
Abra�os fraternos no gigante da Pampulha. O Est�dio Mineir�o recebe hoje, antes do cl�ssico mineiro de futebol entre Cruzeiro e Atl�tico, o 3º Encontro Fraternidade Sem Fronteiras, uma organiza��o humanit�ria com presen�a no Brasil e em outros seis pa�ses. A programa��o come�ou na sexta-feira e j� conectou mais de 3.200 cora��es, superando o p�blico estimado, que era de 3 mil pessoas.
Todo o evento � preparado por 800 volunt�rios. O valor das inscri��es ser� revertido para os projetos da fraternidade, que atualmente mant�m tr�s frentes de a��es priorit�rias no continente africano. Uma aldeia em Dondo, cidade da prov�ncia de Sofala, atingida pelo ciclone que devastou Mo�ambique; a ilha de Madagascar, onde a popula��o enfrenta desnutri��o em massa; e o pequeno Malawi, que abriga mais de 30 mil refugiados e onde, de 23 mil crian�as, apenas 2 mil est�o nas escolas.
Abra�os, sorrisos e sotaques estavam por toda parte, espalhados entre todo tipo de pessoas. No credenciamento, o p�blico recebe um cora��o colorido, feito para difundir o esp�rito do projeto. Dentro da feira, h� variadas exposi��es. Entre elas, no corredor de garrafas PET, uma onda de solidariedade sustent�vel d� um novo significado ao lixo. � o “Garrafas ao Mar”, um projeto instalado em escolas parceiras do Brasil para receber moedas dentro das garrafas, que s�o decoradas por crian�as e levadas at� a Ilha de Madagascar. Na feira, os participantes escrevem uma mensagem no cora��o de papel e depositam na garrafa que ser� entregue � popula��o da ilha nas pr�ximas semanas.
Um flashmob representando a quebra de fronteiras da fraternidade mobilizou crian�as e adultos na esplanada do Mineir�o. Neles, adultos e crian�as de diferentes caracter�sticas e religi�es levantaram a bandeira da uni�o. Embalados ao som de Favela, do DJ Alok, padrinho do projeto, e na mistura do Bloco Batuque Coletivo, 300 volunt�rios dan�aram por oito minutos sob o sol de 29°C.
“A energia � contagiante”, disse V�nia Dornelas Sete, de 51 anos. Com traje mu�ulmano, a funcion�ria p�blica deu um show no flashmob no quesito representatividade. “Falamos muito sobre isso de quebrar fronteiras n�o s� entre povos, mas todas elas, como a religiosa. A gente s� quer todo mundo junto”, disse V�nia. A volunt�ria apadrinha crian�as em Mo�ambique desde 2017, quando conheceu a organiza��o e decidiu visitar o pa�s em uma caravana. “A V�nia que foi, n�o � a V�nia que voltou. Muita gente me pergunta por que fui pra Mo�ambique, sendo que tem tanta gente aqui passando fome. Aqui no Brasil tem fome, mas l� eu vi mis�ria. As pessoas amarram um tecido na barriga para n�o sentir fome”, relatou. A Fraternidade oferece uma refei��o por dia, e segundo a volunt�ria, muitas vezes esse � o �nico alimento das pessoas.
A primeira universit�ria acolhida pela fraternidade viajou de Mo�ambique para o Brasil e comemora a conquista. “Est� sendo muito legal, estou amando. O Brasil � um pa�s muito maravilhoso e aben�oado”, elogiou Especiosa Marge. A estudante de 20 anos foi acolhida ainda em 2009, quando nasceu o projeto, em Mo�ambique. Segundo ela, o projeto a ajudou no transporte para a escola, que na �poca era distante. Quando se formou, escolheu fazer biologia e n�o perdeu o apoio. “A Fraternidade paga tudo e, al�m de tudo o que j� fizeram por mim, me ensinaram ainda o esp�rito de amor ao pr�ximo. Isso nos faz acreditar que ainda existem pessoas com cora��o bom no mundo”, disse.

FRATERNIDADE SEM FRONTEIRAS O presidente e fundador da organiza��o, Wagner Moura, idealizou a Fraternidade Sem Fronteiras ainda com um grupo pequeno no Mato Grosso do Sul e hoje se dedica ao trabalho na �frica Subsaariana “J� faz�amos trabalhos sociais em Campo Grande (MS), mas recebi um chamado no cora��o de poder servir a �frica nas regi�es mais pobres do mundo”, contou.
Os padrinhos que se preocupam com o destino do dinheiro refor�am o compromisso da institui��o com a transpar�ncia. “Hoje, 100% do dinheiro do padrinho vai para o projeto”, afirma o presidente. Segundo Wagner, para manter a estrutura administrativa s�o comercializados produtos, como os livros e camisetas que estar�o dispon�veis no evento.
Ap�s 10 anos de trabalhos, a organiza��o, com volunt�rios e doa��es de padrinhos de todo o pa�s, conseguiu acolher mais de 15 mil pessoas entre crian�as, idosos e fam�lias, j� construiu 144 casas, abriu 10 po�os artesianos e oferece 428 mil refei��es por m�s. Minas Gerais foi o estado escolhido para sediar o evento por ter o maior n�mero de padrinhos. “� um encontro muito lindo, a gente forma uma corrente de irm�os pelo Brasil e pelo mundo. � olhar para o outro como irm�o sem fronteira, seja ela de religi�o, territ�rio ou condi��o financeira. Vamos nos unir em prol de uma causa pelo simples e puro prazer de ser �teis”, convida o idealizador. O acesso ao 3º Encontro ocorre pela Esplanada Norte, na entrada F do setor Laranja do Mineir�o.
* Estagi�ria sob supervis�o do editor Roney Garcia