
As not�cias falsas sobre supostas trag�dias em consequ�ncia das chuvas que atingiram a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte durante toda a quinta-feira, e que inundaram o WhatsApp, impediram que muitas pessoas salvassem seus bens na �rea central de Raposos, cidade duramente atingida desde a madrugada dessa sexta-feira.
Atento ao alerta emitido pelas autoridades desde o in�cio da semana, sobre a possibilidade de grandes precipita��es, o cabeleireiro Edson Coelho Barros, 42 anos, passou a noite em claro monitorando o leito do Rio das Velhas, que divide ao meio o munic�pio. Ele tem um sal�o nas proximidades da ponte, na entrada da cidade.
“Eu usava uma varinha para medir a altura da �gua e por volta da 1h20 percebi que a �gua come�ou a subir mais rapidamente”. Imediatamente, Edson come�ou a mandar mensagens para grupos de amigos na rede social, mas conta que muitos ignoraram ou responderam fazendo piadas. “N�o acreditaram ser um risco real.”
Pois Edson conseguiu salvar praticamente todos equipamentos e produtos de seu sal�o, que foram colocados no segundo andar do im�vel. V�rios vizinhos, comerciantes e residentes de Raposos, no entanto, perderam quase tudo.

"N�o acreditaram ser um risco real"
Edson Coelho Barros, que acompanhou a subida do n�vel da �gua do Rio da Velhas em Raposos durante a madrugada, tentou alertar os conhecidos, mas muitos acharam se tratar de mentira ou brincadeira e acabaram perdendo quase tudo
Sexta-feira at�pica na capital
As mensagens alarmantes sobre o potencial da chuva de ontem, que circularam em grupos de WhatsApp durante a semana, tamb�m podem ter ajudado a mudar o cen�rio dessa sexta-feira em BH. Tr�nsito tranquilo, poucas pessoas nas ruas e at� algumas lojas e bares fechados.
A Pra�a Sete, ponto nevr�lgico da capital, tinha movimenta��o semelhante � dos dias de feriado, sem o vaiv�m fren�tico dos pedestres. O bar Esta��o Santo Ant�nio, na Rua Carangola, no Bairro Santo Ant�nio, foi um dos que preferiram fechar as portas por precau��o – informou a seus frequentadores, no in�cio da tarde, que “devido � forte chuva” n�o abriria. “Agradecemos a compreens�o e fiquem em seguran�a!”, completou.
Dona de uma mercearia pr�xima � Barragem Santa L�cia, Jovita Celestrina Neto, de 42, chegou a cogitar a possibilidade de n�o abrir por causa dos boatos que circularam nas redes sociais, de que a barragem corria risco de estourar. “A gente fica meio temeroso, mas acho que � tudo fake news. Estamos bem perto da barragem, mas, gra�as a Deus, ela s� est� cheia. N�o aparenta que vai transbordar” relatou.
Houve quem tenha se beneficiado com a sexta-feira at�pica na capital, como o motoboy Gilbert Amorim, de 33, que trabalha com delivery para um restaurante e uma pizzaria. “O movimento aumentou demais desde a quinta, porque as pessoas n�o querem sair de casa e pedem pelo telefone”, contou, sem deixar de fazer ressalvas quanto � seguran�a: “Por outro lado, tem que ficar atento a algumas vias onde vamos passar. Na Tereza Cristina, n�o passo de jeito nenhum. A gente n�o pode arriscar”.
Ana Cl�udia Barbosa Ferreira, de 39, dona de um sal�o de beleza na Avenida Prudente de Morais, no Cidade Jardim, confessa ter ficado apreensiva: “Cheguei at� a sair mais cedo de casa com receio de tr�nsito mais intenso por causa da chuva, mas me surpreendeu. Acho que tanta gente ficou com medo que n�o saiu de casa”.
Ela admite que as not�cias acabaram influenciando em seu trabalho: “Em nenhum momento pensei em n�o abrir o sal�o, apesar de muitas pessoas terem desmarcado ainda na quinta-feira. Mas a rotina acabou mudando, pois o movimento caiu demais”.