficam meses na espera de vagas para a realiza��o de cirurgias. � o caso da dona de casa Jussilene Gon�alves dos Santos, de 28 anos, que luta para conseguir tratamento da filha de 2 anos. Em fun��o de uma distens�o abdominal, a menina n�o conseguia se alimentar direito desde os primeiros meses de vida e teve de ser submetida, em sua cidade, a cirurgia de urg�ncia. Desde ent�o, passou a usar bolsa de colostomia. Esperou seis meses para conseguir consulta no servi�o de gastroenterologia e quando, enfim, foi atendida no CGP, teve de ser transferida para o Hospital das Cl�nicas para a realiza��o de cirurgia para retirada da bolsa de colostomia. Mesmo tendo sido solicitado a transfer�ncia em car�ter de urg�ncia, foi necess�rio esperar 15 dias por uma vaga.

A fam�lia de Jussilene mora no distrito de Pedro Versiani, em Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, e tem enfrentado obst�culos para dar sequ�ncia ao tratamento da menina. “Muito dif�cil. J� estava indo para S�o Paulo para ver se conseguiria fazer a cirurgia dela l�”, afirma. Foram oito meses para conseguir consulta no Hospital Infantil Jo�o Paulo II para a cirurgia para fechar a colostomia. A menina ainda dever� esperar 90 dias para ser submetida � cirurgia definitiva. “O tempo em que fiquei l� com ela no CGP, aguardando transfer�ncia para o HC, j� teria resolvido o problema dela. J� tinha feito cirurgia definitiva. Fiquei quase um m�s esperando a transfer�ncia”, relata.

"Estamos perdendo crian�as por falta de investimento"

F�bio Mendes Botelho Filho, cirurgi�o pedi�trico

A constru��o do bloco pode beneficiar 1,5 milh�o de crian�as, de acordo com os c�lculos de F�bio Mendes. Cerca de 10% de crian�as v�o precisar fazer algum tipo de cirurgia geral em um per�odo da inf�ncia. As doen�as cir�rgicas mais comuns s�o apendicite, h�rnias, malforma��es cong�nitas, tumores e traumas. Se acrescentar a esses n�meros as cirurgias realizadas na cardiologia, ortopedia e otorrinolaringologia, o percentual de crian�as que v�o se submeter a cirurgias pode chegar a 30% da popula��o em Minas com at� 14 anos, cerca de 5 milh�es. Como n�o disp�e de bloco cir�rgico, o HIJPII encaminha os pacientes com demanda de cirurgia eletiva para serem cadastrados na central de interna��o da Prefeitura de Belo Horizonte. As cirurgias de urg�ncia s�o encaminhadas para os hospitais pactuados da rede de urg�ncia do estado.

F�bio Mendes apresentou o cen�rio da cirurgia pedi�trica no estado � ONG escocesa. O especialista demonstrou � KidsOR o quanto o bloco cir�rgico a ser constru�do no hospital p�blico em Minas ampliaria o atendimento pedi�trico. Em seis anos, as constru��es das seis salas resultaram na realiza��o de mais de 6 mil cirurgias. “Se tiv�ssemos um bloco cir�rgico, com seis salas, ter�amos esse n�mero total de cirurgias por ano”, afirma F�bio. Ele toma como refer�ncia o n�mero de cirurgias pedi�tricas realizadas em uma �nica sala do bloco cir�rgico do Hospital das Cl�nicas, 1 mil cirurgias por ano.

O especialista refor�a que � importante sensibilizar os governantes sobre a import�ncia de pol�ticas p�blicas para melhorar o atendimento � popula��o infantil. “O melhor investimento em sa�de p�blica � investir em cirurgias pedi�tricas”, diz. Ele se refere ao fato de que a n�o realiza��o de uma cirurgia na inf�ncia pode incapacitar o sujeito, que, al�m de ter dificuldade de imers�o no mercado de trabalho, pode depender de assist�ncia do Estado, o que gera custos.

HOSPITAL CL�NICO
De acordo com a assessoria de imprensa da Fhemig, o Hospital Infantil Jo�o Paulo II encaminha para cirurgias programadas de 25 a 30 crian�as por ano. As cirurgias de urg�ncia s�o transferidas para outras unidades, entre elas o Hospital Jo�o XXIII; o n�mero varia de 10 a 15 por m�s. No ano de 2018, foram realizadas 903 cirurgias de crian�as e adolescentes, com at� 14 anos, no Hospital Jo�o XXIII. No Hospital Jo�o Penido, em Juiz de Fora, foram realizadas cerca de 300 cirurgias pedi�tricas. No Hospital Regional Ant�nio Dias, em Patos de Minas, foram realizadas 318 de emerg�ncia em 2018, inclu�dos os pequenos procedimentos (faixa et�ria de at� 14 anos). A assessoria acrescentou que “o HIJPII � tradicionalmente um hospital cl�nico.” Informou ainda que h� proposta de elabora��o de um projeto para a constru��o de um bloco cir�rgico em um pr�dio anexo ao da unidade, mas n�o h� prazo definido.

Espera de at� 15 horas por atendimento

(Junia Oliveira) Crian�as que precisam de atendimento no Hospital Infantil Jo�o Paulo II est�o tendo de enfrentar um componente t�o doloroso quanto a doen�a: uma espera que pode chegar a 15 horas. A demora se deve � alta demanda neste per�odo do ano, al�m de estar associada � falta de m�dicos na unidade. Em carta � diretoria, m�dicos plantonistas pedem medidas urgentes e posicionamento imediato dos �rg�os respons�veis para resolver a quest�o, al�m da realiza��o de novas contrata��es. Atendimento di�rio aumentou em 74% nos �ltimos dias.

Viviane chegou com o filho às 16h de sábado e ontem de manhã ainda aguardava atendimento(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Viviane chegou com o filho �s 16h de s�bado e ontem de manh� ainda aguardava atendimento (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
No fim de mar�o, o servi�o de urg�ncia j� registrava um crescimento na demanda de mais de cinco vezes. De uma m�dia de 150 atendimentos por dia, saltou para 783. A dona de casa Viviane Monteiro, de 41 anos, chegou ao local com o filho Bernardo, de 5, �s 16h de s�bado. O menino, que estava com suspeita de dengue, foi atendido �s 5h de ontem. Fez os exames e, por volta das 10h, ainda aguardava os resultados. “A m�dica disse, quase chorando, que nunca passou por um plant�o desses. As pessoas est�o aguardando em m�dia 15 horas. Este fim de semana foi um dos piores em termos de tempo de espera”, comentou Viviane. “O governo mandou os contratados embora e s� os m�dicos concursados est�o atendendo”, disse. Neste domingo, dois m�dicos estavam trabalhando, sendo um no consult�rio e outro na emerg�ncia.

Jarbas retornou ontem pela manhã com os filhos depois de esperar de sábado à tarde até as 2h(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Jarbas retornou ontem pela manh� com os filhos depois de esperar de s�bado � tarde at� as 2h (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
Relatos de outros pais e m�es d�o conta de que os pr�prios m�dicos chamaram a pol�cia h� alguns dias para registra um boletim de ocorr�ncia por causa da situa��o. Por meio de nota, a Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que o n�mero de atendimentos aumentou bastante nos �ltimos dias em decorr�ncia, principalmente, dos casos de virose e dengue. Para suprir o d�ficit de pessoal no hospital, a Fhemig solicitou � Secretaria de Estado de Planejamento a substitui��o de vac�ncia de m�dico – quadro vago por aposentadoria e/ou falecimento. “Como solu��o emergencial est� sendo avaliado o remanejamento de vagas de outras unidades para o Hospital Infantil Jo�o Paulo II”, informou a Fhemig.

 


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