
Dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica (Sesp) mostram que a coca�na tem ocupado maior espa�o no conjunto das ocorr�ncias em que h� apreens�es de drogas pelas pol�cias Civil e Militar ao longo dos �ltimos cinco anos. Enquanto em 2015 as apreens�es de coca�na representavam quase 20% de todas as ocorr�ncias com drogas apreendidas, neste ano esse percentual j� se aproxima de 25%, mostrando que o entorpecente est� mais representativo no estado.
Mesma situa��o � verificada nas estradas de Minas sob a responsabilidade da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). Em 2017, os agentes que fiscalizam grandes BRs do estado, como 040, 381 e 262, apreenderam uma m�dia mensal de 16 quilos da droga, valor que chegou a 20 quilos, em m�dia por m�s, em 2018, e j� subiu para 26 kg por m�s de janeiro a maio de 2019 (veja quadro).
Os dados das pol�cias Civil e Militar mostram que, em n�meros absolutos de ocorr�ncias, de janeiro a mar�o deste ano, foram mais casos de apreens�o de drogas em geral. Enquanto no primeiro trimestre do ano passado foram 18,1 mil casos, esse n�mero cresceu 1,06%, chegando a 18,3 mil. O que mais chama a aten��o � o movimento das apreens�es de coca�na nos �ltimos 5 anos. Enquanto em 2015 as ocorr�ncias em que policiais apreendiam essa droga eram quase 20% do total, ano a ano esse percentual foi crescendo, chegando a 24,33% no primeiro trimestre de 2019.
Para o delegado Rodolpho Tadeu Machado, do Departamento Estadual de Combate ao Narcotr�fico (Denarc), essa situa��o pode ser explicada com uma mobiliza��o maior dos �rg�os de seguran�a para atuar fora das chamadas “bocas”, que s�o os locais onde as drogas s�o comercializadas no varejo.
“Existe uma organiza��o para o combate durante a log�stica de transporte e n�o s� pontos de venda”, afirma o policial. Machado tamb�m aponta que a pasta base de coca�na � desdobrada em quantidades maiores, o que pode explicar mais a��es voltadas � apreens�o dessa droga. “Os traficantes usam a coca�na para desdobr�-la em pequenos laborat�rios. Ent�o 1kg de pasta base rende mais do que 1kg de maconha, por exemplo”, completa Machado. O Denarc passou por reestrutura��o em fevereiro e conta com um n�mero maior de policiais com mais qualifica��o para atua��o na apreens�o de drogas.

O major Fl�vio Santiago, porta-voz da Pol�cia Militar, destaca que o quilo da pasta base chega ao Brasil cotado entre R$ 6 mil e R$ 10 mil e o traficante consegue quadruplicar esse valor quando ela � desdobrada no aspecto p� e tamb�m em outras drogas, como crack. “O servi�o de intelig�ncia das pol�cias tem trabalhado muito nisso”, diz o militar. Santiago pontua ainda que a PM tem investido mais pesado em qualificar seu pr�prio setor de intelig�ncia para favorecer a atividade de repress�o.
“Trabalhamos com geoprocessamento em n�vel de abordagens e em pontos espec�ficos, monitorando as rotas, e instrumentalizando o poder p�blico, no caso a Pol�cia Militar, para atuar em abordagens sistem�ticas e, consequentemente, fazer essa apreens�o”, acrescenta.
ESTRADAS
Nas rodovias que cortam Minas Gerais, o crescimento das apreens�es de coca�na � medido no peso da droga que sai da m�o de traficantes e tem seu transporte barrado pela Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). De acordo com a corpora��o, em 2017 foram 193 quilos da droga apreendidos nas BRs sob a responsabilidade da PRF no estado, o que d� uma m�dia de 16 quilos todos os meses.
Em 2018, essa quantidade subiu para 247 quilos, chegando � m�dia mensal de 20kg no ano passado. Em 2019, j� s�o 130kg entre janeiro e maio, o que significa 26kg todos os meses, em m�dia, retirados das m�os dos traficantes. Em um dos �ltimos trabalhos que contribu�ram para esse resultado, 44 quilos de pasta base foram apreendidos dentro de um fundo falso em uma cegonheira, parada por policiais na BR-381, em Betim, na Grande BH, na ter�a-feira. O condutor do caminh�o, que tinha apenas dois ve�culos na carroceria, confessou que pegou a droga no Tri�ngulo Mineiro e a levaria para Belo Horizonte.
O ve�culo em quest�o j� constava como suspeito, conforme a��o conjunta entre a PRF e a Pol�cia Civil do Mato Grosso do Sul. A troca de informa��es entre as ag�ncias � um dos fatores que contribui para o resultado de maior apreens�o de drogas nas estradas mineiras, levando em considera��o tamb�m a maconha. Em cinco meses, j� foi apreendida quase a mesma quantidade de todo o ano passado.
Mas um fator decisivo � o trabalho de c�es farejadores no estado. Seis animais comp�em um grupo itinerante que roda pelas 18 delegacias do estado e outros dois ficam exclusivamente na BR-381, em Pouso Alegre, no Sul de Minas. Outra situa��o � a atua��o dos policiais integrantes do chamado Grupo de Policiamento T�tico (GPT), que est�o presentes nas principais delegacias mineiras e s�o treinados com as t�cnicas de abordagem focadas nas situa��es criminais, como a apreens�o de drogas. “Hoje posso afirmar que esse trabalho � muito mais profissionalizado. Tenho policiais especialistas em compartimentos secretos, tenho o canil e a intelig�ncia fluindo melhor e trocando informa��es com outras ag�ncias”, afirma.
O inspetor destaca que a PRF sabe que a rota das drogas, incluindo a coca�na e a maconha, passa pelo Tri�ngulo Mineiro quando vem em grandes quantidades. Em volumes menores, existe uma rota importante que usa os �nibus de viagem entre o estado de S�o Paulo e o Nordeste do Brasil. Mas carros de passeio tamb�m s�o alvo de fiscaliza��o. Na semana passada, a PRF apreendeu cerca de quatro quilos de pasta base de coca�na escondidos no para-choque de um carro na BR-365, em Uberl�ndia, no Tri�ngulo.