Ap�s prazo imposto pelo prefeito Alexandre Kalil para a volta de cobradores, �nibus de Belo Horizonte continuaram ontem circulando sem o agente de bordo em hor�rios proibidos, entre as 6h da manh� e as 20h30 da noite. Embora o limite para a contrata��o dos 500 auxiliares tenha se encerrado ontem, usu�rios relatam ter se deparado com a mesma realidade no transporte p�blico, em que o motorista passou a acumular tamb�m a fun��o de trocador. As empresas alegam que cumpriram o ultimato de Kalil, que condicionou o reajuste da tarifa � medida, mas o passageiro n�o percebeu o refor�o. De acordo com a BHTrans, empresa que administra o tr�nsito da capital, as companhias de transporte coletivo informaram que 501 agentes foram contratados, mas 190, menos da metade, j� est�o na ativa.
“S� se voltou hoje (ontem) � tarde, porque nada mudou. � uma pouca vergonha o que est�o fazendo”, critica a cozinheira Virginita Gon�alves Pereira, de 75 anos. “Isso (a tarefa de cobrar as passagens) tira muito a aten��o dos motoristas”, diz, preocupada. E ela tem experi�ncia na avalia��o, j� que usa quatro �nibus todos os dias. Mas, sem qualquer dificuldade, � poss�vel comprovar o que a passageira enfrenta diariamente.
Em 30 minutos nos arredores da Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de BH, a equipe de reportagem do Estado de Minas testemunhou dezenas de �nibus sem cobradores e apenas dois com agentes de bordo, nas linhas 2101 e 5104. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) informou que fez todas as 500 contrata��es dos agentes de bordo e que a lista dos novos funcion�rios foi encaminhada � BHTrans. Mas a entidade n�o esclareceu por que a maior parte deles ainda n�o est� trabalhando.
Entre os coletivos que circulavam irregularmente sem o cobrador, outra cena impressionou. Para devolver o troco a um dos passageiro, o motorista de um �nibus teve que estacionar o ve�culo no ponto, na Pra�a da Liberdade, e sair do �nibus para trocar o dinheiro com outro condutor. “� o dia inteiro assim. N�o vi ningu�m sendo contratado”, relata o profissional, cujo nome ser� preservado para evitar repres�lia.
Tamb�m houve flagrante de tr�s casos em que a cadeira do agente de bordo estava ocupada por passageiros. “O �nibus fica lotado, ent�o a gente acaba se sentando no lugar do cobrador”, conta a auxiliar de cozinha Simone de Almeida, de 42, que reclama da situa��o do transporte p�blico. “Falta seguran�a no volante, com o motorista exercendo outra fun��o. Teve um dia em que precisei descer depois do meu ponto, at� que o motorista conseguisse me devolver o troco”, afirma.
Desfalque
Em nota, a BHTrans informou que recebeu do Setra-BH lista com nomes de 501 agentes de bordo contratados pelas concession�rias para atuar em 50 linhas do transporte p�blico. Segundo a empresa municipal, a partir de hoje, ser� montada “opera��o de fiscaliza��o espec�fica nas linhas e hor�rios que est�o definidos na rela��o enviada pelas empresas”. Na pr�xima semana, as companhias de transporte dever�o enviar relat�rio semanal para comprovar a perman�ncia dos cobradores e as linhas em que estar�o operando.
Da janela do �nibus, enquanto o sem�foro n�o abria, uma cobradora da linha 2101 contou que, na empresa em que trabalha, 19 cobradores foram admitidos. Em reuni�o no fim de agosto, Kalil condicionou eventual aumento da tarifa do transporte p�blico municipal ao cumprimento da exig�ncia de contrata��o. Segundo o prefeito, se as empresas n�o atenderem a exig�ncia, o pre�o da passagem n�o ser� reajustado no fim do ano.
Por lei, a presen�a de agentes de bordo � obrigat�ria em BH. Os ve�culos s� podem circular sem trocador no hor�rio noturno, das 20h30 �s 5h59. A exce��o s�o as linhas do Move, que t�m ficado imunes � fiscaliza��o. Segundo a BHTrans, em 2018 foram aplicadas 9.379 autua��es por falta de agente de bordo nos hor�rios em que � obrigat�ria a presen�a do profissional. No primeiro semestre de 2019 j� foram 5.098 autua��es.