Patrim�nio: Minas vai da festa ao luto com restauro de uma igreja e destrui��o de outra
Ap�s manh� de alegria com a reabertura da Igrejinha da Pampulha, em BH, mineiros choram perda de templo centen�rio consumido pelo fogo em Diamantina. Causa do inc�ndio ainda � desconhecida
postado em 05/10/2019 04:00 / atualizado em 05/10/2019 07:54
(foto: Juarez Rodrigues/Em/D.a presss - 20/4/18)
De manh�, a festa. � tarde, o luto. No mesmo dia em que os mineiros comemoraram a reabertura de um patrim�nio da humanidade, a Igreja S�o Francisco de Assis, mais conhecida como Igrejinha da Pampulha, em Belo Horizonte, tamb�m choraram a destrui��o pelo fogo de templo centen�rio em Diamantina. Consumida rapidamente pelas chamas, da Igreja Santa Rita de C�ssia, no distrito de Sopa, sobraram somente as paredes. O templo, tombado pelo patrim�nio do munic�pio no Vale do Jequitinhonha, havia sido restaurado em 2015. N�o houve v�timas e a igreja estava fechada na hora do epis�dio.
As causas do inc�ndio, que est� sendo investigado pela Pol�cia Civil, ainda s�o desconhecidas. Uma testemunha ouvida pelo Estado de Minas, que se identificou apenas como Ant�nio, contou que ouviu explos�es de fogos na hora do inc�ndio e que o material estava sendo guardado para um casamento que aconteceria neste s�bado. O Corpo de Bombeiros n�o confirma a informa��o de que havia fogos de artif�cio dentro da constru��o, mas n�o descarta a hip�tese. V�deo que circulou nas redes sociais permite que estalidos semelhantes � explos�o de fogos sejam ouvidos.
A per�cia da Pol�cia Civil foi para o local na hora do inc�ndio e retorna neste s�bado para continuar a investiga��o. “N�o temos informa��o sobre isso (fogos de artif�cio). Vamos esperar a conclus�o dos trabalhos da per�cia t�cnica sobre o inc�ndio”, afirma a secret�ria municipal de Cultura e Turismo de Diamantina, M�rcia Betania Oliveira Horta. As chamas come�aram por volta das 15h30 e consumiram a torre, telhado e todo o interior da igreja. Restaram apenas as paredes do bem tombado pelo patrim�nio hist�rico municipal de Diamantina, cidade declarada patrim�nio cultural da humanidade pela Unesco desde 1999.
A Igreja Santa Rita de C�ssia dominava a paisagem do distrito de Sopa e havia passado por restaura��o. O templo foi tomado pelas chamas e s� restaram as paredes depois que o fogo foi dominado (foto: Redes Sociais/Reprodu��o)
A constru��o tem sua �poca de origem desconhecida, mas provavelmente datando da primeira d�cada do s�culo 19. Considerada patrim�nio municipal, ela foi restaurada em 2015. Em 2011, o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais reconheceu o local como bem de relev�ncia hist�rica. Em nota, o Iepha-MG se solidarizou pelo inc�ndio e ofereceu apoio t�cnico para a recupera��o do bem cultural.
O templo se destaca como o principal monumento arquitet�nico do distrito de Sopa, que, de acordo com Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), tem 540 habitantes e 277 resid�ncias. A localidade est� a 16 quil�metros da sede do munic�pio.
Com uma torre �nica frontal, a capela tinha altar-mor todo em madeira. Documento sobre monumentos hist�ricos e art�sticos do Circuito do Diamante descreve a constru��o: “A fachada, de composi��o bastante harmoniosa, faz ressaltar a presen�a da torre central e �nica, com suas janelas sineiras em gelosia e a cobertura tradicional em telhadinho de quatro �guas”.
(foto: Redes sociais/Reprodu��o)
Uma equipe de nove militares em tr�s viaturas combateu as chamas e contou com apoio de um caminh�o-pipa da Copasa. Outra, da Secretaria Municipal de Cultura e Patrim�nio Hist�rico, tamb�m se deslocou para o vilarejo, junto com Pol�cia Militar (PM), Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional e Defesa Civil Municipal.
“Ficamos muito tristes, pois, exatamente no momento que a pol�tica de prote��o do patrim�nio hist�rico passa por muitas dificuldades, ocorre um sinistro que destr�i uma igreja hist�rica”, afirmou M�rcia Betania Oliveira Horta. Segundo ela, a falta de recursos para a preserva��o � o “calcanhar de Aquiles” da pol�tica de prote��o do patrim�nio hist�ricos no pa�s. Ela salientou que a �rea enfrenta a falta de recursos, o corte de pessoal e outros problemas.
Na semana passada, houve uma troca na Superintend�ncia do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) em Minas Gerais, da qual foi exonerada C�lia Corsino, com mais de 30 anos na �rea, sendo nomeado para o lugar dela Jeyson Dias Cabral da Silva, formado em jornalismo e ex-assessor de um vereador em Juiz de Fora, A mudan�a causou indigna��o, com protestos dos prefeitos das cidades hist�ricos e profissionais que atuam na �rea.
A Arquidiocese de Diamantina se limitou a comunicar em nota, “grande pesar” pelo inc�ndio na Igreja Santa Rita de C�ssia, Comunidade de Sopa, distrito de Diamantina. “Assim que o fogo come�ou a equipe do corpo de bombeiros foi acionada. Aguarda-se mais informa��es das autoridades competentes sobre a abrang�ncia e as causas de tal fatalidade”, informou.
Joia no Circuito do Diamante
A capela, cercada por muro de lajes caiado, est� localizada em s�tio privilegiado, de onde se descortina uma ampla e agrad�vel perspectiva. Seu aspecto atual leva a supor tenha ocorrido uma reconstru��o relativamente recente do tempo. A fachada, de composi��o bastante harmoniosa, faz ressaltar a presen�a da torre central e �nica, com suas janelas sineiras em gelosia e a cobertura tradicional em telhadinho de quatro �guas. A empena se resolve � maneira de um front�o reto, delimitado por cimalha e beiradas recobertas por fiadas de telhas. Os v�os, simetricamente distribu�dos em sec��es marcadas por cinhais e esteios de madeira, compreendem tr�s janelas de caixilhos de vidro, � altura do coro, e a porta principal em almofadas, todos esses v�os encimados por vergas alteadas. Internamente, compensando a aus�ncia de ret�bulos em talha, v�-se interessante altar-mor em delicado trabalho de gosto popular.
Fonte: Monumentos hist�ricos e art�sticos – Circuito do Diamante