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Estado de Minas Covid-19

Clima quente do Norte de Minas pode ser aliado contra epidemia de coronav�rus

Risco de surto da doen�a � considerado menor em munic�pios do Norte de Minas por conta das altas temperaturas na regi�o. Especialista explica que o coronav�rus gosta de locais �midos e frios


16/03/2020 06:00 - atualizado 16/03/2020 08:05

No fim de fevereiro, surgiram dois casos suspeitos da doença em Montes Claros %u2013 de jovens que retornaram de viagem à Itália %u2013, mas já foram descartados(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)
No fim de fevereiro, surgiram dois casos suspeitos da doen�a em Montes Claros %u2013 de jovens que retornaram de viagem � It�lia %u2013, mas j� foram descartados (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)


O forte calor, predominante no Norte de Minas em quase todos os meses do ano, pode ser um transtorno para quem n�o est� adaptado com o clima dessa parte do estado. Mas, esse mesmo inc�modo pode ser ben�fico: dificultar a transmiss�o do coronav�rus na regi�o, reconhecidamente carente em capacidade para enfrentar grandes agravos em sa�de e com pequenos munic�pios que enfrentam car�ncia de recursos. A explica��o � da infectologista Cl�udia Rocha Biscotto, professora do curso de medicina da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

 

“Acho que � muito pequeno o risco do Norte de Minas – e, especificamente, Montes Claros – ter um surto de coronav�rus e dele se espalhar na regi�o. O v�rus n�o se adapta bem ao nosso clima, que � quente e seco. O v�rus gosta de regi�es �midas e frias. Se o coronav�rus chegar aqui, com minha experi�ncia e viv�ncia, acredito que os casos ser�o poucos”, observa a especialista. “� claro que agora – quando come�ar o outono e (depois) o inverno – esfria um pouco o tempo. Isso � mais prop�cio a espalhar qualquer v�rus causador de infec��es respirat�rias, inclusive o H1N1, que � mais mortal do que o novo coronav�rus”, pondera.

 

A infectologista e professora da Unimontes ressalta que em Montes Claros (404 mil habitantes) n�o existe nenhum hospital capacitado com leito em isolamento para receber portadores de doen�as altamente transmiss�veis. “N�o temos um isolamento eficaz e eficiente em nenhuma unidade de terapia intensiva (UTI) em Montes Claros. Mas isso n�o � s� para casos de coronav�rus. Vale tamb�m para o H1N1 e para outras doen�as transmiss�veis, como tuberculose”, lembra Cl�udia Biscotto.

 

Por outro lado, a especialista enfatiza que, mesmo com toda a mobiliza��o em torno do plano de conten��o do avan�o do novo coronav�rus, n�o h� motivo de p�nico em regi�es como o Norte do estado. “N�o vejo motivo de p�nico, mesmo porque temos que entender que o COVID-19 � um v�rus como o da gripe”, acentua Cl�udia Biscotto, acrescentando que apenas um percentual, entre 0,5% e 1% dos pacientes, evolui para casos graves.

 

 

Mobiliza��o


A preocupa��o com o plano de conten��o para impedir o avan�o do novo coronav�rus tamb�m mobiliza as secretarias de Sa�de e agentes de vigil�ncia epidemiol�gica no interior do estado. Na tarde da �ltima quarta-feira, foi realizado em Montes Claros (Norte de Minas) um encontro para a capacita��o de profissionais de sa�de de 70 munic�pios da regi�o, visando ao enfrentamento contra a transmiss�o do COVID-19.

 

 

“A maioria dos pequenos munic�pios do Norte de Minas s� oferece atendimento � sa�de b�sica. Mas isso n�o significa que eles est�o isentos do surgimento de casos eventuais do novo coronav�rus e que tamb�m n�o precisam adotar cuidados preventivos contra a doen�a”, afirma Daniel S�vio, coordenador do Departamento de Sa�de da Associa��o dos Munic�pios da �rea Mineira da Sudene (Amams), que organizou a capacita��o, em parceria com a Superintend�ncia Regional de Sa�de (SRS) e com a Secretaria Municipal de Sa�de de Montes Claros.

 

O treinamento foi realizado no audit�rio da Amams e contou com cerca de 280 participantes, entre secret�rios municipais de Sa�de, coordenadores de vigil�ncia epidemiol�gica, m�dicos e enfermeiros das cidades norte mineiras.

 

A capacita��o foi ministrada pelo m�dico Mariano Fagundes, refer�ncia em vigil�ncia epidemiol�gica da Secretaria de Sa�de de Montes Claros. Ele orientou os profissionais da aten��o b�sica dos munic�pios sobre os protocolos do Minist�rio de Sa�de, que dever�o seguir a atendimento a pacientes com sintomas semelhantes aos da infec��o respirat�ria.

 

Mariano Fagundes lembrou que um surto do coronav�rus dura em torno de tr�s meses. Informou que a expectativa � que, se ocorrer um surto do COVID-19 na regi�o, dever� come�ar no fim de abril ou in�cio de maio. No entanto, n�o existem casos suspeitos da infec��o respirat�ria no Norte do estado. No fim de fevereiro, surgiram dois casos suspeitos da doen�a em Montes Claros – de jovens que retornaram de viagem � It�lia –, mas ambos j� foram descartados.

 

O m�dico repassou informa��es sobre os sintomas e o “diagn�stico diferencial do coronav�rus – os pacientes somente s�o considerados suspeitos se apresentarem manifesta��es cl�nicas como tosse, febre e dor de cabe�a e tenham retornado de viagem recente a pa�ses com casos confirmados ou que tenham tido contato direto com pessoas que foram contaminadas pelo COVID-19.

 

Ele ressaltou que a orienta��o � que os pacientes com suspei��o da doen�a sejam colocados em quarentena em isolamento domiciliar por 14 dias, devendo ser feito tamb�m recolhimento de material a ser encaminhado para exame na Funda��o Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte. O Hospital Universit�rio Clemente de Faria, de Montes Claros, foi escolhido como unidade de refer�ncia para os pacientes dos casos suspeitos com sintomas mais graves.

 

 

Capital da cacha�a


O avan�o do coronav�rus, declarado pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) como pandemia, gera apreens�o em munic�pios do interior como Salinas, a “Capital da Cacha�a”, no Norte de Minas. A cidade fica �s margens da BR 251, que tem um grande fluxo de ve�culos que viajam do Sul/Sudeste para o Nordeste brasileiro.

 

 

“Salinas tem grande preocupa��o com a preven��o ao coronav�rus por causa da BR 251 e, por ser uma cidade tur�stica, a Capital da Cacha�a recebe gente de muitos lugares”, declarou Cl�udio Barbosa Oliveira, coordenador de Vigil�ncia Epidemiol�gica de Salinas – de 41,3 mil habitantes, distante 642 quil�metros de Belo Horizonte.

 

Uma das participantes da capacita��o em Montes Claros foi a m�dica Patr�cia J�ssica Moreira Irahola, que atende na Unidade de Sa�de B�sica (UBS) da sede de Berizal, de 4,37 mil habitantes, a 688 quil�metros de BH, no extremo Norte de Minas. “A popula��o do munic�pio � formada por pessoas humildes, que n�o sabem quase nada sobre o coronav�rus. Acredito que temos que estar preparados para atuar se surgir algum caso suspeito da doen�a no munic�pio”, disse a m�dica. Em Berizal n�o existe hospital e os pacientes mais graves s�o levados de ambul�ncia para Taiobeiras (distante 47 quil�metros do munic�pio).


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