'Minha filha representa minha vida', diz m�e durante enterro de mulher e filho assassinados em BH
Microempres�rio apontado como autor dos crimes e ex-marido da v�tima � preso na mesma hora do enterro, marcado por emo��o, dor e revolta pela falta de prote��o. Apura��es indicam que crime foi premeditado
postado em 01/08/2019 06:00 / atualizado em 01/08/2019 07:51
Os corpos de Tereza Cristina e Gabriel Peres foram enterrados sob forte como��o de parentes e amigos que lotaram o vel�rio (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Uma despedida precipitada ao som de choros e lamentos de familiares e amigos que deram o �ltimo adeus a m�e e filho que foram brutalmente assassinados na segunda-feira. Os corpos de Tereza Cristina Peres de Almeida, de 44 anos, e do filho dela, Gabriel Peres Mendes de Paula, de 22, foram sepultados na tarde de ontem, no momento em que era preso Paulo Henrique da Rocha, de 33, ex-marido, apontado como autor do crime que chocou Belo Horizonte.
Uma pris�o que n�o descartou o sentimento de injusti�a. “O que ele merece � muito mais do que isso. Ele era para estar preso h� muito tempo. Se ele estivesse l� onde devia estar, minha irm� e meu sobrinho n�o estariam naquele caix�o. Mas a Justi�a, infelizmente, � inoperante. E vai continuar sendo, pois eles legislam somente em desfavor do povo”, desabafou o irm�o da v�tima, Hugo Peres de Almeida, de 38, quando recebeu a not�cia da pris�o. As investiga��es indicam que o crime foi planejado. Ele foi preso pr�ximo ao F�rum Lafayette depois de rodar por cinco cidades mineiras.
Um bal�o foi solto em homenagem ao rapaz assassinado (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Durante o sepultamento, no Cemit�rio da Paz, gritos de adeus e muitas l�grimas acompanhadas de solu�o. Amigos levaram um bal�o em formato de cora��o como forma de demonstrar o amor � fam�lia. “Gabriel, te amamos” foi a mensagem que subiu ao c�u com aplausos e dizeres de “vai com Deus”. � beira do caix�o e cheia de tristeza, a m�e de Tereza deixou um recado. “Falem todos os dias que voc�s amam seus familiares. Porque quando eles v�o embora s� fica o vazio. Ela sempre dizia pra mim: “Mam�e, eu te amo”, era a coisa que eu mais gostava de ouvir”, disse Maria Solange Peres de Oliveira.
“Minha filha representava minha vida. Agora s� fica um sentimento de injusti�a. Esse tempo todo foi um jogando pro outro, pol�cia, promotor, Justi�a. Um absurdo”, disse a m�e. No fim do sepultamento, o irm�o agradeceu a todos pelo carinho e apoio que est�o recebendo. O pai de Gabriel, segundo sargento da Pol�cia Militar de Minas Gerais, recebeu o carinho de colegas da profiss�o. “Estou sendo bem amparado”, disse Osni de Paula Mendes, de 49 anos.
O hist�rico de viol�ncia de Paulo contra a mulheres � extenso. Ele j� respondia por cinco inqu�ritos de viol�ncia contra a v�tima. Al�m disso, Tereza tinha tr�s pedidos de medidas protetivas contra ele, sendo que a �ltima foi concedida em mar�o. Mas foi em abril que Paulo assinou o termo de ci�ncia. Segundo a Pol�cia Civil, Paulo tamb�m teria amea�ado outras duas ex-namoradas, sendo que as den�ncias foram feitas pelas v�timas em 2007 e em 2014.
Pai do jovem assassinado, Osni de Paula (C) foi amparado durante a cerim�nia (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A Pol�cia Civil afirmou que j� tinha pedido a pris�o do homem este ano, mas a Justi�a teria negado o pedido. A assessoria de imprensa do F�rum Lafayette negou a informa��o.
O irm�o de Tereza e tio de Gabriel, o motorista Hugo Peres de Almeida, de 38, criticou a demora da Justi�a de decretar a pris�o do homem. “Minha irm� acreditou na Justi�a e mais uma vez ela se mostrou falha. Tanto que hoje ela e meu sobrinho est�o deitados no caix�o e dali n�o saem mais, com uma vida toda pela frente”, lamentou.
Os sentimentos da fam�lia s�o os piores. “S� tristeza e dor, porque infelizmente veio um covarde, sorrateiramente, arquitetado, assassinou meu sobrinho e minha irm� cruelmente, sem chance de defesa. E por motivo que � inaceit�vel” disse Hugo, que foi criado por Tereza e tentava repassar o que aprendeu para o sobrinho.
“Minha irm� me criou, ela era mais velha e sou o irm�o ca�ula. Ela determinou o meu car�ter, me deu um bom aprendizado e me fez sentir e dignificar a palavra homem. E meu sobrinho, eu cuidei dele. O que ela fez por mim, eu fiz por ele. Troquei a fralda, ensinei a andar de bicicleta, jogar bola. Se tornou homem de car�ter, tanto que com 22 anos j� era advogado com OAB e pronto para assumir um cargo com concurso p�blico”, contou o tio de Gabriel.
“Vem um covarde por tr�s e atira no ouvido dele. E correu atr�s da minha irm� e deu um tiro na cabe�a dela e tr�s no peito. Depois saiu andando como se tivesse pisado em duas baratas”, desabafou, revoltado.
'Era para estar preso h� muito tempo', desabafou irm�o de Tereza ao saber da deten��o do ex-cunhado (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)