(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas APPS DE TRANSPORTE

T�xi, �nibus ou metr�? Tira-teima mostra quem perde mais com apps de transporte

Pesquisa in�dita de doutorando da PUC Minas mede impactos dos aplicativos em BH. Coletivos lideram a lista de fuga de passageiros, mas at� adeptos da caminhada migraram


postado em 12/02/2020 06:00 / atualizado em 12/02/2020 07:43

Danielle Silva: elogios à facilidade das plataformas e críticas à tarifa dinâmica(foto: Edésio Ferreira/Em/DA Press)
Danielle Silva: elogios � facilidade das plataformas e cr�ticas � tarifa din�mica (foto: Ed�sio Ferreira/Em/DA Press)


A chegada do fen�meno dos aplicativos de transporte individual ao tr�nsito de Belo Horizonte, desde 2014, representou um impacto m�dio de redu��o de 33,8% em outras formas de deslocamento de quem se tornou usu�rio de plataformas como Uber, 99, Cabify, Lyft e outros. O dado � uma m�dia do impacto dos apps feita sobre resultados de uma pesquisa in�dita feita para tese de doutorado em administra��o da PUC Minas, ao qual o Estado de Minas teve acesso antecipado. Esse estudo, de 2019, mostra que as dist�ncias e o tempo gastos por quem adotou os sistemas foram reduzidos, com reflexos significativos no abandono do transporte p�blico e tamb�m em h�bitos saud�veis, como caminhar e pedalar. O trabalho de doutorado de Wilquer Silvano de Souza Ferreira, orientado pela professora Gl�ucia Maria Vasconcellos Vale, ouviu 841 usu�rios de aplicativos de transportes, sendo 444 clientes e 397 motoristas, em 32 regi�es da cidade. A margem de erro � de cinco pontos percentuais e o n�vel de confian�a � de 95%.

Pelo levantamento, o �nibus foi a modalidade que mais passageiros perdeu para aplicativos, com encolhimento de 19,7% na utiliza��o, quase o mesmo n�vel de abandono de quem usava ve�culo pr�prio em deslocamentos, que encolheu 19,1% entre adeptos dos aplicativos. Transportes menos poluentes e que incentivam uma vida mais saud�vel, apesar de serem tamb�m mais vulner�veis aos riscos do tr�fego, como bicicletas e patinetes, foram preteridos por 14,4%. Menos pessoas tamb�m passaram a combinar caronas com terceiros, o que resultou em queda de 13,7% nesse h�bito. Cal�adas deixaram de ser op��o para quem migrou para aplicativos e n�o circula mais a p� (-12,4%).

J� os t�xis, setor em que a disputa com os aplicativos foi mais emblem�tica, por serem regulados pelo Estado e sofrerem taxa��es que n�o ocorrem nos aplicativos, tiveram perda de 8,9%, enquanto t�xis-lota��o experimentaram redu��o de 5,9% e o uso do metr� teve recuo de 3%. “Esse � um impacto esperado com o ingresso de uma nova forma de se deslocar pela cidade. Por um lado, com os aplicativos, as pessoas est�o andando menos a p�, de bicicleta e de patinete, o que pode ser tido como redu��o de um h�bito saud�vel. Mas como levam menos tempo no transporte e no aguardo pela chegada de um �nibus, por exemplo, ganham mais tempo para a resolu��o de problemas, podem estudar, deixam de ter de sair de casa muito cedo e com o tempo extra podem ter outras atividades voltadas para a sa�de, como academias, por exemplo”, pondera o respons�vel pelo estudo, Wilquer Silvano de Souza Ferreira.

Primeiro aplicativo a desembarcar em Belo Horizonte, em 2014, o Uber � a plataforma de interm�dio de passageiros e motoristas mais usada pelos pesquisados. A categoria individual responde 42,7%. O 99 Pop Individual registrou 24,7% entre usu�rios, enquanto Uber Juntos (compartilhado) registrou 16,3%; Cabfy, 15%; Lyft, 6%; e 99 Pop Compartilhado, 5,8%. “Uma das coisas que vemos com essa utiliza��o da tecnologia � uma postura disruptiva nos h�bitos da sociedade. Dentro do pr�prio capitalismo. As pessoas passam a pensar mais em compartilhar e a usufruir do que necessariamente terem uma coisa, no caso, um carro”, observa a orientadora da tese de doutorado na PUC Minas, Gl�ucia Maria Vasconcellos Vale.

O p�blico que quer lazer, sem se preocupar com hor�rio para sair de um evento ou com os problemas de se consumir �lcool e ter de dirigir faz com que os aplicativos sejam usados majoritariamente pelos belo-horizontinos (54%) para o lazer. As plataformas tamb�m servem � necessidade de ir e voltar do trabalho (19%), � realiza��o de compras (15%) e para estudos (12%), constata a pesquisa.

As dist�ncias m�dias percorridas diariamente por quem usa aplicativos para ir e voltar dos estudos caiu 14,3%, passando de uma m�dia di�ria de 14 quil�metros por dia, por indiv�duo, para 12 quil�metros por dia com os aplicativos que ligam a escola a suas resid�ncias ou trabalho. Os deslocamentos para compras sofreram redu��o de 19%, passando de 5,4 quil�metros para 4,05 quil�metros. A m�dia semanal de viagem realizada por aplicativos � de 4,5 por cliente. “Isso sugere que a crescente utiliza��o das plataformas vem sendo complementada com o uso de outros meios de transporte, incluindo carro pr�prio, �nibus, t�xi etc.”, indica o estudo.

Usu�rios falam em comodidade e economia


A pesquisa que levantou o perfil do sistema de transporte por aplicativos em Belo Horizonte enumera v�rios motivos que atra�ram usu�rios de outros sistemas. Entre as vantagens apontadas pelos passageiros est�o a possibilidade de se executar com conforto outras atividades ao longo dos deslocamentos (84%), a diminui��o do tempo gasto entre os destinos (76%) e a sensa��o de que essa forma de transporte diminuiu o n�mero de carros que circulam pelas ruas (60%), colaborando para melhorar o tr�fego. Os custos com transportes tamb�m teriam sido reduzidos para muitos usu�rios (58%).

A assistente jur�dica Danielle Silva, de 23 anos, diz que usa “para tudo” os aplicativos de transporte. “� uma facilidade muito grande. O t�xi tem um valor mais elevado e n�o tinha muitas op��es. A qualidade � melhor e facilitou muito o meu deslocamento por poder chamar em casa e na porta de onde voc� est�. Chamo (as plataformas de transporte) para tudo mesmo. Trabalho, faculdade e lazer. Antes, variava entre t�xi e carro pr�prio do meu pai. At� nisso me ajudou, pois reduziu a minha depend�ncia do carro”, afirma.

Contudo, a passageira ainda reclama da chamada tarifa din�mica, que amplia o pre�o das corridas por aplicativos quando a raz�o de oferta de motoristas � muito menor que a demanda num hor�rio e regi�o espec�ficos. “Pensou em chover e j� demora a aparecer motoristas nos aplicativos. O pre�o tamb�m sobe demais. J� paguei R$ 150 numa viagem do Buritis (Regi�o Oeste de BH) ao Minas Shopping (Regi�o Nordeste)”, queixa-se.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


Os motoristas parceiros entrevistados contaram que fazem, em m�dia, 16 viagens por dia e rodam cerca de 280 quil�metros todos os dias. A renda mensal aferida no trabalho como motorista varia de um sal�rio-m�nimo a menos de seis sal�rios m�nimos. Cerca de 58% deles consegue renda entre R$ 988,01 e R$2.995,00, enquanto 42% atinge renda superior, entre R$ 2.994,01 a R$ 5.988,00. Os gastos m�dios mensais com combust�vel e com loca��o de autom�veis quadruplicaram; com telefonia, dobraram; com seguro de carro, multas e infra��es de tr�nsito, quase dobraram; com assist�ncia e manuten��o de ve�culo, aumentaram cerca de 26%; e com vagas de estacionamento, subiram 32%.

O ex-motorista particular Weber Augusto Neto, de 48, ficou desempregado h� quatro anos e migrou para o trabalho s� com aplicativos. “A situa��o de desemprego estava dif�cil e essa foi a minha sa�da. � o que me permite trazer o p�o para dentro de casa. Mas j� foi melhor. Hoje, est� bastante ruim. Caiu muito, porque temos muitos motoristas inexperientes com carros velhos rodando, tirando passageiros e piorando o tr�nsito”, afirma.

Um condutor de 41 anos que pediu para n�o se identificar, porque era taxista e teme a rixa entre os dois meios concorrentes, afirma que n�o deve passar muito tempo mais rodando com aplicativos. “Os ganhos s�o muito pequenos. Para viver s� disso, n�o d�. Tem de ser um complemento. Quando voc� est� indo ou voltando de algum lugar ou est� � toa, para faturar, a� sim. Financiei o carro e o paguei com o trabalho, mas para ganhar mais � preciso investir mais em manuten��o e rodar muito”, afirma.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)