
Quem capricha na fantasia e na maquiagem quer fazer bonito no carnaval, mas, al�m de brilhar nos adere�os, provavelmente estar� sob a mira da vigil�ncia preventiva. Por onde quer que o foli�o v� e, principalmente se for aos blocos de rua, as autoridades ter�o grande chance de observar seu comportamento. Se voc� pensa que apenas as a��es dos brothers e sisters do Big brother Brasil (BBB) s�o vigiados 24 horas por dia, est� enganado. Tamb�m nos espa�os p�blicos de Belo Horizonte o acompanhamento em tempo real � poss�vel devido � presen�a de c�meras por toda a cidade.
As imagens s�o geradas pelos equipamentos da BHTrans, da Guarda Municipal, da Pol�cia Militar e da CBTU, somando nada menos que 1.819 c�meras. O monitoramento � feito no Centro Integrado de Opera��es de Belo Horizonte (COP-BH) e no Centro Integrado de Comando e Controle M�vel (CICC), em especial das carretas m�veis que se posicionar�o junto aos maiores blocos.
Al�m desses 1.819 pontos de filmagem, haver� opera��o de drones. Eles ser�o usados, entre outras fun��es, para identificar autores do crime de importuna��o sexual, segundo o delegado Wagner da Silva Sales, chefe do 1º Departamento de Pol�cia Civil. A PC montou esquema especial para coibir esse crime, inclusive com plant�o da Delegacia Especializada de Atendimento � Mulher.
Outra novidade para esse carnaval � que 20 guardas municipais ter�o joysticks para controlar essas c�meras. “N�o deixa de ser um big brother. Mas n�o � invas�o da privacidade, mas, sim, um cuidado com a cidade. � a tecnologia a servi�o da cidade”, afirma o secret�rio municipal de Seguran�a e Preven��o, Genilson Ribeiro Zeferino. S�o esperadas 5 milh�es de pessoas nas ruas durante a folia.
A presen�a de c�meras em Belo Horizonte n�o � novidade, mas o secret�rio destaca que a gest�o dessas imagens est� sendo feita de maneira mais seletiva e integrada como parte do conceito de cidades inteligentes (smart cities). Ele adianta que haver� aumento no n�mero de equipamentos. Para este semestre ainda, h� previs�o de integrar ao sistema 500 c�meras, instaladas em postos de sa�de, shoppings e rodovi�rias. No futuro, os equipamentos com tecnologia que permite o reconhecimento facial ser�o usados em articula��o com a Pol�cia Civil para a identifica��o de procurados pela Justi�a. “Visamos seguran�a, locomo��o e cuidado com a cidade e tamb�m � uma forma de vigiar o patrim�nio p�blico”, diz Genilson.
O superintendente de integra��o da Secretaria de Justi�a e Seguran�a P�blica, Leandro Almeida, indica que o Centro de Comando e Controle ser� ponto central da coordena��o dos eventos de seguran�a do carnaval. Todas as chamadas ser�o gerenciadas dali. A central � multiag�ncia com a presen�a de 20 institui��es e funcionar� ininterruptamente nos dias da folia. “As carretas m�veis estar�o com sistemas ligados in loco com foco no carnaval, no bloco local, com sistema de reconhecimento facial, c�meras de zoom at� cinco quil�metros, leitor t�rmico e sistema para todas as for�as de integra��o que ocupar�o as carretas”, detalhou.
Preocupa��o

A bi�loga Laila Heringer, fundadora e produtora do bloco Tchanzinho Zona Norte, pontua que � importante que as imagens geradas por drones n�o sejam usadas com finalidade pol�tica. “O lance todo � saber usar a ferramenta. Ao mesmo tempo que pode ser bom a presen�a destes drones, no momento de exce��o em que vivemos, ter nossas imagens nas m�os da pol�cia gera tamb�m um inc�modo. Ser� que estes registros poder�o ser usados para inibir manifesta��es espont�neas durante a folia?”, questiona.
Palavra de especialista
Fabricio Polido, professor de Direito Internacional da UFMG. Doutor em Direito Internacional
Efici�ncia contestada
O uso de circuitos de vigil�ncia por c�meras em espa�os p�blicos tem sido refor�ado nas duas �ltimas d�cadas em v�rias partes do globo, sobretudo como forma de recrudescer as pol�ticas de seguran�a e persecu��o criminal nas ruas, nos espa�os urbanos. Outra raz�o, sobretudo na Europa e Estados Unidos, � explicada pela necessidade de monitorar atividades de indiv�duos e grupos terroristas e buscar evitar ataques isolados ou em massa. J� em 2005, em estudo especializado, a Universidade de Leicester, em parceria com autoridades do Reino Unido, demonstrava que as c�maras seriam inefetivas em parte porque estariam instaladas em locais mais centrais (evitando �reas perif�ricas/sub�rbios), outras direcionadas a pr�dios p�blicos, estacionamentos, shopping centers, al�m do fato de que a popula��o n�o se via mais protegida. Especialistas do governo dos Estados Unidos em tecnologia de seguran�a tamb�m observaram que "monitorar as telas de v�deo � ao mesmo tempo chato e hipnotizante"; descobriram em experimentos que "depois de apenas 20 minutos assistindo �s telas dos monitores e avaliando, a aten��o da maioria dos t�cnicos desceu a n�veis muito abaixo do aceit�vel", o que demostra existir mesmo um desvio padr�o sobre a forma como as c�meras s�o operadas. Tamb�m observaram que apenas certos crimes de menor potencial ofensivo seriam reduzidos com os sistemas de vigil�ncia por c�meras, como roubos e furtos de ve�culos.