
O Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) anunciou nesta quinta-feira (30) ter recebido um dossi� elaborado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) propondo o tombamento da regi�o do distrito de Bento Rodrigues, que foi devastado na trag�dia de Mariana (Regi�o Central), em novembro de 2015. No epis�dio, o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco causou impactos em toda a bacia do Rio Doce e deixou 19 mortos.
O documento � fruto de uma pesquisa realizada ao longo de tr�s anos em Bento Rodrigues. Com mais de 400 p�ginas, ele re�ne fotos, depoimentos de moradores, dados, an�lises e impress�es dos pesquisadores que trabalharam na iniciativa.
De posse do documento, o MPMG afirma que poder� embasar um eventual pedido de tombamento do distrito e de sua transforma��o em “um s�tio de mem�ria sens�vel”.
A n�vel municipal, a discuss�o sobre a cria��o de um memorial nas comunidades que foram destru�das em Mariana ocorre desde 2016, quando o Conselho do Patrim�nio de Mariana (Compat) iniciou um processo de tombamento.
Alguns bens im�veis inclusive j� foram tombados de forma individual, como a Igreja de Nossa Senhora das Merc�s, em Bento Rodrigues, e a Igreja de Santo Ant�nio, em Paracatu.
Um dos debates gira em torno da necessidade de preserva��o da hist�ria do rompimento da barragem da Samarco. H� iniciativas semelhantes no mundo como o Memorial do Holocausto erguido em Berlim, na Alemanha, que busca lan�ar um alerta para que trag�dia similar n�o se repita.
A decis�o, por�m, deve levar em conta os interesses dos atingidos, uma vez que h� um acordo para que eles mantenham a posse de seus terrenos devastados, mesmo recebendo uma nova casa nas comunidades que est�o sendo reconstru�das pela Funda��o Renova. A entidade foi criada para reparar os danos da trag�dia usando recursos financeiros da Samarco e de suas acionistas Vale e BHP Billiton.
No final do ano passado, um integrante da comiss�o dos atingidos chegou a manifestar � Ag�ncia Brasil alguns receios com o tombamento . "Se futuramente acharmos coisas que n�s perdemos, fica mais complicado para tirar. Vai precisar de autoriza��o", disse Jos� do Nascimento de Jesus, conhecido como Zezinho do Bento.
Na ocasi�o, a presidente do Compat, Ana Cristina de Souza Maia, considerou natural esse tipo de preocupa��o, que deve ser dissipada ao longo do processo. "� importante destacar que todo o limite, alcance e restri��o do tombamento deve ser definido pelo conselho a partir da oitiva dos atingidos."
Por L�o Rodrigues – rep�rter da Ag�ncia Brasil