
Depois de serem integradas ao seleto grupo de col�gios que ser�o piloto do programa de escolas c�vico-militares no pa�s, � hora de correr contra o tempo para arrumar a casa e receber, j� no in�cio do pr�ximo ano letivo, um novo modelo pedag�gico. A parceria dos minist�rios da Educa��o e da Defesa vai enviar para 38 escolas estaduais e 16 municipais cerca de 1 mil militares da reserva das For�as Armadas, policiais e bombeiros militares da ativa para atuar na gest�o educacional das institui��es. Em Minas, foram contempladas as escolas Estadual Princesa Isabel, no Bairro Aparecida, Regi�o Nordeste de Belo Horizonte; e Palmares, em Ibirit�, na regi�o metropolitana; al�m da Municipal Embaixador Martins Francisco, em Barbacena, na Regi�o Central.
Nas discuss�es pr�vias da candidatura, enquanto dentro da escola a ades�o foi de metade dos professores a comunidade resolveu o imbr�glio, garante Rita. Na reuni�o decisiva, ganhou o sim. Em �rea de risco social, o col�gio atende a comunidade da Vila Sumar� e recebe alunos a partir de 6 anos. “Essa escola nunca ganhou nada. Peguei a escola toda pichada e quebrada. J� fa�o um trabalho de conscientiza��o dos estudantes, que est�o mais felizes que os professores com a novidade. � uma oportunidade na vida deles”, afirma.
"N�o vou pedir ao aluno que tem cabelo black power que o corte, mas ele pode fazer uma tran�a baixinha, prender; as meninas fazerem um coque. Estarei � frente desse embate para convencer os militares de que essa � uma escola de vila e n�o vamos gerar viol�ncia. N�o vamos impor nada"
Rita de C�ssia Passos, diretora da Escola Estadual Princesa Isabel
No in�cio do m�s que vem, ela vai para Bras�lia definir os detalhes da adapta��o. “Estou tranquilizando os meninos, pois eles est�o com medo de sair da escola. Digo que o espa�o � deles e n�o vou permitir que venham crian�as de fora com n�vel melhor para tirar minhas crian�as. N�o sou partid�ria e sim a favor de pol�tica p�blica que seja para todos”, relata. “J� temos uma disciplina bacana e n�o tenho menino que bate em professor. Quero escrever sobre o antes e o depois. Acreditei nesses meninos quando ningu�m acreditava. Eram exclu�dos at� de competi��es no bairro, e onde eles competiam, ganhavam”.
Outra quest�o que tem provocado burburinho � quanto ao uniforme e apar�ncia dos alunos. A diretora diz que ser� implementado um novo regime, mas que os dois lados – escola e militares – dever�o ter abertura. “N�o vou pedir ao aluno que tem cabelo black power que corte, mas ele pode fazer uma tran�a baixinha, prender; as meninas fazerem um coque”, diz. As conversas com os militares j� come�aram. “Estarei � frente desse embate para convencer os militares que essa � uma escola de vila, de risco, e n�o vamos gerar viol�ncia. N�o vamos impor nada”, garante.
O Minist�rio da Educa��o (MEC) vai destinar R$ 54 milh�es para o programa – cada escola vai receber R$ 1 milh�o. S�o dois modelos. Em um, de disponibiliza��o de pessoal, o MEC repassar� R$ 28 milh�es para o Minist�rio da Defesa arcar com os pagamentos dos militares da reserva das For�as Armadas. Os outros R$ 26 milh�es v�o para o governo local aplicar na infraestrutura das unidades, com materiais escolares e pequenas reformas — nessas escolas, atuar�o policiais e bombeiros militares.
MILITARIZA��O O secret�rio de Educa��o B�sica do MEC, Janio Macedo, disse ontem em coletiva de imprensa que o objetivo do modelo de gest�o n�o � militarizar o aluno. “N�o se busca tolher a liberdade de comportamento, s� um respeito maior a alunos e professores. � um pacto escolar. A comunidade, afinal, � ouvida no processo”, explicou. O subsecret�rio de Fomento �s Escolas C�vico-Militares do MEC, Aroldo Cursino, acrescentou que a ideia � dar maior aten��o �s condi��es do estudante e que “os militares v�o atuar como monitores para trabalhar na sensa��o de pertencimento do aluno � escola”.
Em Barbacena, o modelo vai beneficiar uma escola de 850 alunos, no Bairro Novo Horizonte, que est� sob a dire��o da professora Marileia Mota. De acordo com o secret�rio Municipal de Educa��o, Luiz Carlos Rocha de Paula, a expectativa � de inova��o. Al�m de contar com o 9º Batalh�o da PM, a cidade abriga a Escola Preparat�ria de Cadetes do Ar (Epcar). “O foco direcionado para disciplina � muito importante em virtude do segmento no qual trabalhamos, que � o ensino fundamental. � um bairro vulner�vel, onde h� problemas significativos no tocante ao uso de drogas”, afirma.
Luiz Carlos acredita que com a prepara��o de alunos, das fam�lias e do entorno da escola os objetivos ser�o alcan�ados. “Em termos educacionais � um ganho grande e em termos de sociedade e comunidade o programa ser� viabilizado pelos pr�prios familiares, porque contam com a escola para educar seus filhos de forma qualitativa.”
O que pesou na escolha
» Escola em situa��o de vulnerabilidade social e com baixo desempenho no �ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica (Ideb)
» Escola localizada na capital do estado ou na respectiva regi�o metropolitana
» Escola que oferece as etapas ensino fundamental 2 e/ou m�dio e, preferencialmente, atenda de 500 a 1.000 alunos nos dois turnos
» Escola que tenha aprova��o da comunidade escolar para a implanta��o do modelo
Novo modelo no estado
O governador Romeu Zema e a secret�ria de Educa��o, Julia Sant’Anna, apresentaram ontem, no Pal�cio da Liberdade, o novo modelo do ensino m�dio integral e ensino m�dio integral profissional em Minas Gerais para cerca de 220 alunos da rede estadual de ensino. O encontro se deu durante o semin�rio Construindo seu futuro – Itiner�rios do ensino m�dio integral em Minas Gerais. Os estudantes do 9º ano do ensino fundamental tiveram a oportunidade de discutir sobre mercado de trabalho e o papel da educa��o integral na vida dos jovens. M�s passado, o governo anunciou a cria��o de 16 mil novas vagas, a partir do ano que vem, para a educa��o integral e profissional no estado, em 281 escolas de todas as regi�es. Ao todo, ser�o investidos R$ 151 milh�es em equipamentos, obras, alimenta��o e folha de pessoal.