Minas Gerais ter� 25 das 500 novas escolas de educa��o em tempo integral anunciadas pelo Minist�rio da Educa��o (MEC). Elas fazem parte do pacote de 203 unidades que v�o oferecer a modalidade a partir do in�cio do pr�ximo ano letivo. Depois de cortes dr�sticos no ensino fundamental da rede no in�cio do ano e de perspectiva de apenas cinco novas escolas de ensino m�dio com carga hor�ria maior, os n�meros representam um avan�o, que traz consigo a miss�o de reduzir o abandono escolar e tirar o estado da posi��o de 12º no pa�s no ranking do �ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica (Ideb). “� inaceit�vel manter nossos 21% de abandono”, ressalta a secret�ria de estado da Educa��o, J�lia Sant’Anna.
O tempo integral vai contemplar estudantes do 1º ano de algumas turmas, que estudar�o ano que vem a partir das bases do novo ensino m�dio. A rede estadual ter� cerca de 28 mil alunos dessa etapa escolar na educa��o integral, em 281 escolas, nas 47 superintend�ncias regionais de ensino (SRE). Atualmente, s�o 12 mil alunos, em 78 col�gios. Do total a ser ofertado, 167 escolas (mais de 12 mil vagas) ter�o o ensino regular e as outras 36 (4 mil vagas), o integral profissionalizante. Tiveram prioridade escolas com maior vulnerabilidade e munic�pios sem oferta de educa��o integral no ensino m�dio.
O estado come�ar� a nova etapa com p� direito e um marco nacional: Minas registrou aumento de 45% de participa��o das escolas de ensino m�dio no Sistema de Avalia��o da Educa��o B�sica (Saeb). Um crescimento na popula��o avaliada que n�o necessariamente vai se refletir na melhoria do desempenho. “H� um risco de piorarem as m�dias, mas estamos dispostos a enfrentar a queda da profici�ncia em nome de um bom diagn�stico. Isso � resultado de uma rede mais engajada”, diz J�lia.
Olho no curr�culo
No novo ensino m�dio, uma das premissas � o aluno escolher aquilo que faz sentido para seu itiner�rio escolar e de vida. � o que est�o fazendo os alunos da Escola Estadual Maria Lu�za Miranda Bastos, no Bairro Planalto. A unidade soma 500 alunos. O tempo integral come�ou em 2017 em tr�s salas, chegou a 10 no ano passado e a 13 neste ano. Tr�s vezes por semana, os estudantes ficam na escola das 7h10 �s 17h30 e duas vezes, de 7h10 �s 12h30. Ano que vem, a perspectiva � de apenas uma tarde livre. S�o somente tr�s turmas de ensino em tempo parcial pela manh� e � tarde. “A tend�ncia � nos tornarmos um polo de educa��o integral na regi�o”, afirma o vice-diretor, Andr� Felipe Biato.
Desde agosto, os adolescentes t�m duas novas disciplinas: projeto de vida e estudos orientados. Na primeira, recebem direcionamento espec�fico sobre o futuro – profiss�o, curso e detalhamento do que v�o precisar para chegar l�. Na outra, professores trabalham dificuldades espec�ficas que o aluno tem no aprendizado. As aulas s�o ministradas de manh� e � tarde, bem diferente de um modelo antigo de escola em tempo integral, onde os alunos tinham aulas num turno e oficinas no contraturno. “� um projeto s�rio, que permite abrir a mente do jovem. A oferta desse modelo tende a crescer, e ele � feito para quem quer mesmo estudar. Mas tem jovem nessa faixa et�ria que precisa trabalhar para ajudar em casa. � uma realidade que veio para ficar, mas n�o vai se encaixar para todo mundo”, pondera Andr� Biato.
Prepara��o
No col�gio do Planalto, o Ideb em portugu�s melhorou em apenas tr�s anos. Estudante do 1º ano, R�ger Matos Pess�a, de 17, considera o estudo em tempo integral o maior treino de conviv�ncia. “No emprego, vamos trabalhar o dia todo. Esse modelo nos prepara socialmente para enfrentar os pr�ximos desafios”, diz. Ele come�ou o integral em um curso t�cnico em inform�tica e mudou para as aulas com foco nas quatro �reas do conhecimento. Toda essa experi�ncia o fez definir seu futuro: quer ter uma creche, ser psic�logo ou qualquer ocupa��o que tenha como centro ajudar. “O projeto de vida me mostrou como algu�m que n�o tem um norte precisa ser ajudado. E eu quero ser essa pessoa para ajudar”, diz R�ger.
A adolescente Izabela de F�tima Ferreira Lima, de 16, aluna do 2º ano, conta que saiu do 9º ano do ensino fundamental decidida a entrar na educa��o integral. A garota que quer estudar biologia na universidade n�o tem d�vidas: “Se comparar as notas de quem est� no ensino regular e no integral h� diferen�a, pois estudamos o dia inteiro, logo, estudamos mais”. Para ela, outro aspecto � determinante: “Esse modelo de escola nos ajuda psicol�gica e fisicamente. N�o � s� a nota que importa. A vida, o futuro e o projeto do aluno importam.”
Saeb
O Sistema de Avalia��o da Educa��o B�sica � um conjunto de avalia��es externas aplicadas a cada dois anos na rede p�blica e em uma amostra da rede privada que reflete os n�veis de aprendizagem e permite ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep) medir a qualidade da educa��o b�sica. As m�dias de desempenho dos estudantes apuradas no Saeb, junto com as taxas de aprova��o, reprova��o e abandono, apuradas no Censo Escolar, comp�em o �ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica (Ideb).