
As profundezas do semi�rido mineiro escondem reserva de �gua equivalente a quase um quinto do reservat�rio da usina hidrel�trica de Tr�s Marias, maior represa da Cemig no estado. A descoberta faz parte da radiografia sobre a disponibilidade h�drica subterr�nea no Norte de Minas. Em desenvolvimento h� nove anos, ela foi apresentada ontem pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)/ Servi�o Geol�gico do Brasil e pelo Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam).
O conhecimento sobre a quantidade de �gua na regi�o mais seca no estado n�o significou a constata��o de que h� grande oferta do recurso, mas as informa��es v�o ajudar a disciplinar a gest�o dos usos, como para irriga��o, abastecimento humano e de ind�strias. “N�o podemos dar uma falsa impress�o de que h� �gua em abund�ncia; isso � uma esp�cie de ‘poupan�a’ que vamos ver como administrar”, afirma o analista ambiental do Igam Heitor Moreira.
O levantamento se estendeu por �rea de 245.520 quil�metros quadrados, que abrange popula��o de 2,7 milh�es de pessoas em 181 munic�pios. A pesquisa, que supera em extens�o territorial a �rea do Uruguai, � o mais completo levantamento hidrogeol�gico j� realizado no pa�s.
Com pouca chuva e mananciais escassos, a �gua subterr�nea acaba sendo �nica fonte de abastecimento em algumas partes da regi�o estudada, que inclui munic�pios como Montes Claros, Diamantina, Paracatu e Te�filo Otoni
O coordenador t�cnico do projeto, M�rcio C�ndido, pesquisador em Geoci�ncias da CPRM, explica que debaixo do solo do semi�rido mineiro h� recurso potencial explor�vel – volume que n�o compromete a reserva total de �gua – equivalente a 20% do reservat�rio de Tr�s Marias. “A pesquisa poder� minimizar conflitos em torno dos recursos h�dricos”, disse.
EXCESSO O estudo tamb�m apontou que o par�metro de 14 mil litros/dia para dispensa de autoriza��o oficial para uso da �gua, ou outorga – consumo chamado de uso insignificante –, est� adequado � realidade do Norte do estado. Entretanto, indicou �reas em que o uso excede a quantidade recomendada pelo levantamento, o que ser� objeto de estudo mais espec�fico. O uso em excesso pode comprometer po�os artesianos, nascentes e rios.
“A inten��o � buscar integrar a avalia��o das outorgas, para n�o haver comprometimento das �guas subterr�neas e dos cursos d’�gua”, ressalta C�ndido. O analista do Igam afirma que esse ser� um pr�ximo passo do trabalho. O monitoramento incluiu 97 esta��es fluviom�tricas, pluviom�tricas, climatol�gicas e pontos de medi��o de vaz�o, al�m de 38 po�os. A maior parte da �rea estudada (88%) se concentra nas bacias dos rios S�o Francisco e Jequitinhonha.