
Muito mais do que um cart�o-postal de Minas e �cone do patrim�nio da humanidade, um centro de refer�ncia em “ecologia integral”, conforme preconiza o papa Francisco. Esse � o objetivo do arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, que segue neste s�bado para Roma, na It�lia, onde participar� da abertura, neste domingo, do S�nodo da Amaz�nia, no Vaticano. Ao presidir, na manh� de sexta, a cerim�nia de reinaugura��o da Igreja S�o Francisco de Assis, mais conhecida como Igrejinha da Pampulha, na capital, o arcebispo explicou que a ecologia integral se refere � valoriza��o do meio ambiente em harmonia com o ser humano. “Pensamos numa escola, um lugar de aprendizagem, de respeito e preserva��o do meio ambiente, nossa Casa Comum”, afirmou o arcebispo.
Antes do “momento da Palavra”, quando rezou com autoridades e demais convidados para a reabertura do templo vinculado � Arquidiocese de BH, dom Walmor explicou que se trata de uma filosofia de vida baseada na carta enc�clica do papa Francisco sobre o Cuidado com a casa comum – em resumo, trata da destrui��o ambiental pelo ser humano, “o que � muito grave, pois Deus confiou o mundo � humanidade”. Dessa forma, a Ecologia Integral se refere � conviv�ncia entre seres vivos e a natureza. Antes das ora��es, dom Walmor plantou uma muda de ip�s roxo-bola, na Pra�a Padre Dino Barbieri, do outro lado do templo, e explicou que, �s 12h30 (hor�rio da It�lia) o papa Francisco faria o mesmo, mas com uma muda de azinheira de Assis, homenagem ao padroeiro da igreja e da natureza e santo do dia. � noite, diante da Igrejinha, houve a tradicional b�n��o dos animais. A primeira missa ser� celebrada amanh�, �s 10h30. A igreja ficar� a cargo do assistente pastoral padre Welinton Lopes, titular da Par�quia de Santo Ant�nio, no Bairro Jaragu�, na mesma regi�o,
A festa de reabertura da Igreja S�o Francisco de Assis se transformou, tamb�m, em grande celebra��o do patrim�nio de Minas e dos que lutam pela conserva��o de igrejas, capelas, museus, arquivos e demais monumentos que atraem visitantes do mundo inteiro. “Quem atua na �rea do patrim�nio n�o trabalha com o passado, mas com o futuro, pois deixa para as gera��es que v�m, com toda generosidade, um legado importante, a preserva��o da arte”, destacou a presidente do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), K�tia Bog�a, que arrancou palmas dos presentes ao citar a ex-superintedente do Iphan em Minas, a muse�loga C�lia Corsino, exonerada na semana passada por portaria do ministro da Cidadania, Osmar Terra.
K�tia explicou que a nomea��o do novo superintendente em Minas do Iphan – conforme foi divulgado pelo Estado de Minas, o ex-assessor parlamentar Jeyson Dias Cabral Silva, sem a qualifica��o t�cnica para o cargo, na avalia��o de especialistas – n�o dever� causar preju�zos ao andamento das a��es da autarquia federal. “As trocas de chefia s�o comuns e o Iphan, com seus 82 anos, tem um corpo t�cnico de grande gabarito e capacita��o t�cnica”, explicou K�tia, ao lado do secret�rio especial de Cultura do Minist�rio da Cidadania, Jos� Paulo Martins, e do diretor Departamento de Projetos Especiais do Iphan, Robson Almeida.
INTERVEN��ES Primeira igreja em estilo modernista do pa�s, a S�o Francisco de Assis se encontrava fechada desde novembro de 2017, com um ano e tr�s meses de obras. Os recursos federais, no valor de R$1,07 milh�o, s�o do PAC das Cidades Hist�ricas e foram repassados � Prefeitura de BH, que fez a licita��o para escolha da empresa encarregada do restauro, pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). O acompanhamento t�cnico da obra ficou a cargo da autarquia federal, respons�vel pelo tombamento de todo o conjunto moderno da Pampulha, tamb�m protegido pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e Conselho Deliberativo Municipal do Patrim�nio Cultural de BH.
Um dos maiores desafios durante a obra, conforme os engenheiros, foi conter as infiltra��es que acometiam o interior da igreja. O problema j� se manifestava h� muitos anos e foram feitas interven��es anteriores, na busca de solu��es para o s�rio problema. A identifica��o exata dos pontos de infiltra��o s� p�de ser feita ap�s a remo��o do forro – ap�s o in�cio da obra, e apresentou pontos n�o previstos, que levaram � altera��o da proposta inicial de interven��es.
Como parte das a��es firmadas para a reabertura da Igreja da Pampulha, ficou a cargo da Arquidiocese de BH a recupera��o do mobili�rio original e da via-sacra Sacra de autoria de C�ndido Portinari (1903-1962). A restaura��o dos 14 quadros foi feita pelo Centro de Conserva��o e Restaura��o de Bens Culturais da Universidade Federal de Minas Gerais (Cecor/UFMG). Presente � cerim�nia junto com os diretores da empresa Tecnibras, o engenheiro respons�vel pela obra, Cl�udio Pereira, contou detalhes da interven��o no templo, que tinha fissuras e problemas na estrutura. At� mesmo uma tecnologia desenvolvida pela Ag�ncia Espacial dos Estados Unidos (Nasa) foi usada, que � um revestimento t�rmico entre o forro e a casca de concreto, com camadas de l�minas met�licas para evitar a propaga��o do calor.
Algumas pessoas, no entanto, reclamaram do calor no interior da chamada Capela Curial S�o Francisco de Assis, que tem apenas 12 bancos, com cinco lugares cada. Como n�o � poss�vel colocar aparelhos de ar-condicionado, alguns presentes sugeriram ventiladores, que, certamente, ser�o usados em casamentos no alto ver�o.
ALEGRIA Moradora de Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, S�nia Ribeiro Sales parecia voltar no tempo. “Casei aqui em 17 de janeiro de 1973, uma quarta-feira, � tarde. A gente era muito humilde, ent�o n�o houve festa, s� mesmo bombom na porta. S� estou achando os bancos diferentes, mas acho que porque n�o tinham estofamento”, conta S�nia, que est� divorciada de Ari Bernardes de Sales, mas, mesmo separados, “continuamos amigos”. Ser� que casar aqui d� sorte?, perguntou o rep�rter, para ouvir de imediato: “D� sorte, sim! O casamento me deu tr�s filhos maravilhosos, o Alexandre, a Adriana e a Amanda Lu�za”, respondeu S�nia, que gostaria de ter levado o �lbum do casamento, mas o esqueceu em casa.
Diante do painel do batist�rio, obra do mineiro Alfredo Ceschiatti (1918-1989) e composto de chapas de bronze fundido, a pedagoga Maria Helena Corr�a, moradora do Bairro Col�gio Batista, na Regi�o Leste de BH, posava para fotos. “Est� muito bonito. O importante � preservar, pois � um patrim�nio da humanidade”, disse Maria Helena. Ao lado, a dona de casa Maria Aparecida Casagrande, capixaba h� tr�s anos residente na capital, fez coro �s palavras de Maria Helena e afirmou ter gostado muito da restaura��o. Ao lado, duas paulistas queriam saber do hor�rio das missas, e ficaram sabendo que ser� todo domingo, �s 10h30. “Que �timo! Ent�o, neste domingo j� tem”, se alegrou a dupla. Os visitantes puderam admirar ainda os jardins projetados pelo paisagem Burle Marx (1909-1994), totalmente revitalizados, os pain�is externos e internos de C�ndido Portinari (1903-1962), al�m dos quadros e os pain�is de pastilhas do artista pl�stico Paulo Cabral da Rocha Werneck (1903-1962).