Clima de extremos: BH tem 4 esta��es no mesmo dia e temporais no horizonte
Do frio ao calor; das flores aos galhos nus: capital tem paisagens de primavera, ver�o, outono e inverno que agradam aos olhos, mas complicam a sa�de. Setembro deve ter tempestades
postado em 10/08/2019 04:00 / atualizado em 10/08/2019 07:42
Nos jardins, a flora��o antecipa a primavera (foto: Leandro Couri/Em/D.A Press)
De manh�, agasalho para suportar o frio com vento cortante. � tarde, casacos nos bra�os ou em bolsas e estrat�gias para driblar o sol a pino. No sobe e desce dos term�metros, o chuvisco ressalta a mudan�a de tempo. A paisagem joga seu charme e parece querer convencer que sim, j� chegou a �poca das flores. Nesta semana, andar por Belo Horizonte significou apreciar nuances das quatro esta��es em quest�o de horas. Em um mesmo dia, moradores da capital enfrentaram picos de inverno e ver�o, com a temperatura m�xima chegando a ser superior ao dobro da m�nima. A amplitude t�rmica (diferen�a entre esses extremos) chegou a bater 15,3°, em ruas pontilhadas por jardins e �rvores em plena flora��o convivendo com outras que ainda n�o recuperaram as folhas perdidas para o outono. Mas, se oferecem belos espet�culos para os olhos, as varia��es fazem sofrer o restante do corpo. As recomenda��es m�dicas para enfrentar este per�odo passam por cuidados como hidrata��o abundante e higiene. Vacina��o tamb�m � essencial para evitar doen�as infecciosas favorecidas pela montanha-russa do tempo, agravada pela baixa umidade do ar.
Na Grande BH, as maiores varia��es foram em rela��o aos extremos da temperatura. Na sexta-feira da semana passada, os term�metros come�aram marcando 14,7° e subiram para a casa dos 30°. Na ter�a, n�o passaram dos 21,1°, deixando o dia com a tarde mais gelada e a mais baixa m�xima do ano. As quedas de term�metros do in�cio da semana tiveram como causa uma frente fria, que chegou a Minas Gerais no s�bado e deixou o tempo nublado at� quarta-feira. “A nebulosidade excessiva acabou enfraquecendo a passagem da massa de ar polar, que atuou somente no Sul do Brasil”, explica o meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto ClimaTempo.
Calor da tarde leva � busca por alternativas refrescantes (foto: Leandro Couri/Em/D.A Press)
E nesses dias de grande varia��o tamb�m ventou muito, o que contribuiu para aumentar a sensa��o de frio. Na segunda-feira, quando a m�nima foi a 13,3°, os ventos chegaram a 30 quil�metros por hora, que fez muita gente jurar que n�o fazia mais que 5°. O fen�meno foi ainda mais sentido em bairros mais altos, como Buritis (Regi�o Oeste) e Belvedere (Centro-Sul de BH). Teve at� chuvisco, na quarta-feira, ao longo da Serra do Curral.
Desde a quinta-feira o c�u azul ficou novamente � mostra, num contraste intenso com ip�s tomados pelas flores de um rosa bem chamativo. Algumas �rvores que j� come�am a perder as flores, ali�s, proporcionam um espet�culo � parte: formar tapetes com as p�talas que cobrem asfalto e cal�adas. “� t�pico desta �poca. Mas os modelos mostram que a partir de agora haver� mais calor. Vai esquentar bem”, avisa o meteorologista.
Vento acirra a lembran�a de que ainda estamos em pleno inverno (foto: Leandro Couri/Em/D.A Press)
Recordes de calor e temporais � vista
Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, as m�nimas ficar�o na casa de 15° e as m�ximas chegar�o aos 30° j� na semana que vem. J� a umidade relativa do ar volta a cair. Na quinta-feira, ficou em 32%. Nos pr�ximos dias, a previs�o � de que fiquem abaixo de 30% – o que configura estado de aten��o. A proje��o � de recordes de temperaturas no m�s de setembro – entre 35° e 36°. E onde tem muito calor, tem temporal. Por isso, a tend�ncia � de que as primeiras chuvas, esperadas para o fim do m�s que vem, venham na forma de tempestades. “O El Ni�o (aquecimento anormal das �guas do Oceano Pac�fico, influenciando na temperatura da �gua e no clima de v�rias regi�es do mundo) continua atuando, com intensidade fraca, mas vai deixar rastro na forma de calor”, diz Ruibran. Fora as pancadas, precipita��es mais significativas devem atrasar e chegar apenas na segunda quinzena de outubro.
Em outros cantos, �rvores ainda n�o recuperaram as folhas perdidas no outono (foto: Leandro Couri/Em/D.A Press)
Com tanta mudan�a, quem sofre � a sa�de, principalmente a de crian�as e idosos. Segundo o m�dico Adelino de Melo Freire J�nior, infectologista da Unimed-BH, algumas doen�as, como alergias, pneumonia e infec��es respirat�rias e virais podem ter rela��o com a mudan�a de temperatura e umidade relativa do ar. “N�o se sabe como exatamente isso afeta o sistema imune, mas parece haver rela��o entre a prote��o do corpo e as varia��es bruscas. As pesquisas n�o conseguem fazer rela��o de causa e efeito, s� documentar a liga��o”, afirma. Ele explica que em situa��es de tempo muito seco e quente, quando aumenta a quantidade de al�rgenos no ar, as vias a�reas ficam mais suscet�veis, levando a asma, alergias e infec��es virais. “O frio pressup�e ainda doen�as respirat�rias, porque as pessoas ficam mais juntas e os ambientes ficam mais fechados, favorecendo a transmiss�o das doen�as respirat�rias.”
A preven��o, de acordo com Adelino de Melo, passa por vacina (como a da gripe) e cuidados b�sicos. Manter-se hidratado no tempo seco, ficar em ambientes mais ventilados, higienizar as m�os com �gua e sab�o ou �lcool gel. E ainda evitar levar m�os a nariz, olhos e boca, mofo, carpete e cortinas de tecido. Manter o calend�rio de vacina��o em dia, ressalta o infectologista, � essencial. E, depois de se proteger, que tal aproveitar no fim de semana os espet�culos da natureza nas ruas da capital?