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Estado de Minas PANDEMIA

Coronav�rus � novo drama em Brumadinho pouco mais de um ano da trag�dia

Passados 14 meses do tr�gico acidente com rompimento da barragem, cidade enfrenta pandemia do coronav�rus, com 22 casos suspeitos. Atos de homenagem hoje ser�o virtuais


postado em 25/03/2020 06:00 / atualizado em 25/03/2020 14:57

Cidade tirou lições do acidente na mina para lidar com a crise agora(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press 8/7/19)
Cidade tirou li��es do acidente na mina para lidar com a crise agora (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press 8/7/19)

Um ano e dois meses ap�s o rompimento da Barragem B1 da Mina C�rrego do Feij�o, a cidade de Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, vive uma trag�dia que parece n�o ter fim. E o novo drama tem nome: coronav�rus. O munic�pio tem 22 casos suspeitos, sendo 13 nas �ltimas 24 horas e um em estado grave. Dois casos que chegaram a ser notificados foram descartados. Por causa da pandemia, bombeiros precisaram suspender as buscas por v�timas, missas e celebra��es religiosas n�o t�m mais abra�os, e, o ato de homenagem aos atingidos, que � realizado todo dia 25, ser� feito pela primeira vez virtualmente.
 
A Secretaria Municipal de Sa�de acompanha os infectados pelo COVID-19 diariamente fazendo liga��es telef�nicas. A v�tima que precisou de interna��o � um homem de 72 anos, cardiopata, morador de M�rio Campos. Ele foi atendido na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Brumadinho. No �ltimo domingo, o idoso foi transferido em estado grave para o Hospital Regional de Betim, onde permanece recebendo os cuidados m�dicos.
 
O primeiro caso registrado no munic�pio foi de uma fam�lia que teve passagem pela Fran�a, Portugal e Espanha. S�o dois jovens, um de 15 anos e outro de 18, e dois adultos, ambos de 52. A fam�lia est� em isolamento domiciliar. Neste mesmo regime de prote��o que dura 14 dias est�o os outros 17 que aguardam resultado dos exames.
 
Nenhum deles faz parte do grupo de risco. De acordo com a secretaria, eles enquadraram no balan�o por apresentarem os sintomas e terem contato com infectados – como o caso de uma profissional de sa�de – ou por terem passado em locais com incid�ncia de transmiss�o comunit�ria – em Belo Horizonte, por exemplo, antes mesmo de ser declarada o tipo de transmiss�o em todo pa�s. Dois casos foram descartados.
 
O cuidado dessas v�timas infectadas e de pr�ximas notifica��es que podem surgir � feito com li��es aprendidas desde o rompimento da barragem da Vale que devastou hist�rias e sonhos em 25 de janeiro de 2019. A enfermeira da vigil�ncia em sa�de de Brumadinho, que trabalha no setor de epidemiologia, respons�vel por notificar os casos de COVID-19 elogia a constru��o de um trabalho “em rede”. “Naquela �poca a gente aprendeu muito a trabalhar em uni�o. Todas as unidades de sa�de ficaram muito parceiras. Uma comunica��o que n�o existia de forma t�o intensa antes est� ajudando muito agora no controle do coronav�rus em nossa cidade”, disse Fernanda Ribeiro Dias.

BUSCAS INTERROMPIDAS


A ang�stia vivida em moradores de Brumadinho neste per�odo de pandemia aumenta nos cora��es de familiares de v�timas que morreram com o rompimento da B1. Por causa do risco de contamina��o pelo novo coronav�rus, os incans�veis militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais foram for�ados a parar o trabalho de busca ap�s 421 dias. Onze pessoas seguem desaparecidas. De acordo com comunicado expedido no �ltimo dia 20, a interrup��o � tempor�ria de deve voltar quando for revogada a Situa��o de Emerg�ncia do estado.
 
O compromisso de ser apenas uma pausa � o que tenta amenizar a dor de Josiana Rezende, de 31 anos. A enfermeira perdeu a irm� Juliana Rezende, funcion�ria da Vale que permanece entre as 11 desaparecidas. “Minha fam�lia recebeu a not�cia com muita tristeza, meus pais est�o muitos mexidos com isso. Mas entendemos a situa��o. O que traz um pouco de alento � saber que essa busca vai voltar. E espero que seja r�pido, que tudo se controle logo, e que as buscas possam retornar e a gente consiga fechar esse ciclo”, afirma.
 

MISSAS E CELEBRA��ES RELIGIOSAS


Seguindo recomenda��es da Organiza��o Mundial da Sa�de, de autoridades brasileiras e locais, as missas tamb�m n�o est�o sendo realizadas nos templos, locais com aglomera��o de pessoas, e tamb�m, contato f�sico. Alternativa adotada pela arquidiocese para essa determina��o � a transmiss�o das celebra��es religiosas pela internet, TV e r�dio. A preocupa��o com a falta de afeto para uma popula��o repleta de sofrimento � o que n�o sai da cabe�a do bispo auxiliar dom Vicente de Paula Ferreira, respons�vel pela Regi�o de Nossa Senhora do Ros�rio, com 150 comunidades, incluindo Brumadinho. “As pessoas em muitos casos precisam sentir o abra�o e neste momento n�o � poss�vel”, lamenta.

O l�der religioso se mudou para a cidade ap�s a trag�dia para levar aux�lio humanit�rio, ps�quico, social, espiritual e esperan�a para a popula��o atingida. Ele avalia como importante a medida do distanciamento. “Nossa maior preocupa��o � que elas n�o se sintam isoladas. O isolamento � provis�rio pra gente poder evitar um mal maior”, afirma dom Vicente, ressaltando que a igreja est� recolhida, mas continua ativa. “Constru�mos a estrat�gia pastoral de transmiss�o virtual das nossas missas para levar conforto espiritual para as fam�lias que j� sofrem h� mais de um ano com luto e dor t�o grande”, acrescenta.

Hoje ser� celebrada uma missa pelas v�timas e familiares dos atingidos de Brumadinho. A transmiss�o ser� feita ao vivo �s 9h na TV Horizonte. O ato em homenagem �s 272 vidas que foram levadas pela avalanche de rejeitos de min�rios ser� transmitido a partir das 12h pela p�gina oficial da Associa��o dos Familiares de Vitimas e Atingidos do rompimento da Barragem Mina Corrego Feij�o Brumadinho (Avabrum) no Facebook, que pode ser acessada pelo link: bit.ly/33IliZk. 
 

Mineradoras se ajustam � crise


A pandemia de coronav�rus n�o paralisou o setor de minera��o, mas afetou a din�mica das companhias. Para evitar aglomera��es e, consequentemente, a dissemina��o da doen�a, h� menos pessoas no interior das minas. Por isso, as empresas t�m priorizado apenas as etapas essenciais � produ��o.
 
A cadeia produtiva � composta por processos como o transporte do min�rio e a remo��o dos est�reis — parte extra�da das jazidas que n�o vai ser, efetivamente, utilizada na produ��o. Segundo o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Minera��o (IBRAM), Fl�vio Penido, por n�o se tratar de uma etapa essencial � produ��o, a retirada dos est�reis pode ser postergada em dois ou tr�s meses. “Isso est� sendo feito para que menos pessoas precisem ir �s minas, o que significa menos riscos, mais seguran�a e mais higiene”, explica.
 
Com atua��o em diferentes �reas do estado, Anglo American, ArcelorMittal, Kinross, AngloGold Ashanti, Usiminas e Nexa alteraram os trabalhos por conta do surto da doen�a. Em geral, al�m da ado��o do home office por parte dos trabalhadores dos escrit�rios e da redu��o do n�mero de pessoas nas �reas produtivas, as empresas tomaram uma s�rie de precau��es. A capacidade dos refeit�rios e dos �nibus com destino �s minas foi diminu�da, empregados t�m a temperatura aferida e tomam dist�ncia uns dos outros. Viagens e eventos foram cancelados. Al�m disso, reuni�es t�m sido substitu�das por teleconfer�ncias. A AngloGold ainda adquiriu cerca de 6.000 testes para o coronav�rus.

O IBRAM tem monitorado o n�vel de produ��o mantido pelas mineradoras associadas � entidade. Contudo, ainda n�o � poss�vel estimar os efeitos da pandemia no setor. O instituto pretende divulgar, em breve, levantamento sobre o n�mero de trabalhadores afastados de suas atividades ou colocados em regime de teletrabalho.

Ajuda aos fornecedores Penido defende que as mineradoras auxiliem seus fornecedores na supera��o dos obst�culos impostos pela COVID-19. “Precisamos pensar em nossos parceiros, como as pequenas e m�dias empresas. Temos procurado antecipar ou reduzir prazos de pagamento”, comenta. A Vale anunciou, ontem, a antecipa��o de pagamentos aos pequenos e m�dios fornecedores. Devem ser gastos cerca de R$ 160 milh�es.

Import�ncia


Ainda de acordo com o diretor-presidente do IBRAM, manter parte das turbinas da minera��o aquecidas � fundamental, inclusive, para ajudar o Brasil a lidar com os efeitos do coronav�rus. “H� uma s�rie de outras ind�strias dependentes da minera��o. O tratamento de �gua precisa do sulfato de alum�nio, a agricultura precisa dos fertilizantes e as ind�strias sider�rgicas necessitam do ferro para manter os fornos funcionando”, finaliza Fl�vio Penido. 


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