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Estado de Minas

Forro e teto da Igrejinha da Pampulha s�o refeitos para evitar infiltra��es

Obra na parte interna da Igreja S�o Francisco de Assis, que ser� reaberta em 4 de outubro, detectou tr�s pontos de vazamento de �gua. Restaurados, quadros de Portinari retornar�o �s paredes


postado em 15/07/2019 06:00 / atualizado em 15/07/2019 07:28

Forro de madeira e revestimento interno de concreto foram refeitos. Os 14 quadros de Portinari que recriam cenas da via-sacra foram retirados em outubro de 2017(foto: Sudecap/PBH)
Forro de madeira e revestimento interno de concreto foram refeitos. Os 14 quadros de Portinari que recriam cenas da via-sacra foram retirados em outubro de 2017 (foto: Sudecap/PBH)


A arquiteta Susana Meinberg se orgulha de ter a mesma idade da Igreja S�o Francisco de Assis, mais conhecida como Igrejinha da Pampulha, em Belo Horizonte. “Temos 76 anos”, revela a moradora do Bairro S�o Luiz, onde vive com a fam�lia desde 1981, embora o terreno da casa tenha sido adquirido h� 50 anos. Ansiosa para rever o interior da constru��o projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), ainda fechada por tapumes, Susana est� satisfeita com a empreitada na reta final. “O restauro marca os tr�s anos da Pampulha como patrim�nio da humanidade”, afirma a arquiteta em refer�ncia ao t�tulo conquistado em 17 de julho de 2016, durante a 40ª reuni�o do Comit� de Patrim�nio Mundial da Unesco, em Istambul, na Turquia.

Diante da igrejinha fechada por tapumes, Susana se mostrou satisfeita com a obra iniciada h� um ano e que, acredita, livrar� o templo das infiltra��es e outros males que degradaram o patrim�nio visitado por brasileiros e estrangeiros. “N�o estive l� dentro, mas sei que foram adotadas t�cnicas modernas para resolver problemas antigos”, afirmou Susana, certa de que “o t�tulo n�o � s� da Pampulha, mas da nossa cidade”. Com a chancela da Unesco, a Pampulha poder� atrair mais turistas, como tamb�m abrir oportunidade de gera��o de renda e chamar investimentos.

Com a reabertura da Igrejinha da Pampulha, que est� em obras h� um ano e tem a reinaugura��o marcada para 4 de outubro, conforme o Estado de Minas informou na edi��o de 14 de julho de 2019 com exclusividade, voltar�o a ser expostos, nas paredes da nave, os 14 quadros de autoria de C�ndido Portinari (1903-1962), recriando as cenas da via-sacra. As pe�as foram retiradas em 18 de outubro de 2017 e encaminhadas para restauro, sob escolta da Pol�cia Militar do Meio Ambiente, � reserva t�cnica do Centro de Conserva��o e Restaura��o de Bens Culturais (Cecor), da Escola de Belas Artes, no c�mpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Por quest�o de seguran�a, conforme informa a gerente do Conjunto Moderno da Pampulha/Funda��o Municipal de Cultura (FMC) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o acervo n�o pode ainda ser mostrado.

Trabalho artesanal no forro da igreja


"O restauro marca os tr�s anos da Pampulha como patrim�nio da humanidade" - Susana Meinberg, arquiteta e moradora da Pampulha (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Em visita � Igreja da Pampulha, na companhia de arquitetos do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) e engenheiros da construtora respons�vel pelos servi�os, Jana�na explicou os motivos de a obra, prevista para durar um ano, prazo que expira este m�s, ainda n�o foram entregues. “Durante as obras, foi necess�rio desmontar todo o forro de madeira que reveste o concreto, sendo detectados tr�s pontos de infiltra��o de �gua de chuva. Dessa forma, houve revis�o no cronograma de obras”, explica a mestre em hist�ria. “H� partes que demandam um trabalho artesanal, de formiguinha mesmo, da� a necessidade de um tempo maior”, afirma. A obra � feita com recursos no valor de R$ 1 milh�o do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) Cidades Hist�ricas, do governo federal, capitaneado pelo Iphan.

Mesmo com a igrejinha fechada h� um ano, muitos visitantes chegam de �nibus, carro ou bicicleta para conhecer a obra projetada por Niemeyer, no in�cio da d�cada de 1940, emoldurada pelos jardins de Burle Marx (1909-1994) e com os trabalhos de outros artistas, a exemplo de Portinari, Paulo Werneck (1903-1962) e Alfredo Ceschiatti (1918-1989). � frente de um grupo de 16 sergipanos, o dono de ag�ncia de turismo Cleomar Macedo contou que vem tr�s vezes por ano a Minas, sendo fundamental uma visita � Pampulha, que tem o Conjunto Moderno reconhecido mundialmente e muitas belezas naturais.

No grupo de “passageiros de primeira viagem a BH, o casal de noivos Fabiano Santos Lima, estudante de psicologia, e Brizza Reis, administradora, moradores de Nossa Senhora da Gl�ria (SE), gostaram do que viram, mas prometeram voltar, especialmente para ver a igrejinha restaurada. “Esta � a primeira viagem de outras”, brincou Brizza. Os dois gostaram muito da capital dos mineiros e elogiaram a educa��o e boa acolhida. “N�s est�vamos na rua e vimos quando um motorista ultrapassou o sinal vermelho. Ent�o, quem estava se preparando para atravessar na faixa, vaiou. Achei isso muito legal”, disse Fabiano.

N�o muito distante, uma turma de estudantes batia papo � sombra de uma �rvore, na Pra�a Dino Barbieri, que tamb�m faz parte do acervo reconhecido pela Unesco. Para a estudante Marianna Vasconcelos Pinto, de 19, aluna de psicologia na UFMG, � fundamental, cada vez mais, o envolvimento da comunidade e conscientiza��o da popula��o sobre a import�ncia da Pampulha e do t�tulo mundial. “Meu pai conta que as pessoas velejavam na lagoa, h� muitos anos.”

Import�ncia de preservar o patrim�nio


J� Lucas Alves Rodrigues Gon�alves, tamb�m de 19, futuro fisioterapeuta e com grande interesse em biologia, destaca a boa arboriza��o da Pampulha, a import�ncia da conserva��o do meio ambiente e elogia a flora��o dos ip�s que come�a a tingir de amarelo, roxo e outras cores o inverno de BH. Estudante de arquitetura na Faculdade Pit�goras, Paloma Guieiro Nunes, de 19, ressalta o valor de Niemeyer e demais profissionais que trabalharam na igrejinha e, ao lado de L�via Caroline Sena Ara�jo, de 18, estudante de engenharia aeroespacial, e Amanda Balbino Moreira e Rafaela dos Santos Ara�jo, ambas de 19 e alunas de letras, concorda que a lagoa precisa de limpeza. “A Pampulha � bem localizada, um lugar de conviv�ncia, bom para pr�tica de esportes”, afirma.

A proximidade de reabertura da Igrejinha da Pampulha traz � tona uma opera��o que durou quatro horas, em 18 de outubro de 2017, e envolveu seguran�a, t�cnica e muito cuidado. Os 14 quadros recriando as cenas da via-sacra pintados por C�ndido Portinari e destaque do templo constru�do entre 1943 e 1945 seguiram para o Centro de Conserva��o e Restaura��o de Bens Culturais (Cecor), da Escola de Belas Artes, no c�mpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). � frente, a diretora e professora Beth�nia Reis Veloso, que reuniu uma equipe formada por 10 especialistas e 20 alunos do cursos de conserva��o-restaura��o da institui��o.

Na �poca, ela informou que havia “descolamento da policromia, manchas generalizadas devido � umidade, sujeira e outros problemas nas obras”. Acompanhado a opera��o, o padre Ot�vio Juliano de Almeida e a coordenadora-geral do Memorial da Arquidiocese, Maria Goretti Gabrich Freire Ramos, explicando que a medida faz parte do termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado em 2016 com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais, representado pela promotora de Justi�a de Defesa do Meio Ambiente e do Patrim�nio Hist�rico e Cultural de BH, Lilian Marotta Moreira.


Flagrante de amea�as de degrada��o

(foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
(foto: Cristina Horta/EM/DA Press)


Em de dezembro de 2016, o Estado de Minas mostrou a situa��o de perigo � qual estavam expostos os quadros da igreja da Pampulha, que pertence � Arquidiocese de Belo Horizonte. Na �poca, a superintendente do Iphan em Minas, C�lia Corsino, sugeriu a remo��o de pelo menos tr�s deles, que estavam danificados. A equipe de reportagem flagrou o risco de a chuva danificar os quadros de Portinari na igreja, onde at� mesmo baldes foram usados no interior da constru��o para tentar evitar danos, enquanto funcion�rios colocavam capas nas telas e secavam o ch�o com panos. As infiltra��es tamb�m apodrecem as placas curvas de madeira do forro original da nave.


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