
Cinco pessoas, sendo quatro da mesma fam�lia, est�o presas e a delegada Bianco Prado, que comanda as investiga��es, diz ter elementos suficientes que comprovam que todas elas praticaram, no m�nimo, tortura. Se ficar comprovado que um caso de tortura evoluiu para a morte, a pena para o crime pode chegar a 16 anos de cadeia.
Ao todo, a delegada disse ter den�ncias de pelo menos sete mortes que podem ter rela��o com o quadro de maus-tratos, agress�es e tortura que era comum no asilo. A unidade era comandada por Elizabeth Lopes Ferreira, de 47 anos, que foi presa junto com duas filhas, o marido e um cuidador que trabalhava h� cinco meses no local.
“� muito cedo para a gente dizer que todas as mortes ali t�m rela��o com maus tratos. Eu posso afirmar para voc�s que a gente j� teve acesso a uma dessas mortes com ind�cios de maus tratos e tortura. Foi um caso grav�ssimo de desnutri��o, desidrata��o, hematomas pelo corpo muito grandes, que nos leva a crer que essa pessoa ficou sim privada de alimenta��o e �gua por pelo menos uma semana”, diz a delegada.
Essa priva��o de comida e �gua era bastante comum dentro do que a Pol�cia Civil identificou como castigos aplicados com bastante frequ�ncia aos idosos. Caso se recusassem a tomar banhos frios ou se derrubassem alguma coisa, por exemplo, recebiam o castigo.
“Os internos relatam que eles tinham como castigo a priva��o de alimenta��o, de 24 horas e relatos de at� tr�s dias, banho frio e baldes de �gua fria retirados da piscina como castigo. Na hora das refei��es a gente tem relato que a Elizabete passava com uma bengala na m�o e se algu�m derramasse comida ou fizesse alguma coisa a bengalada realmente ia nos idosos. Bra�o, perna, cabe�a. As feridas n�o cessavam”, acrescenta Bianca Prado.

Entenda o caso
Na semana passada, depois de receber den�ncias de que idosos estariam morrendo em decorr�ncia de tortura no Asilo Acolhendo Vidas, a Pol�cia Civil montou uma opera��o na unidade e prendeu Elizabeth, dona do asilo, e a filha Poliana Lopes Ferreira, de 27 anos.
As den�ncias partiram de cuidadores para os profissionais de sa�de do Hospital Municipal de Santa Luzia, para onde idosos com problemas de sa�de eram encaminhados, e o hospital repassou os relatos para a Pol�cia Civil.
Na ocasi�o da batida na unidade, 42 idosos estavam no abrigo e a Pol�cia Civil montou um esquema junto com a Prefeitura de Santa Luzia para tentar acionar os parentes para retir�-los. A investiga��o j� identificou 47 idosos que estavam no asilo recentemente e tamb�m trabalha com a possibilidade que at� 52 chegaram a permanecer ao mesmo tempo.
As investiga��es prosseguiram e ontem mais tr�s pessoas foram presas: Paulo Lopes Ferreira, de 53 anos, marido de Elizabeth, Patr�cia Lopes Ferreira, de 21, outra filha do casal que est� gr�vida de seis meses, e Jorman Alexander Ven�ncio do Amaral, de 47 anos, que era cuidador h� cinco meses.
Todos eles negam as den�ncias de tortura com idosos, segundo a Pol�cia Civil. Jorman foi o �nico que permaneceu calado durante depoimento. Os pr�ximos passos da investiga��o s�o a identifica��o de outros crimes praticados pelos presos e o detalhamento de todas as mortes para saber se elas podem ter rela��o com a tortura que era praticada dentro do asilo.
A movimenta��o nesta quinta-feira
A reportagem do Estado de Minas esteve no asilo na manh� de hoje o constatou que em torno de 10 idosos ainda permanecem no local, aguardando o desfecho do caso. Segundo a Pol�cia Civil, j� existe sinaliza��o de duas fam�lias para buscar seus parentes, mas o restante ainda n�o teria para onde ir.
Com a pris�o de Paulo Lopes Ferreira, que tinha fica encarregado por tomar conta do asilo depois que a mulher tamb�m foi presa, coube a um primo dele ficar no local nesta manh�. “Eu vim para ficar com eles depois que o Paulo foi preso. Fiz o caf� da manh� e estamos esperando o que vai acontecer”, afirma Denilson Ferreira.