(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PATRIM�NIO

Capela do Necrot�rio passa por restauro e 'renasce' no Cemit�rio do Bonfim

Constru��o de 1897 passou por seis meses de obras, que revelaram pintura marmorizada original sob camadas de tinta de v�rias cores


12/03/2020 06:00 - atualizado 12/03/2020 08:43

Vista externa da construção, que será visitada hoje por representantes da Prefeitura de BH, do Iepha e de outros envolvidos no projeto
Vista externa da constru��o, que ser� visitada hoje por representantes da Prefeitura de BH, do Iepha e de outros envolvidos no projeto (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


As chuvas de janeiro serviram de teste para uma constru��o com a idade da capital: a Capela do Necrot�rio, de 1897, no Cemit�rio do Bonfim, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. Com os temporais, a equipe de restaura��o detectou pontos de infiltra��o e conseguiu fazer a veda��o necess�ria. “J� est�vamos no fim da obra, depois de cinco meses de trabalho. Assim, gastamos mais um m�s para impedir a entrada da �gua, especialmente nas 24 janelas, no alto da estrutura respons�veis pela ilumina��o natural”, disse, ontem, o restaurador Adriano Ramos, do grupo Oficina de Restauro, empresa encarregada da interven��o. Hoje, representantes da Funda��o Municipal de Cultura (FMC)/Prefeitura de BH, do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) e outros envolvidos no projeto visitam o local.

Com destaque para a c�pula fabricada na cidade de Bruges, na B�lgica, a capela, com �rea de 150 metros quadrados e 15 metros de altura, tem novidades, entre elas a pintura parietal marmorizada original semelhante � existente no Pal�cio da Liberdade e no Museu das Minas e do Metal, ambos na Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul da cidade. “Estava sob seis camadas de tinta de v�rias cores”, explicou Adriano, que iniciou o restauro em 2 de setembro. No lado de fora da constru��o, as prospec��es feitas pela equipe de sete pessoas mostraram os tons amarelo e ocre tamb�m originais do monumento administrado pela Funda��o de Parques Municipais e Zoobot�nica (FPMZB), tombado pelo Iepha-MG e Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio de BH.

Os recursos para o restauro s�o do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), a partir de medidas compensat�rias ambientais, com servi�os acompanhados pelos t�cnicos da FMC/PBH. Na interven��o, os restauradores fizeram raspagem da pintura externa, remo��o das camadas de repintura, veda��o das �reas danificadas, complementa��es, emassamento e nivelamento das paredes externas, emassamento e nivelamento de lacunas das superf�cies no interior da capela, reintegra��o das cores, e aplica��o de pintura � base de cal nas paredes externas. De acordo com a PBH, ainda n�o foi definido o uso da capela, e n�o h� um cronograma para visita��o.

Conforme pesquisa da FMC, a Capela do Necrot�rio n�o foi planejada com essa finalidade, j� que o Cemit�rio do Bonfim foi constru�do para ser laico, dentro do ideal republicano, tendo sido aberta oito anos ap�s a Proclama��o da Rep�blica (15/11/1889). O projeto do Cemit�rio do Bonfim, que entrou em funcionamento poucos meses antes da inaugura��o da capital, dentro dos novos crit�rios de higieniza��o, p�s fim ao costume de sepultamentos no entorno das igrejas – assim (no fim do s�culo 19), a comiss�o construtora de BH escolheu um local ent�o bem distante. Muito tempo depois � que o espa�o foi usado como capela, embora h� d�cadas esteja sem serventia. Nos anos 1920, quando servi�os de sepultamento foram oferecidos, o necrot�rio foi desativado. As visitas guiadas ocorrem de fevereiro a novembro e o interessado em marcar deve enviar e-mail para [email protected].

O restaurador Adriano Ramos na área interna da capela, agora com a pintura original, que estava escondida sob seis camadas de tintas de diferentes cores
O restaurador Adriano Ramos na �rea interna da capela, agora com a pintura original, que estava escondida sob seis camadas de tintas de diferentes cores (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


C�pula


Em 2017, na primeira fase de restauro da Capela do Necrot�rio, custeada pela PBH com gerenciamento do Instituto Cultural Fl�vio Gutierrez (ICFG), o foco esteve na c�pula. Foram executados: recoloca��o e refixa��o das telhas de flandres, solda das rachaduras, furos e frestas na pira central, remo��o dos rebites e coloca��o de parafusos, aplica��o de tinta na c�pula, aplica��o do grafite nas pe�as em ferro, limpeza da pedra, e veda��o das infiltra��es no piso da laje. Em estudos, Adriano Ramos encontrou uma fotografia, com legenda em franc�s, da estrutura de ferro com 12 metros de di�metro vinda da B�lgica e revestida de folha de flandres (liga de zinco e chumbo).

Quem visitar o local pode admirar os ornamentos, a exemplo da pira, pesando 2 toneladas e localizada bem no topo da c�pula ou domo prateado. Tem ainda, no alto, de ferro fundido pintados de zarc�o, os quatro querubins chorando e as oito ampulhetas com asas, significando que “o tempo voa”. Nas laterais, na base, h� ainda quatro “fogos eternos” maiores (com pedestais) e dois pequenos, que levam � contempla��o e a momentos de reflex�o. No total, foram empregados R$ 450 mil, sendo R$ 300 mil da PBH, na primeira etapa (c�pula), e agora R$ 150 mil do MPMG.

Hist�ria


Constru�da e planejada dentro do esp�rito republicano. BH exigia, dentre outras transforma��es, a presen�a de espa�o laico para o culto aos mortos. Assim como era preciso planejar “a cidade dos vivos, a cidade dos mortos deveria ser ordenada e higi�nica”. Concebido inicialmente para ser o dep�sito mortu�rio, o necrot�rio e o cemit�rio eram elementos catalisadores de nova percep��o do mundo, visto que contrastavam com os antigos h�bitos de se sepultar nos arredores das igrejas, heran�a fortemente arraigada na cultura brasileira nos s�culos 18 e 19, conforme estudos.

Nessa atmosfera de modernidade, de reforma e de imposi��o de novos h�bitos, ergueu-se o edif�cio do necrot�rio, um dos primeiros projetados e executados pela Comiss�o Construtora da Nova Capital, sendo respons�veis pelos desenhos e plantas Hermano Zickler, Jos� de Magalh�es e Edgard Nascentes Coelho. J� a execu��o ficou a cargo do empreiteiro Conde de Santa Marinha.

Na ficha de Invent�rio de Prote��o do Acervo Cultural de Minas Gerais, documento do Iepha-MG, est� registrado: “� uma constru��o severa em alvenaria, de plantas quadradas, coroada por uma c�pula de estrutura de ferro, coberta com chapas met�licas. Os cunhais s�o estriados horizontalmente, figurando aparelho de pedra. Os v�os de ilumina��o s�o bandeiras semicirculares, com grades de ferro, o mesmo acontecendo com as pequenas aberturas retangulares abaixo do entablamento. Esse � composto de molduras de pequeno balan�o e linha de dent�culos e terminado por um �tico baixo nos quatro cantos e nos eixos das grandes aberturas. A c�pula � encimada por motivo decorativo aleg�rico. Os elementos de ferro, com grades e outros foram importados da B�lgica.”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)