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Estado de Minas

Profissionais de sa�de se desdobram na guerra contra coronav�rus

Dignos de aplausos, profissionais de sa�de se desdobram para orientar a popula��o, tratar infectados e lidar com transtornos em tempos de pandemia


postado em 22/03/2020 04:00 / atualizado em 23/03/2020 01:11

Parte da equipe da UPA Centro-Sul com faixa com a orientação para que todos fiquem em casa, a melhor forma de proteção no momento(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Parte da equipe da UPA Centro-Sul com faixa com a orienta��o para que todos fiquem em casa, a melhor forma de prote��o no momento (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
Os aplausos ecoam pelo pa�s, os gritos de "viva" saem a plenos pulm�es e os agradecimentos se multiplicam. No foco de um Brasil em estado de calamidade p�blica devido � pandemia do novo coronav�rus (Covid-19), est�o os doentes e casos suspeitos, mas tamb�m os profissionais de sa�de – m�dicos, enfermeiros, t�cnicos e auxiliares de enfermagem, farmac�uticos, atendentes, encarregados da limpeza e demais funcion�rios de hospitais e centros rec�m-montados para atender a popula��o. Durante horas dedicados ao trabalho, eles p�em em pr�tica o conhecimento para salvar vidas, a aten��o contra o sofrimento humano, a t�cnica a servi�o da informa��o e a higiene como arma para impedir o avan�o do inimigo invis�vel.

"Estamos no meio de uma guerra, por�m ningu�m estava preparado, nem aqui nem no mundo inteiro. Tem sido um trabalho exaustivo para todos", diz a diretora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), S�nia Maria Soares. Embora n�o esteja atuando dentro de hospital, ela diz que h� v�rios ex-alunos e estagi�rios no front, enquanto os atuais estudantes est�o envolvidos em a��es para atender a popula��o, tirando d�vidas e orientando sobre os cuidados necess�rios para se evitar o cont�gio, dirigido a diversos p�blicos, com v�deos, inclusive. Os interessados podem acessar as redes sociais e p�gina na internet da escola de enfermagem da UFMG.

Satisfeita com o reconhecimento da sociedade – que tem homenageado os profissionais de sa�de mundo afora – , a diretora lamenta a falta de equipamentos em muitas unidades p�blicas de atendimento no momento em que h� aumento dos casos e, de acordo com autoridades federais, previs�o de pico no m�s que vem. "Muitos hospitais j� estavam sucateados antes do coronav�rus", alerta S�nia.

O certo mesmo � que, a exemplo dos her�is de farda, os bombeiros, que atuaram incansavelmente em Brumadinho, na Grande BH, ap�s o rompimento, em 25 de janeiro, da Barragem da Mina do C�rrego do Feij�o, s�o agora os homens e mulheres de jaleco branco, �s vezes tamb�m de azul e verde, que se tornam protagonistas de um cap�tulo dram�tico da hist�ria da humanidade. "Nossa for�a vem, junto da profiss�o que escolhemos, da vontade de ajudar o pr�ximo em todos os momentos, ainda mais nesse de agora...t�o dif�cil. � com amor mesmo que trabalhamos", destaca a gerente da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro-Sul, enfermeira Chirley Madureira Rodrigues, de 38 anos. No local, que fica na regi�o hospitalar, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), via Secretaria Municipal de Sa�de (SMS), implantou, em 3 de mar�o, o Centro Especializado em Atendimento para o Coronav�rus (Cecovid).

Durante as fotos para esta reportagem, parte da equipe da UPA segurava cartazes formando a frase: "N�s estamos aqui por voc�s. Por favor, fiquem em casa por n�s". Ao passar na rua, motoristas buzinaram e pedestres aplaudiram. Considerada s�mbolo de paz, uma pomba branca apareceu em cena e tamb�m posou para a foto.

TEMPO INTEGRAL 

Médica há oito anos, Lucília Guimarães se esforça para conciliar o trabalho e o cuidado com a família sem desanimar(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
M�dica h� oito anos, Luc�lia Guimar�es se esfor�a para conciliar o trabalho e o cuidado com a fam�lia sem desanimar (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Casada h� 14 anos, m�e de duas meninas, de 6 anos e de 1, a enfermeira Chirley Madureira Rodrigues gerencia a UPA Centro-Sul h� sete anos, comandando atualmente uma equipe de 250 profissionais, em turnos diversos. "Nas duas �ltimas semanas, estamos de plant�o em tempo integral, em torno de 20 horas por dia. Quando n�o � presen�a f�sica, estamos conectados pelo celular. Bate um cansa�o, mas est�o todos envolvidos. Tenho as crian�as em casa, mas cancelei de imediato as f�rias", diz a gerente.

Chirley conta que foi procurada por profissionais se oferecendo para ser volunt�rio nas a��es desenvolvidas na UPA e no Cecovid, que atende, de forma espont�nea, pessoas com sintomas de doen�as respirat�rias (febre, tosse e dificuldade para respirar) e que estiveram recentemente em viagem ao exterior ou tiveram contato com pessoas apresentando sintomas ou confirma��o da doen�a. 

Conforme a PBH, o Cecovid conta com m�dico, enfermeiro, t�cnicos de enfermagem, auxiliar administrativo e de servi�os gerais, al�m de infraestrutura para atendimento com macas, medicamentos e equipamentos de oxigena��o e de aferi��o de press�o arterial. Na unidade, h� coleta de material para realiza��o de exame e, conforme condi��es cl�nicas, o paciente � liberado, encaminhado para isolamento domiciliar e tratamento com acompanhamento de equipe m�dica da Secretaria Municipal de Sa�de (SMS) ou ainda interna��o hospitalar. O servi�o fica na

Rua Domingos Vieira, 488, Bairro Santa Efig�nia, e funciona todos os dias das 7 �s 19h. "Queremos fazer um bom atendimento. O medo das pessoas � natural, pois os casos aumentaram rapidamente, por�m � importante n�o haver p�nico", ressalta a gerente.

FRAGILIDADES 

M�dica h� oito anos, Luc�lia Coelho Guimar�es trabalha h� cinco com atendimento domiciliar. "Quase todos os meus pacientes s�o idosos, fr�geis, portadores de doen�as cr�nicas e s�ndromes demenciais. A COVID-19 trouxe o foco dos atendimentos para preven��o da transmiss�o e orienta��o dos familiares, principalmente. As pessoas ainda t�m d�vidas sobre a real necessidade do isolamento social e qual sua import�ncia nesse momento."

Dessa forma, a m�dica ocupa boa parte das consultas em conversa com os pacientes e seus familiares sobre essa quest�o. "O momento � de afastamento f�sico, sim, mas em fun��o do coletivo. Nenhum sistema de sa�de est� apto a atender uma demanda muito grande num curto tempo, ent�o precisamos frear a transmiss�o para garantir atendimento de qualidade e possibilidade de tratamento para o maior n�mero poss�vel de pessoas", refor�a.

Conciliar trabalho, fam�lia e outras atividades n�o desanima a m�dica. "� hora de apelar para o senso de responsabilidade com o pr�ximo. Tenho filhos de 8 e 5 anos. Como as aulas est�o suspensas, os dois est�o em casa. A escola enviou os deveres e atividades a serem realizados at� o dia 31, ent�o estabelecemos uma rotina a ser cumprida diariamente para eles n�o se sentirem em f�rias".

E o lazer? "Depois das obriga��es, o momento � de divers�o. Eles adoram o 'cineminha': escolhem o filme, fa�o pipoca e assistimos juntos. Tamb�m gostamos dos velhos e bons jogos de tabuleiro."

Para o estagi�rio de enfermagem da UFMG Carlos Roberto Gomes, de 23, se o momento inspira cuidados, traz tamb�m oportunidade de aprendizagem. "H� uma mobiliza��o grande, uma din�mica que ser� valiosa no futuro e, se Deus quiser, ser� passageira".

Enquanto isso...

... Fraturas expostas
Nesses tempos de coronav�rus, a sociedade agradece pelo trabalho, mas os profissionais de sa�de passam apertos. Uma t�cnica em enfermagem que atua em uma unidade de sa�de de Belo Horizonte, e pediu para n�o ser identificada, relata problemas como falta de orienta��es e de m�scaras em hospitais p�blicos. A m�scara � um dos principais equipamentos de prote��o individual.

"Alguns setores se reuniram e foram orientados sobre alguns novos procedimentos. O Centro de Terapia Intensiva (CTI) foi o principal orientado, porque os pacientes com suspeita do coronav�rus s�o encaminhados para l�, e o pronto-atendimento tamb�m, que recebe o paciente. N�s, de outros setores, n�o recebemos qualquer informa��o".
O que mais indignou a t�cnica � que "tudo foi passado pelo WhatsApp, e ainda houve a proposta de que reutiliz�ssemos a m�scara cir�rgica, sendo que ela tem a dura��o de 12 horas e, no caso de confirma��o da doen�a, s� pode ser usada por duas horas". Na avalia��o dela, "querem que a gente use uma m�scara por uma semana". O que foi afirmado, acrescenta, "� que est�o faltando m�scaras”. E afirma: “Mas fora do meu setor tem. Est�vamos pegando l� e em outros setores, escondidos, para poder usar m�scaras novas."


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