Em 29 de junho de 1976, o Cessna prefixo PT-FEA se espatifou, no segundo desastre com intervalo de 11 dias no Carlos Prates (foto: Arquivo EM)
Desde que foi inaugurado, em janeiro de 1944, o Aeroporto Carlos Prates tem sua hist�ria associada a uma s�rie de acidentes e � preocupa��o das comunidades pr�ximas. Em 1975, por exemplo, o ent�o vereador da capital Jo�o Batista Cardoso, apresentou uma representa��o junto ao Minist�rio da Aeron�utica, alertando para os problemas do terminal – criado com a objetivo de ser um aeroclube, para forma��o de pilotos – e o perigo que ele j� representava para a popula��o.
“Aeroportos e lugares povoados s�o um problema no mundo inteiro. As constru��es pr�ximas ao Aeroporto de Carlos Prates significam um risco. Venho salientar que o poder p�blico municipal, embora tenha tentado atuar em benef�cio da popula��o, n�o tem capacidade para tal”, dizia o documento, 44 anos atr�s, que sequer obteve uma resposta do �rg�o ent�o respons�vel pela avia��o no Brasil.
O primeiro grave acidente no Carlos Prates acontece j� quatro anos ap�s a inaugura��o: dois avi�es, um Bechara Bonan�a, que vinha de Itajub�, no Sul de Minas, e um Piper Super Cruiser, bem mais potente, que chegava de Passos, na mesma regi�o se chocaram no ar, pouco antes da aterrissagem. Desse acidente resultaram dois mortos, ambos passageiros do segundo aparelho: o farmac�utico Lauro Garcia Pereira e sua sogra, Balbina Arruda Vieira. O aparelho explodiu ao se chocar com a pista. As v�timas usavam cinto de seguran�a e ficaram carbonizadas. O piloto, Domingos Rosalvo Junqueira, embora tivesse parte do corpo queimado, sobreviveu � queda. No outro avi�o, que era pilotado por Carlos Fran�a, os dois passageiros sobreviveram.
Em 1976, dois acidentes chamaram a aten��o, pelo pequeno intervalo de tempo que aconteceram: 11 dias. Em 18 de junho, um Paulistinha prefixo PP-HOP, que pertencia � escola de avia��o instalada no Carlos Prates, caiu na Avenida Pedro II, altura do n�mero 4.900, pouco depois de decolar. Tinha dois ocupantes, o instrutor Hertz Pereira de Ara�jo, ent�o com 25 anos, e o aluno Ricardo Chagas Marinho, com 26. Segundo relato de ambos, houve uma pane no motor e eles acabaram descendo na avenida. Hertz se feriu gravemente, mas acabou escapando da morte, assim como Ricardo, que teve uma fratura no maxilar.
No dia 29 do mesmo m�s, um Cessna, da extinta Superintend�ncia do Centro-Oeste da Sudea (Superintend�ncia de Desenvolvimento Agropecu�rio), prefixo PT-FEA, se espatifou nos eucaliptos que ficam no final da pista, matando o piloto Francisco Albuquerque Milhomen, aos 22 anos, e o estudante Werner Miglio de Carvalho, com 26. O avi�o tinha vindo a Belo Horizonte para uma revis�o.
Na �poca, havia um problema com a torre de comando do aeroporto e os avi�es faziam a comunica��o com uma manobra que indicava que pousariam. O piloto dava um rasante sobre a pista, para em seguida dar uma volta completa no aeroporto e finalmente pousar. Consta que Francisco n�o conseguiu arremeter o avi�o e bateu nas �rvores.
Na �poca, o fiscal da Infraero Ronald Bertoni denunciou as p�ssimas condi��es t�cnicas do aeroporto, que n�o teria estrutura para funcionar. “Falta comunica��o entre o avi�o e a torre. Isso for�a o piloto a uma manobra que n�o � recomend�vel.”
DC 3 Em 7 de agosto de 1978, o terminal registrou um acidente com um avi�o de grande porte. Um Douglas DC-3, considerado o mais seguro da �poca, prefixo PT-KVU, pertencente � empresa MS Consultoria Geral de Engenharia, pilotado por Daniel Nobre, n�o fez o pouso como recomendado. Segundo testemunhas, o comandante desceu quase na metade da pista e n�o teve os 300 metros necess�rios para frear o aparelho. Ao sair da pista, por puco n�o atingiu as poucas casas ali existentes. O saldo foi de apenas um ferido grave, o piloto, e 17 passageiros com ferimentos leves.
No mesmo ano houve outros tr�s acidentes associados ao tamanho da pista, considerada curta e tamb�m malconservada e sem sinaliza��o, todos com avi�es pequenos. Morreram quatro pessoas. Na �poca, um relat�rio da administra��o do Carlos Pates considerou que todos os desastres naquele ano aconteceram em fun��o erros de pilotagem. Mas o mesmo documento admitia a falta de condi��es do piso, por falta de manuten��o, e tamb�m que n�o havia sinaliza��o.
Mais de dez anos de risco
Entre acidentes registrados em �rea urbana de Belo Horizonte desde 2008, apenas um n�o envolveu aeronave que tenha decolado do Aeroporto Carlos Prates
2008
Setembro
» Um avi�o de pequeno porte cai no telhado de um dep�sito de materiais no Jardim Montanh�s, em Belo Horizonte, instantes depois de decolar do Aeroporto Carlos Prates. O galp�o pegou fogo ap�s o impacto. Tr�s pessoas ficaram feridas.
2012
Maio
» Uma aeronave de pequeno porte caiu em um barranco pr�ximo � cabeceira da pista do Aeroporto Carlos Prates. A aeronave apresentou problemas mec�nicos ao decolar e o piloto n�o conseguiu par�-la a tempo. N�o houve feridos.
Agosto
» Um helic�ptero AS 50 Esquilo caiu na cabeceira do Aeroporto Carlos Prates. O piloto e um aluno ficaram feridos. Por pouco n�o ocorreu uma trag�dia, pois a queda aconteceu a cerca de 30 metros do Anel Rodovi�rio
2014
Outubro
» Um monomotor que havia partido do Aeroporto Carlos Prates precisou fazer pouso for�ado entre Juatuba e Igarap�, na Grande BH. Tr�s pessoas ficaram feridas
Outubro
» Um helic�ptero, que tamb�m havia decolado do Carlos Prates, caiu nas imedia��es de Juatuba, na Regi�o Metropolitana de BH. As duas pessoas a bordo da aeronave foram socorridas.
Novembro
» Outro avi�o de pequeno porte caiu sobre uma casa nas imedia��es do Aeroporto Carlos Prates. Duas pessoas ficaram feridas.
Dezembro
» Um avi�o de pequeno porte caiu sobre a pista do Anel Rodovi�rio. O piloto n�o sofreu ferimentos graves e conseguiu sair da aeronave depois de receber socorro de uma Unidade do Samu
2015
Junho
» Em 7 de junho, no pen�ltimo acidente a�reo com mortes na capital, o bimotor King Air prefixo PR-ABG caiu pouco depois de decolar, �s 15h20, do aeroporto da Pampulha. N�o houve v�timas em terra, mas os tr�s ocupantes da aeronave morreram na hora.
2019
Abril
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 13/4/19)
» Em 13 de abril, uma aeronave de modelo franc�s Socata ST-10 Diplomate colidiu com um poste em frente ao n�mero 405 da Rua Minerva, no Bairro Cai�ara, a mesma em que ocorreu o desastre de ontem, em meio a dezenas de moradias. O aparelho e arrastou parte da fia��o. Segundo uma testemunha, o avi�o desviou de um pr�dio antes de cair, em frente �s casas e diante de um lote vago, que poderia ser o alvo do piloto.