Treinamento em BH para pilotar drones atendeu militares de v�rios estados brasileiros (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
A vespa � conhecida como um inseto temido por muitas pessoas. Na contram�o dessa perspectiva, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais se inspirou no nome e som do bicho para apelidar um instrumento que pode salvar vidas: o Ve�culo Especial de Seguran�a e Preven��o A�rea (Vespa). Trata-se de 20 drones que integram a corpora��o a partir deste ano. E para pilotar a nova modalidade de aeronave, mais de 100 militares de Minas e outros estados convidados passaram por treinamentos intensos nos �ltimos dois meses.
A tecnologia promete agilizar mais de 1.100 ocorr�ncias de pessoas perdidas em mata; 28 mil inc�ndios florestais; 1.600 de derramamento de produtos perigosos e, principalmente, garantir mais seguran�a aos bombeiros militares. Originalmente conceituado como Remotely Piloted Aircraft (Aeronaves Remotamente Pilotadas, RPA na sigla em ingl�s), o equipamento aos poucos ganhou vez no estado mineiro, conquistando espa�o desde 2014 e foi institucionalizado no ano passado em treinamentos de habilidade de voo.
De agosto a novembro deste ano, Belo Horizonte sediou cinco cursos intensivos de 40 horas cada, distribu�dos em 8 horas di�rias – e o comandante ressaltou: foi preciso extrapolar o tempo. Foram 22 horas de voo pr�tico com aulas de legisla��o, seguran�a de voo, meteorologia, teorias de voo, navega��o, aplica��o em combate a inc�ndio, busca, salvamento e desastres. A partir deste m�s, os equipamentos come�ar�o a ser distribu�dos e os pilotos v�o come�ar a voar nas suas cidades em todo o estado.
Treinamento intensivo para pilotos
Para treinar toda essa tropa de 102 bombeiros militares foi preciso preparo de um comandante. Na corpora��o h� 20 anos - e h� mais de 10 na avia��o -, o capit�o Kl�ber Castro foi o respons�vel por trazer a tecnologia a Minas. "Os helic�pteros e a avia��o moderna s�o muito ligados � tecnologia, ent�o pra n�s a transi��o foi muito f�cil", contou o coordenador do N�cleo de RPA’s. Mas antes de se tornar f�cil, foi preciso, al�m de interesse, forma��o. Kl�ber passou por v�rios cursos online e presenciais de busca e salvamento com drones em S�o Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. “Tamb�m fizemos v�rios estudos cient�ficos e buscamos as melhores pr�ticas do mundo inteiro para poder utilizar os drones em ocorr�ncias de bombeiros”, contou o capit�o.
O novo equipamento usa c�meras de calor, que facilitam a localiza��o de pessoas em �reas de mata (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Piloto e instrutor de helic�pteros, o militar observou a necessidade de um equipamento que potencializasse as ocorr�ncias e encontrou no drone a resposta que precisava. Enquanto o militar est� em solo protegido, consegue pilotar uma Vespa com c�meras normais e termogr�ficas – que detectam o calor humano – e ter um ponto de vista diferenciado da opera��o. As ocorr�ncias mais recentes de salvamento com a Vespa foram de pessoas perdidas.
Em 27 de outubro, o Corpo de Bombeiros encontrou um grupo de tr�s pessoas que tinham ido fazer caminhada na Serra do Cip� e ficaram perdidas � noite. Segundo o militar, elas s� foram localizadas �s 21h por causa da c�mera termal. Outro caso, mais recente, foi de um rapaz que estava em uma pista de drone amador, em Sabar�, na Regi�o Metropolitana de BH. O homem perdeu o controle do aparelho que caiu na mata e ao buscar o equipamento, o entusiasta ficou perdido.
O estado de Minas Gerais tem em m�dia duas ocorr�ncias por dia desse tipo. O criador do N�cleo de RPA’s acredita que essa seja uma das maiores contribui��es da Vespa. "Eu tenho certeza de que vai ser a mais utilizada, juntamente com os inc�ndios florestais", afirmou. "Todo inc�ndio florestal vai ter um drone voando". Em 2015, um drone verificou uma rachadura na barragem de Fund�o, em Mariana.
"Em caso de produtos perigosos, consigo avan�ar com os drones para evitar uma eventual explos�o"
capit�o Kl�ber Castro, respons�vel por trazer a tecnologia a Minas
Em Brumadinho, os drones atuam no mapeamento da �rea de buscas mesmo dez meses ap�s o rompimento da barragem de C�rrego do Feij�o. Em Mo�ambique, primeira opera��o internacional dos bombeiros em abril deste ano, os drones ajudaram durante 40 dias identificando poss�veis reparos e registrando imagens de alta qualidade, com coordenadas geogr�ficas, que foram repassadas � Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), o que possibilita a distribui��o de recursos de maneira mais inteligente.
Seguran�a para a tropa
Respons�vel por trazer essa tecnologia a Minas Gerais, capit�o Kl�ber Castro controla um dos drones da corpora��o (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
No quesito seguran�a operacional, a Vespa � nota 10. De acordo com o capit�o Kl�ber, haver� epis�dios em que o comandante vai acompanhar o salvamento pelo drone e instruir os militares no r�dio em tempo real. "Em caso de produtos perigosos, por exemplo, consigo avan�ar com os drones para evitar uma eventual explos�o. Pois que exploda o drone e salve a vida de um militar que poderia ter ido pessoalmente ao local", disse o bombeiro. "A gente sempre trabalhou com muita for�a bruta e agora vamos come�ar a colocar a for�a bruta aliada � tecnologia."
O Batalh�o de Opera��es A�reas (BOA) – que acaba de completar 13 anos – � um importante impulsionador do N�cleo de RPAs, fazendo de Minas Gerais refer�ncia nacional no comando de aeronaves com ou sem tripulantes. “Isso � in�dito na hist�ria de bombeiros no Brasil”, comemora Kl�ber.
Compacto e econ�mico, o drone reduz o custo de opera��es feitas anteriormente com helic�pteros (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
O tenente-coronel Alexandre Rodrigues, comandante do BOA, incentiva o uso das Vespas por serem tamb�m um recurso econ�mico para o Estado. "Isso � uma tend�ncia mundial que a gente observou. � uma ferramenta que traz efetividade para as respostas das ocorr�ncias e, ao mesmo tempo, economia para os cofres p�blicos", disse. "A gente fala que o drone vem para complementar o uso da aeronave mas tamb�m, em muitos casos, substitui."
Cada hora num helic�ptero custa na faixa de R$ 4 mil. "O drone, ap�s forma��o, � praticamente de gra�a. O pre�o � insignificante principalmente em rela��o a custo de aeronave", reafirma. "A gente economiza horas de voo em rela��o a manuten��o, seguros e principalmente exposi��o aos riscos inerentes da via��o", defende.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Frederico Teixeira