Sob risco de barragem, moradores de Macacos questionam mudan�as em vouchers de alimenta��o

Um acordo feito pela Mineradora Vale junto ao Minist�rio P�blico e � Defensoria P�blica de Minas Gerais na �ltima sexta-feira (20), em fun��o do novo coronav�rus, modificou a forma de recebimento do voucher-refei��o distribu�do �s fam�lias afetadas pelas atividades da mineradora em S�o Sebasti�o das �guas Claras, distrito de Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. 

A altera��o causou indigna��o entre a popula��o, que se sentiu prejudicada pela convers�o de vouchers em sal�rios, j� que, segundo moradores, a mudan�a diminui substancialmente o valor total recebido pelas fam�lias em um momento cr�tico como o da pandemia da COVID-19.

Esses vouchers eram distribu�dos aos 3.711 moradores em uma escola local desde fevereiro do ano passado, quando a Vale soou o alarme da Mina Mar Azul e anunciou o aumento do n�vel de seguran�a cr�tica da barragem B3/B4. 

Fam�lias da regi�o precisaram ser retiradas das �reas de risco pela mineradora, que a partir da� passou a entregar um tal�o com 14 folhas de vouchers, cada uma no valor de R$ 20, para serem utilizadas em duas refei��es di�rias — almo�o e jantar — nos com�rcios do munic�pio.

De acordo com a Vale, tendo em vista as recomenda��es de isolamento social devido � pandemia do coronav�rus, foi firmado o acordo que converte o voucher-refei��o em pagamento, por meio de dep�sito em conta, de um sal�rio m�nimo por adulto, meio sal�rio m�nimo por adolescente e ¼ para crian�as. 

Antes da decis�o, no entanto, cada pessoa tinha � disposi��o o valor total de R$ 1.120 ao m�s. Agora, com a mudan�a, os adultos passam a receber R$ 1.045 (redu��o de 6,7%), adolescentes, R$ 522,25 (redu��o de 53,4%), e crian�as, R$ 261,25 (redu��o de 76,7%) mensais.

A empresa suspendeu tamb�m a entrega do voucher- refei��o a partir dessa segunda-feira (23) at� que as pessoas fa�am o cadastramento a dist�ncia, por meio de plataforma disponibilizada pela Vale. Tamb�m de acordo com a mineradora, o primeiro pagamento ocorrer� ap�s a an�lise do cadastro.

A empres�ria Geruza Fran�a explica que moradores e comerciantes da cidade v�m sofrendo ultimamente com a debandada dos turistas e, consequentemente, com a falta de emprego e de renda. Segundo ela, que organizou um abaixo-assinado que j� tem cerca de 300 assinaturas contra o acordo, os vouchers se tornaram a principal, se n�o a �nica, forma de alimenta��o de muitas fam�lias da cidade.

 “Estou me sentindo tra�da. A Vale resolveu aproveitar de um momento t�o dif�cil, que � uma guerra contra uma epidemia t�o s�ria, para tirar a alimenta��o da boca do povo”, afirmou. A empres�ria chama aten��o tamb�m para as especificidades que dificultam o novo processo para os moradores do distrito. “A partir do momento em que voc� recebe em dinheiro, voc� precisa declarar Imposto de Renda e, as pessoas aqui s�o humildes e n�o sabem o que � isso. Elas n�o t�m sequer conta corrente. Como v�o preencher esse cadastro? Elas v�o ficar sem receber”, completa.

Al�m disso, a n�o entrega dos vouchers tamb�m deve afetar o com�rcio de Macacos, j� que eles se tornaram uma moeda local que movimentava mercados e restaurantes da regi�o. Ad�lia de Almeida, 48 anos, afirma que a mineradora mudou a forma de vida do pequeno distrito e que a retirada dos vouchers fez com que os transtornos se multiplicassem. 

“Eles cortaram os vouchers para passar para o sal�rio, mas aqui os com�rcios est�o sobrevivendo dos vouchers. Eles aproveitaram o embalo da doen�a para fazer essa mudan�a, mas n�s n�o queremos isso. Para o sal�rio ainda tem que fazer o cadastramento e n�o tem previs�o, nem eles sabem o que v�o fazer com a gente. N�s, moradores, os comerciantes, todo mundo est� sendo prejudicado. Muita gente perdeu o emprego, nossa vida nunca vai voltar ao normal, n�o temos mais liberdade e o trabalho da gente. Estamos nos sentindo prisioneiros da Vale", disse Ad�lia.

Em nota, a mineradora Vale informou que "o voucher recebido pela comunidade de Macacos era de uso exclusivo para a alimenta��o e condicionado ao gasto no com�rcio local, que atualmente est� fechado em raz�o da COVID-19. O pagamento substitutivo ser� depositado mensalmente em conta. Adicionalmente, para auxiliar os atingidos, a Vale viabilizou o fornecimento de refei��o, diariamente, em todas as acomoda��es dos hot�is e pousadas e a entrega de cestas b�sicas nas moradias tempor�rias."

 

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus: qual � a diferen�a entre isolamento e quarentena?