
“N�o estava pensando em voltar no Brasil. Foi mais pelos meus pais, mas tamb�m pelo risco. Provavelmente ficaria um pouquinho mais, pois minha situa��o era diferente de outras pessoas. Via gente em outras faculdades que estava trancada, n�o podia sequer sair. O supermercado abria uma vez a cada tr�s dias, ent�o tinham que estocar comida... A� sim, eles tinham motivo para voltar. Eu, n�o. Tinha supermercado todo dia, eu podia sair do quarto na hora que quisesse, a universidade (Wuhan University of Science & TecHnology) dava comida e m�scaras para a gente”, informou o mineiro ao Estado de Minas por mensagens de �udio, de dentro das instala��es da base de An�polis, onde se encontra isolado com outros 33 brasileiros.
Vitor lembrou do momento em que come�aram a ser divulgados os primeiros casos do coronav�rus. “Quando come�ou o surto, muita gente se manteve tranquila. No in�cio, ningu�m falava muito sobre a quest�o. Eu mesmo n�o estava t�o preocupado. Para falar a verdade, nunca estive. Depois, j� vi preocupa��o maior das pessoas, por meio das redes sociais que tinha na China. Ainda assim, passei por esse processo inteiro muito tranquilo, uma vez que nunca me vi em risco, nunca me vi limitado de nada, n�o tive problema nenhum. Para mim, foi tudo tranquilo, principalmente pelo suporte que a universidade deu”, relatou.
O belo-horizontino diz n�o ter se incomodado nem mesmo com a indefini��o do governo em iniciar os tr�mites com a China para trazer de volta os brasileiros que estavam no pa�s. “Demorou um pouquinho, mas devido ao apelo feito por alguns brasileiros, vi que houve uma repercuss�o bem grande na m�dia e isso ajudou no processo de repatria��o”, relata.
Recep��o
J� sobre a base montada em An�polis para receber o grupo, a impress�o foi muito positiva. “A gente est� sendo super bem tratado, temos todas as conveni�ncias poss�veis, n�o estamos passando falta de nada. Eles proporcionaram um acolhimento e recebimento muito bom. N�o tenho nada do que reclamar. Est�o indo muito bem”, elogia. Assim como os demais brasileiros em quarentena, Vitor passa por coletas de sangue e de mucosas e medi��o de press�o constantes, para monitorar qualquer manifesta��o que possa sugerir o cont�gio pela agente infeccioso.
Na ter�a-feira, o Minist�rio da Sa�de divulgou que os resultados dos primeiros exames dos brasileiros em quarentena deram negativo para poss�vel infec��o para o novo coronav�rus. A pasta informou ainda que eles seguir�o sendo monitorados at� o 14o dia do isolamento, considerado prazo m�ximo de incuba��o do v�rus.
Quando a quarentena terminar, V�tor j� sabe o que fazer. “J� que voltei, vou aproveitar para dar uma passeadinha no estado de Goi�s, coisa assim de dois ou tr�s dias. Depois, � voltar para Belo Horizonte e terminar de escrever minha disserta��o”, planeja.
Apesar do temor geral, o pesquisador acredita que em breve estar� de volta � China. “Vou para a China desde 2012. N�o foi a primeira vez e imagino que n�o vai ser a �ltima tamb�m. Obviamente pretendo voltar, pois tenho que me formar, n�o vou abrir m�o de minha carreira de mestrado. S� vou esperar a situa��o l� ficar controlada. Quando tudo estiver certo, pretendo voltar, sim, porque � um pa�s muito bom de se viver. Wuhan, por exemplo, � uma cidade do tamanho de S�o Paulo, mas com estrutura muito mais desenvolvida e mais avan�ada, n�o s� em termos de tr�nsito, de transporte, mas de sa�de, alimenta��o, tudo... A vida na China considero ser muito mais conveniente do que no Brasil”, analisa.
Vitor tem confian�a de que os chineses v�o conseguir superar esse desafio. “Tenho certeza de que eles v�o dar a volta por cima, pois � um pa�s que, na minha opini�o, tem a melhor infraestutura do mundo para fazer o controle disso. Como eles t�m um governo muito centralizado, as medidas s�o muito mais diretas e r�pidas. Que pa�s do mundo consegue construir um hospital em duas semanas? Isso � praticamente imposs�vel em qualquer outro lugar. Ent�o, realmente o v�rus surgiu em um pa�s que dar� conta, sim, de cont�-lo. Tenho certeza absoluta de que isso vai se resolver”, afirma.
At� ontem, segundo o Minist�rio da Sa�de, 11 casos suspeitos de coronav�rus eram investigados no Brasil. Outros 33 foram descartados ap�s realiza��o de exames. N�o h� no pa�s confirma��o da doen�a. No mundo s�o 25 pa�ses com registros da virose, com 45.612 disgn�sticos confirmados, a esmagadora maioria na China (45.171), e 1.114 mortes, apenas uma delas – nas Filipinas – fora do pa�s em que a propaga��o do agente infeccioso come�ou.