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Estado de Minas NOVO CANGA�O

EM acompanha 'volante' que combate quadrilhas de explos�o de caixas no interior de MG

Baseada no conceito das for�as policiais que ca�aram e mataram o grupo de Lampi�o, a PM criou os Grupos T�ticos Rodovi�rios (GTR) para combater quadrilhas que explodem caixas no interior. EM acompanhou opera��o na MG-050, rota conhecida para bandidos do tr�fico das regi�es de Ribeir�o Preto (SP) e Campo Grande (MS) e de crimes de explos�o de caixas eletr�nicos


24/06/2019 06:00 - atualizado 24/06/2019 08:00

Grupo tático em noite de operação no Centro-Oeste de Minas: armamento pesado para as abordagens preventivas e até para eventuais enfrentamentos(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Grupo t�tico em noite de opera��o no Centro-Oeste de Minas: armamento pesado para as abordagens preventivas e at� para eventuais enfrentamentos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)


A mobilidade entre cidades de reduzida presen�a policial no interior e o grande poder de fogo conferiram o apelido de Novo Canga�o � modalidade de criminosos que explodem caixas eletr�nicos e afastam a pol�cia se valendo de sua for�a b�lica desproporcional. Uma lembran�a de um movimento que atuou, sobretudo, no sert�o brasileiro dos s�culos 19 e 20, quando bandidos n�mades e seus bandos perambulavam roubando fazendas, sequestrando, estuprando e impondo suas pr�prias leis. Produziu um imagin�rio que ainda confunde crimes com resposta a injusti�as sociais, com personagens como Lampi�o, Corisco e Sete Orelhas. A liberdade dos cangaceiros originais acabou quando as for�as de seguran�a p�blica criaram as pol�cias “volantes”. Grupos m�veis e fortemente armados que localizavam, perseguiam e abatiam os bandidos e agora ganham nova vers�o.

Num conceito modernizado de volante, Grupos T�ticos Rodovi�rios (GTR) da Pol�cia Militar de Minas Gerais prometem cercar, ca�ar, neutralizar e desestimular o Novo Canga�o. Na estrat�gia da seguran�a p�blica, o refor�o vem tamb�m da Pol�cia do Meio Ambiente.

Para mostrar a atua��o dos GTR, a reportagem do Estado de Minas acompanhou uma opera��o realizada por essa tropa que promete varrer o Novo Canga�o, modalidade de crime que vem perdendo for�a, despencando 24% entre 2016 e 2017 e 50% de 2017 para 2018 (veja quadro). O lan�amento desses grupos por todo o estado obedece a levantamentos de intelig�ncia que monitoram bandidos, dias e hor�rios compat�veis com o modo de operar das quadrilhas.

A opera��o acompanhada come�ou por volta das 21h, a partir da 7ª Companhia da Pol�cia Militar Rodovi�ria, em Divin�polis, no Centro-Oeste. Um local definido pelo comandante desse grupo, tenente Adelmo dos Santos, como rota importante para o tr�fico. “A MG-050 e as vias que a alimentam s�o uma rota conhecida para quadrilhas do tr�fico das regi�es de Campo Grande e Ribeir�o Preto (SP), bem como para crimes de explos�o de caixas eletr�nicos (Novo Canga�o)”, afirma o policial.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


O grupo sempre segue em comboio pela rodovia, sendo que cada viatura leva fuzis e submetralhadoras capazes de fazer frente ao mesmo tipo de armamento utilizado pelo Novo Canga�o contra as unidades policiais menos armadas. Em menos de 10 minutos, um ve�culo conduzido por um suspeito conhecido por roubos e tr�fico de drogas foi identificado. Os quatro ocupantes do carro, com placas de Par� de Minas (Centro-Oeste), foram revistados, enquanto o ve�culo passou por minuciosa averigua��o. Cada v�o do compartimento do motor, painel e pe�as sobressalentes no porta-malas foi cuidadosamente checado com lanternas e por testes manuais dos militares. Desta vez, nada foi encontrado.

Mais � frente, a primeira atividade da noite foi uma blitz aproveitando o posto de pesagem do Departamento de Edifica��es e Estradas de Rodagem (Deer-MG). Em menos de um minuto, as viaturas ficaram posicionadas estreitando a circula��o dos ve�culos em uma pista por sentido, militares tomaram posi��es de controle de tr�fego e vistoria de ve�culos, enquanto outros, fortemente armados, se posicionaram em cobertura. 

Equipe preparada para partir para a MG-050, uma das rotas de quadrilhas de tráfico de drogas no estado(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Equipe preparada para partir para a MG-050, uma das rotas de quadrilhas de tr�fico de drogas no estado (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)


Lombadas port�teis foram abertas nos acessos � estrutura para ajudar a reduzir a velocidade dos carros e caminh�es que chegavam. Nessas a��es foram encontradas por��es de drogas em dois ve�culos, um carro clonado e um foragido de Contagem, de 28 anos, com extensa ficha de crimes contra o patrim�nio.

A miss�o seguinte � mais furtiva e perigosa. As equipes se dividem em patrulhamentos e organizam blitzes no escuro das estradas vicinais para surpreender criminosos que estejam buscando ref�gio, rotas alternativas de tr�fico e �reas para planejar roubo a propriedades rurais. “Caso sejamos acionados para combater uma a��o de explos�o de caixas eletr�nicos numa cidade pr�xima, por exemplo, podemos nos deslocar com velocidade para esse primeiro combate, bem como nos posicionar em cerco com armamento pesado em v�rios pontos de fuga desses criminosos”, observa o tenente Adelmo dos Santos.

O Grupo T�tico Rodovi�rio foi idealizado para tornar mais din�mico o policiamento, que antes era mais restrito � fiscaliza��o de infra��es de tr�nsito, e colaborar com a preven��o e a repress�o criminal, segundo o comandante do Batalh�o de Pol�cia Militar Rodovi�ria (PMRv), tenente-coronel Paulo Ant�nio de Moraes. “Os GTR s�o fra��es de tropas sediadas nas Companhias de PMRV distribu�das em todo o estado. Receberam treinamento com t�ticas e t�cnicas de progress�o com o Batalh�o de Opera��es Policiais Especiais (Bope). Foi gabaritado para o enfrentamento de ocorr�ncias mais cr�ticas, ou pelo menos o primeiro enfrentamento”.

De acordo com o comandante, o trabalho principal � preventivo, com opera��es nas rodovias e at� nos acessos �s cidades. O acionamento do grupo se d� logo que alguma cidade da regi�o enfrenta um ataque dos criminosos do Novo Canga�o. “Nossa inten��o � sermos vistos, mostrar presen�a e for�a para que os criminosos desistam de suas a��es. Esses grupos n�o querem enfrentamento. Querem facilidade para agir, roubar e fugir. Essa preven��o � mais importante, porque o enfrentamento pode resultar em morte de cidad�os e de policiais”, considera.

Dupla a��o na zona rural


Policiais militares durante ação no interior de Minas(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Policiais militares durante a��o no interior de Minas (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)


A seguran�a que o isolamento do campo e o baixo tr�fego de ve�culos conferem a fazendas e s�tios do interior fazia desses locais esconderijos ideais para os integrantes de quadrilhas fortemente armadas. Os criminosos que explodem caixas eletr�nicos no interior e subjugam pequenas cidades sob suas rajadas de muni��o pesada se aproveitavam da intrincada malha vicinal mineira para fugir e buscar ref�gio em propriedades insuspeitas. Mas foi se aproveitando do conhecimento desses terrenos ermos, navegando em barcos por um rio calmo e disfar�adas pela escurid�o, que unidades da Pol�cia Militar de Meio Ambiente fortemente armadas desembarcaram numa dessas propriedades em Pouso Alegre, no Sul de Minas, no m�s passado, para desbaratar uma dessas c�lulas criminosas.

Em poucos minutos, a fazenda que servia de quartel-general dos assaltantes foi cercada por terra e por �gua e o arsenal de 13 armas de fogo dessa quadrilha, composto por pistolas, um fuzil e farta muni��o, acabou sendo apreendido. Um exemplo de como os militares de Meio Ambiente, antes quase restritos ao combate � degrada��o ambiental, se tornaram uma poderosa ferramenta de repress�o � viol�ncia no meio rural.

Enquanto as estradas asfaltadas servem de vias r�pidas para o primeiro combate ao crime organizado, sobretudo �s quadrilhas fortemente armadas que explodem caixas eletr�nicos e s�o chamadas de Novo Canga�o, outra faceta dessa repress�o se encontra num ambiente que antes servia de esconderijo e forma de despistar as autoridades.

"Os policiais receberam armas de alta energia. S�o fuzis que fazem frente ao grande poder de fogo de que as quadrilhas que atuam nesses crimes disp�em"

Comandante do Batalh�o da Pol�cia Militar de Meio Ambiente, tenente-coronel Marcone do Ros�rio Pereira



Conhecedores de vias vicinais, das matas e dos relevos acidentados do interior mineiro, os policiais de Meio Ambiente de Minas Gerais passaram a ter tamb�m uma fun��o de combate � criminalidade aplicada no meio rural. Enquanto militares nas estradas tentam interceptar a fuga dos bandidos fortemente armados, os policiais ambientais contam agora com equipes refor�adas para estrangular as rotas de fuga pelas fazendas e sert�es. Ganharam, tamb�m, o refor�o dos chamados Grupos Especializados em Policiamento Ambiental. Militares que receberam treinamentos espec�ficos para essa miss�o e que saem em aux�lio aos demais militares.

Al�m dos militares j� treinados para identificar devasta��es no meio natural, problemas em minera��es, barragens, matas, pesca ilegal e tr�fico de animais, esses grupos especializados t�m poder de fogo e preparo para fazer frente �s quadrilhas que promovem ataques a cidades do interior. Cada Grupo Especializado em Policiamento Ambiental conta com uma caminhonete 4x4 capaz de perseguir bandidos em fuga pelas vias mais acidentadas e em alta velocidade. A tripula��o passa a ser de tr�s militares, em vez de uma dupla, como era comumente aplicados nas a��es de policiamentos ambientais corriqueiras.

Os equipamentos de resposta a agress�es tamb�m foram refor�ados, de acordo com o comandante do Batalh�o da Pol�cia Militar de Meio Ambiente, tenente-coronel Marcone do Ros�rio Pereira. “Os policiais receberam armas de alta energia. S�o fuzis que fazem frente ao grande poder de fogo de que as quadrilhas que atuam nesses crimes disp�em”, afirma o comandante. Para se ter uma ideia desse incremento de repress�o no interior, na �ltima Opera��o Alferes, realizada em comemora��o aos 244 anos da Pol�cia Militar, no dia 9, dos 220 presos contabilizados em todo o estado, no �ltimo boletim divulgado, 80 (37%) foram detidos em a��es de policiamento ambiental atuando ostensivamente em blitzes no meio rural.

Com a nova tática da segurança pública, rotas de tráfico ou de fuga de criminosos estão mais cercadas(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Com a nova t�tica da seguran�a p�blica, rotas de tr�fico ou de fuga de criminosos est�o mais cercadas (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)


Dom�nio da �rea e proximidade


Um dos diferenciais da Pol�cia Militar de Meio Ambiente para atuar no combate aos crimes na zona rural � o conhecimento adquirido nas patrulhas e fiscaliza��es ambientais e sua proximidade com a popula��o local. “Esse conhecimento � fundamental para deter as fugas que muitas quadrilhas tentam realizar pela �rea rural. Nossos policiais conhecem esses terrenos, sabem se deslocar por l�, est�o equipados para isso e contam com as informa��es da popula��o local, o que � fundamental nesse trabalho. Assim, movimentos de pessoas suspeitas acabam sendo notificados para que possamos checar”, destaca o tenente-coronel Marcone Pereira.

O treinamento das equipes tamb�m � diferenciado. “Trazemos policiais de meio ambiente de v�rias partes do estado para realizar treinamentos e capacita��es com unidades especializadas, como o Bope (Batalh�o de Opera��es Policiais Especiais) e a Rotam (Batalh�o de Rondas T�ticas Metropolitanas) para que compreendam melhor as a��es t�ticas e aumentem a sua capacidade operacional e de prote��o. Quando os policiais se deparam com situa��es desse n�vel (quadrilhas fortemente armadas), devem se proteger tamb�m e ent�o neutralizar os criminosos”, destaca o tenente-coronel.

Esse aprendizado diferenciado envolve, tamb�m, t�cnicas de rastreamento em �reas rurais, formas de deslocamento mais eficazes, t�cnicas de abordagem a ve�culos, motos, infiltra��o e uso de camuflagem para facilitar o trabalho utilizando ambiente de matas e florestas para confundir e surpreender os criminosos. Um adere�o diferenciado que as unidades v�m testando � o colete bal�stico flutuante, que al�m de proteger os policiais de disparos de armas de fogo dos bandidos permite que operem em �reas alagadas e rios, comuns nos meios rurais.

As for�as de meio ambiente da Pol�cia Militar, contudo, mant�m seu trabalho de atendimento a ocorr�ncias no meio natural. “O interior de Minas Gerais tem sido usado como rota de escoamento e produ��o para quadrilhas de traficantes de entorpecentes. Esse trabalho, agora, visa intensificar a repress�o a esses crimes”, afirma o tenente-coronel Marcone Pereira. Como exemplo da a��o, ele cita blitz recente numa estrada vicinal do interior de Ipatinga, no Vale do A�o, em que foram localizados em ve�culo 119 tabletes de maconha pronta para ser entregue a traficantes de drogas. Duas pessoas que estavam no carro foram presas.


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