postado em 07/12/2019 06:00 / atualizado em 07/12/2019 07:08
(foto: Fotos: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Depois da Igreja S�o Francisco de Assis, reaberta em 4 de outubro, chegou a vez de o Museu de Arte da Pampulha (MAP) receber as t�o aguardadas obras de restaura��o. Conforme a Funda��o Municipal de Cultura (FMC) adiantou ontem, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) est� fazendo o levantamento de pre�os para a licita��o dos servi�os, que v�o contemplar a totalidade do monumento, integrante do conjunto moderno reconhecido como patrim�nio da humanidade. “H� tamb�m projetos complementares para a interven��o, que vai durar dois anos”, disse a diretora de Museus da FMC/PBH, Sara Moreno. As obras v�o demandar recursos de R$ 7 milh�es, da pr�pria PBH.
Com previs�o de in�cio das obras em 2020, sem data ainda marcada, o MAP est� fechado � visita��o p�blica, mas os apreciadores das exposi��es n�o ficar�o sem alternativas. Sara Moreno explica que tanto as mostras quanto os programas educativos, dentro das atividades de artes visuais e contempor�nea, v�o ocorrer na Casa do Baile, atual Centro de Refer�ncia em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte, e no Museu Casa Kubitschek, ambos na orla da Lagoa. E acrescenta que, via edital, foi selecionada a organiza��o social civil Instituto Perif�rico para, em parceria com a funda��o, desenvolver atividades culturais.
Apesar de o museu permanecer fechado at� a conclus�o das reformas, que come�am em 2020, os jardins continuar�o abertos � visita��o. Os servi�os v�o contemplar a totalidade do monumento
Durante as obras de restauro, os moradores poder�o apreciar os jardins, que n�o ficar�o cercados por tapumes, e, recentemente, receberam manuten��o, com mudas especialmente produzidas no Viveiro Burle Marx, no Jardim Bot�nico da Funda��o de Parques Municipais e Funda��o Zoobot�nica, na Pampulha. “N�o conseguimos visitar o interior do museu, pois est� fechado. Mas isso � bom, n�? Sinal de que ficar� perfeito para visita��o”, disse uma moradora de Venda Nova que aproveitou a folga para passear com as tr�s filhas, na Pampulha. Sara Moreno esclarece que o restauro vai contemplar o pr�dio, que abrigou o antigo cassino, todos os revestimentos e outros elementos.
Palco
N�o h� quem deixe de admirar o pr�dio do Museu de Arte da Pampulha, constru�do na d�cada de 1940, e de onde se tem bela vista da lagoa e das constru��es reconhecidas, h� tr�s anos e meio, como Patrim�nio da Humanidade pela pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco). As noivas, por exemplo, adoram posar para as fotos do �lbum de casamento nos jardins projetados por Burle Marx (1909-1994), desde que o espelho d'�gua fique bem enquadrado ao fundo e o registro valorize bem o conjunto arquitet�nico projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012).
Palco de hist�ria com um legado precioso dos anos dourados, o pr�dio do MAP funcionou como cassino de 1944 a 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) proibiu a pr�tica do jogo no pa�s. Onze anos depois, foi reaberto como Museu de Arte, na administra��o do prefeito Celso Mello Azevedo (1915-2004). Apelidado de Pal�cio de Cristal, o museu teve projeto de restauro aprovado em 2014 pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha-MG) e Munic�pio. A �ltima grande interven��o data da d�cada de 1990.
Integrante do conjunto moderno da Pampulha, a Casa do Baile vai abrigar a programa��o do MAP durante as obras (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press %u2013 31/7/19
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Hist�ria
O antigo casino, hoje Museu de Arte, ancorava todo o Conjunto Moderno da Pampulha, por ser o equipamento respons�vel pela atra��o do grande n�mero de visitantes desejado pelo ent�o prefeito de BH, Juscelino Kubitschek (1902-1976), na �poca do lan�amento do projeto, em 1940. Al�m do destaque garantido pela implanta��o em terreno mais elevado, o edif�cio apresentava os princ�pios da arquitetura moderna formulados pelo franco-su��o Le Corbusier (1887-1965).
Segundo os especialistas, a estrutura em concreto e a op��o pelos planos envidra�ados proporcionam a alta integra��o visual entre interior e exterior, um dos mais importantes pilares da arquitetura moderna, presente em todas as edifica��es do conjunto. O volume prism�tico regular – explorando a liberdade de ordena��o dos espa�os internos permitidos pelos pilotis – apresenta-se como uma caixa de vidro, com rampas ligando o t�rreo ao sal�o de jogos e � boate.
O pr�dio tem paredes revestidas de �nix e colunas cobertas de a�o inoxid�vel, uma inova��o para a �poca, al�m de espelhos de cristal belga. A esse volume se associa o corpo curvil�neo que abriga a pista de jogos e a boate. A solu��o invoca um efeito c�nico comum � arquitetura barroca mineira. O cassino propiciou noites de grande esplendor at� 1946, quando foi desativado pela proibi��o dos jogos de azar no Brasil.
Com acervo de 1,4 mil obras em reserva t�cnica e abrigando exposi��es e diversas a��es art�sticas, educativas e culturais, o MAP tem um audit�rio com capacidade para 170 pessoas. Fazem parte da constru��o os setores de Artes Visuais, Conserva��o e Restauro, Centro de Documenta��o e Pesquisa, Biblioteca e Educativo. Desde 2001, o museu adotou um modelo de curadoria voltado para a produ��o em arte contempor�nea, com �nfase nos trabalhos que dialogam com o patrim�nio arquitet�nico e paisag�stico da Pampulha.