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Caso Backer: diretora da cervejaria foi a hospital verificar rumores de Whatsapp

Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, Paula Lebbos contou que foi pessoalmente checar a hist�ria, no come�o da viraliza��o: 'Meu mundo desabou'


postado em 09/02/2020 06:00 / atualizado em 30/04/2020 16:09

H� um m�s, a cervejaria mineira Backer est� no centro de investiga��es que mobilizam a pol�cia e autoridades de sa�de. A contamina��o das cervejas e da f�brica da empresa est� associada � intoxica��o de 31 pessoas pela subst�ncia qu�mica dietilenoglicol, sendo que seis delas morreram. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, a diretora de marketing da cervejaria Backer, Paula Lebbos, conta que, assim que os rumores come�aram a circular, foi a um hospital de BH para confirmar se havia algu�m internado com esse quadro. Ela tamb�m reconhece a possibilidade de erro interno como uma das hip�teses para a contamina��o, mas afirma que aguarda resposta de �rg�os p�blicos sobre investiga��o. A empresa pioneira que ajudou a consolidar a reputa��o do mercado de cervejas artesanais em Minas est� hoje lacrada, depois de crescer 50% nos �ltimos dois anos, com a compra de 20 novos tanques de 18 mil litros. A cervejaria operava com 70 tanques, capacidade de produ��o de 1,2 milh�o de litros ao m�s, 250 funcion�rios e faturamento mensal de R$ 5 milh�es. Criado para celebrar os 120 anos da capital mineira, o r�tulo Belorizontina foi do sucesso � desconfian�a com a contamina��o. Confira a entrevista completa, que tamb�m integra epis�dio do podcast O caso Backer.



Como voc� soube da associa��o da Backer com a interna��o de pacientes em BH?
Tudo come�ou com uma not�cia via WhatsApp que recebi do meu comercial logo depois do Natal. Tinha uma senhora falando em um grupo para n�o tomarem a Belorizontina, porque um parente dela tinha sido internado por conta da cerveja. Achei que fosse mentira, fake news. Como assim como uma cerveja que a gente cuida com tanto carinho? Era final de ano, a cerveja em pleno vapor. Por�m, essa hist�ria foi crescendo. Moro perto do Hospital Biocor e, quatro dia depois, sa� da minha casa, cheguei nesse hospital e perguntei com toda a discri��o poss�vel se essa pessoa estava internada. A pessoa recep��o disse que sim. Meu mundo desabou, porque vi que tinha alguma coisa errada e passaram milhares de coisas na minha cabe�a. O que vou fazer? Como aconteceu? Todas as perguntas que as pessoas estavam fazendo. Coincidentemente, no outro dia em que estive l�, o Minist�rio da Agricultura esteve na minha empresa e � bom informar que, no ano passado, a Backer foi a empresa que mais foi fiscalizada durante o ano, justamente pelo fato desse crescimento muito r�pido. A �ltima em 18 de dezembro.

As mensagens de WhatsApp ganharam corpo no final de semana de 4 e 5 de janeiro, quando a Backer fez um post no Instagram dizendo que a hist�ria tinha sido uma mentira. Isso foi depois ou antes de voc� ir ao hospital?
N�o tinha ido ao hospital ainda n�o.

Como � feito o controle de qualidade da cerveja? Existe um teste ap�s a fabrica��o?
Para cada tanque de cerveja, existe processo de degusta��o desde do mosto (l�quido antes da fermenta��o) at� chegar ao processo final. Na maioria das vezes, fa�o quest�o de fazer essas degusta��es, analisando cor, aroma, sabor. Depois de envasada, a gente espera 72 horas para ela se estabilizar dentro da garrafa e faz uma nova degusta��o. A� a gente retira algumas amostras para acompanhamento de lote. 

Mas n�o � teste qu�mico?
Fazemos todos os testes cobrados pelas autoridades em rela��o ao fermento, a g�s carb�nico, � pr�pria �gua que vai ser utilizada no processo de cada cerveja, tudo aquilo que � necess�rio prezar pela qualidade. A gente tem internamente o nosso laborat�rio, um dos mais equipados.

Com esse grande crescimento da empresa, voc�s passaram a usar algum outro agente qu�mico no processo de produ��o?
A nossa empresa sempre usou o monoetilenoglicol. A Backer nunca comprou ou utilizou em nenhum processo nosso o dietilenoglicol. Como apareceu o dietilenoglicol na f�brica � um mist�rio e a gente espera que as autoridades nos deem esse retorno o mais r�pido poss�vel. A Backer est� parada, preciso de resposta, assim como voc�s, as pessoas est�o doentes. A gente precisa que o Minist�rio da Agricultura e todas as autoridades nos d�em resposta. Nada est� claro para a gente, em rela��o a quando, como e porque esse dietilenoglicol apareceu dentro das nossas cervejas e dentro da f�brica.
*A Pol�cia Civil identificou que a ind�stria que fornecia o monoetilenoglicol � Backer adulterava o produto, acrescentando o dietilenoglicol. Ambas as subst�ncias s�o t�xicas e n�o podem estar presentes na bebida. N�o se sabe como ocorreu a contamina��o.

Voc�s conduzem tamb�m um processo de apura��o interna?
No come�o fizemos an�lise para justamente tentar esclarecer para o nosso p�blico o que estava acontecendo. Se tem ou n�o monoetilenoglicol e dietilenoglicol. Tentar dar respostas para o nosso p�blico.

Como foi esse contato com o qu�mico que produziu esses laudos que, por vezes, contrapunham laudos de autoridades?
A gente tem um laborat�rio interno e, periodicamente, utilizamos laborat�rios externos para as nossas an�lises internas dos nossos produtos. Isso � corriqueiro dentro da cervejaria. A Backer sempre utilizou o laborat�rio do professor Bruno Botelho, que est� localizado dentro da UFMG. Inicialmente, havia a suposi��o de que a contamina��o tivesse ocorrido somente no tanque 10 e depois foi constatada a presen�a das subst�ncias t�xicas nos outros tanques…A gente tem laudo do pr�prio Minist�rio da Agricultura de tanques que n�o t�m nem dietilenoglicol nem monoetilenoglicol. Estamos or�ando e contratando empresas certificadas primeiro para retirar de dentro do chiller o l�quido congelante dietilenoglicol. Como ele foi parar l�, a gente n�o sabe. A gente espera que as autoridades nos d�em resposta. Mas ap�s o Minist�rio da Agricultura liberar a f�brica para envase, a gente vai retirar o l�quido congelante e, em cada tanque, pedir um fiscal do Mapa que esteja tamb�m presente. Essa cerveja n�o vai ser envasada enquanto a gente n�o tiver certeza que esse tanque n�o tem nenhum tipo de rachadura, vazamento. J� contratamos a empresa que vai fazer o teste se aquele tanque realmente est� apto para receber cerveja. A Backer n�o tem pressa de vender cerveja.

Qual � a hip�tese mais forte sobre as causas de tudo isso?
Existem v�rias hip�teses. H� hip�tese de sabotagem, existe hip�tese de um erro interno. Um erro, n�o, alguma coisa que aconteceu internamente. Existe a hip�tese de algo ter acontecido fora da Backer. V�rias hip�teses. Mas n�o gostaria de ser leviana e acusar ningu�m. Esse n�o � nosso objetivo.

A Backer est� conduzindo alguma apura��o interna mesmo com tanques lacrados?
Nossos tanques est�o lacrados. Partes da f�brica, inclusive onde tem o chiller com l�quido congelante, est� travado. A Backer n�o pode fazer nada.

A Backer n�o pode conversar com os funcion�rios?
Podemos. Estamos pedindo e implorando para que isso aconte�a o mais r�pido poss�vel.

Mas voc�s n�o podem conversar com seus profissionais para entender o que pode ter acontecido de errado?
Sim. As respostas que talvez a gente tenha internamente s� podem ser provadas com a abertura do tanque, com o acesso a nossos equipamentos. Para achar um problema no tanque, preciso tirar a cerveja para come�ar a fazer a averigua��o. S�o 70 tanques, todos eles est�o lacrados. N�o posso fazer nada, inclusive tenho meio milh�o de litros de cerveja que provavelmente est�o estragando e vou ter mais esse preju�zo, mesmo aquelas cervejas que a gente j� tem o laudo do pr�prio Minist�rio da Agricultura dizendo que n�o foi encontrado nenhum tipo de contaminante.

H� casos em que essas subst�ncias t�xicas foram usadas para ado�ar vinhos por exemplo. Em algum momento voc�s recorreram a uma subst�ncia diferente para chegar ao aroma e sabor?
A Backer nunca comprou dietilenoglicol. Temos um tanque de congelante onde a gente usa o monoetilenoglicol. As notas fiscais foram entregues para a Pol�cia Civil e para o Minist�rio da Agricultura. Ele � misturado com �gua e, a partir dali, passa por linhas e entra em volta dos tanques de fermenta��o e matura��o. Em nenhum lugar do planeta, houve um acidente com uma trinca. � um tanque com serpentina, uma chapa de inox dentro e fora, uma mangueira dentro. Que coincid�ncia furar a mangueira e furar tamb�m a parede.

Essa �gua � usada depois para alguma finalidade? O Minist�rio da Agricultura chamou aten��o para a quantidade de monoetilenoglicol comprado pela empresa.
A Backer comprou 20 tanques de 18 mil litros de cervejas durante esses dois anos. Claro que iria aumentar a compra de monoetilenoglicol.

Em algum momento este l�quido � dispensado?
Essa reposi��o � feita a partir do momento que o monoetilenoglicol, que � um �lcool, vai evaporando. A utiliza��o dessa �gua no processo de um novo mosto n�o � praxe. � um tanque para l�quido congelante. Aquilo ali a gente sabe que existe monoetilenoglicol. N�o tem como haver contato com as cervejas.

As fam�lias das pessoas intoxicadas reclamam da falta de assist�ncia por parte da cervejaria…
O que a gente tem de mais precioso s�o os nossos clientes. Como que a Backer ia fazer o nosso cliente adoecer, colocar alguma coisa contaminante dentro de algum produto nosso? Isso n�o faz sentido, � colocar em jogo 20 anos de trabalho e talvez o setor inteiro de cerveja artesanal. O que a gente pode fazer em rela��o �s pessoas que dizem que est�o doentes... Isso � um fato humanit�rio, � o que a Backer est� fazendo sem antes saber se isso realmente � culpa da cervejaria.

As pessoas n�o dizem que est�o doentes, as pessoas est�o. E em alguns casos, testes de sangue apontam dietilenoglicol, inclusive o de uma das pessoas que morreu. Qual � a assist�ncia imediata que a empresa d� para essas v�timas que inclusive chamam isso de envenenamento?
A gente sabe, sim, que o dietilenoglicol foi encontrado dentro das nossas cervejas e no sangue dessas pessoas que ficaram doentes. Mas hora nenhuma falou em quantitativo. A gente sabe por poucos estudos que existe dietilenoglicol em v�rios produtos, no queijo, no pr�prio vinho, em embalagens*. Talvez se eu fizer um teste de dietilenoglicol no meu sangue vai dar. O que a Backer est� precisando e o que � necess�rio � que as autoridades divulguem a quantidade que existe dentro das nossas cervejas e dentro de outros produtos talvez e no sangue dessas pessoas. Qual foi a quantidade encontrada? A Backer n�o est� se abstendo de nada. Pelo contr�rio, est� fazendo aquilo que a gente pode fazer por essas pessoas. A gente criou um site de acolhimento, deixou uma linha de telefone separada para isso, temos uma equipe de psic�logos. Existe tamb�m um processos que a Backer n�o pode simplesmente chegar e ir at� uma pessoa que est� doente.

*O EM checou a informa��o com o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, que informou que n�o tem compet�ncia de fiscalizar o uso do dietilenoglicol.

Voc� se sente respons�vel por essas pessoas?
Eu me sinto respons�vel por essas pessoas, pelas pessoas que trabalham na Backer, pela fam�lia Backer. Me sinto respons�vel por todas as pessoas que entram no nosso Instagram nos dando for�a e pedindo que n�o desista e lute pelos sonhos.

Apareceram novos casos anteriores a essa janela de contamina��o inicialmente investigada, do final de 2018 e in�cio de 2019. Isso mudou o olhar para os processos internos da empresa?
A cerveja que a gente faz hoje � a mesma. Essa pergunta � o que eu preciso que as autoridades nos ajude a responder ao descobrir o porqu� e como isso aconteceu com os nossos produtos.

A maioria das pessoas que est�o internadas consumiram a cerveja na �poca na Black Friday e consumiram na �poca do Natal. Voc�s consumiram a cerveja Belorizontina e continuam bebendo das cervejas da Backer mesmo depois do fechamento da f�brica?
A Belorizontina, especificamente, foi uma cerveja que estava presente na geladeiras e nas festas de final de ano. Foi a cerveja mais vendida e significa 55% da produ��o.

E voc�s est�o bebendo?
N�o. Estou fazendo da mesma forma que as autoridades est�o est�o pedindo a todos. Mas a minha fam�lia, meu filhos tomam todas as cervejas da Backer e eu degusto todos conforme falei, no passo a passo de libera��o dos lotes.


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